A boa média de chuvas no Ceará durante o mês de março fez com que o nível do açude Castanhão, maior reservatório de água do Estado, atingisse o maior volume em quase sete anos, neste dia 1º de abril.
Atualmente, segundo os dados do Portal Hidrológico do Ceará, da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o reservatório encontra-se com 16,25% de seu volume total ocupado. A última vez em que esteve tão cheio foi em 4 de setembro de 2015, quando registrou 16,28% de reserva hídrica.
O Castanhão está localizado na região hidrográfica do Médio Jaguaribe, onde as chuvas de março ficaram 4,3% acima da média histórica. Neste ano, na região, foram observados 206.7 milímetros (mm) de chuva, superando os 198.1 mm esperados para o período.
De acordo com os dados da Cogerh, em apenas um mês, o açude Castanhão quase dobrou o seu volume armazenado, indo de 8,35% para 16,25%, em um comparativo entre os os dias 1º de março e 1º de abril de 2022.
Mesmo com o aporte recebido durante o mês de março, o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, explica que o acumulado mensal foi positivo, mas que o açude ainda está distante do ideal.
"Foi um aporte mais representativo, mas, obviamente, o Castanhão com 16% ainda não traz a garantia para o abastecimento de todos os seus usos, sobretudo do seu maior usuário, que é a agricultura irrigada", relata.
Por outro lado, o secretário afirma que os aportes recebidos no Castanhão, no Orós e nos demais açudes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), garantem uma melhora no abastecimento da Capital e de suas adjacências.
"Temos, sim, água garantida para todo este ano e esperamos, ainda com chuvas que poderão ocorrer no mês de abril e de maio, ter uma garantia ainda maior, não só para este ano, mas para todo o próximo, para ter uma melhora do suprimento hídrico de Fortaleza", destaca Teixeira.
Entre setembro de 2015 e a data atual, o reservatório enfrentou uma severa crise hídrica. Em 22 de fevereiro de 2018, o Castanhão chegou a registrar apenas 2,08% de sua capacidade, o que é considerado como "volume morto", termo utilizado para definir os açudes que têm água, mas não em nível suficiente para que haja retirada para abastecimento.
De acordo com a última resenha diária da Cogerh, referente ao dia 31 de março de 2022, 20 dos 155 açudes monitorados no Ceará estão sangrando. Outros quatro estão com 90% de sua capacidade. Mesmo com a boa média de chuvas do mês de março, alguns reservatórios ainda sofrem com a escassez. No Estado, 15 deles encontram-se com o volume morto e outros nove estão secos.
A região hidrográfica de Banabuiú é a que possui a menor reserva hídrica do Estado, com apenas 7,2% de água armazenada. Em março, as chuvas na região ficaram 18,2% acima do esperado, mas não foram suficientes para alterar o cenário dos reservatórios da região.
Em uma análise estadual mais ampla, de acordo com a resenha diária da Cogerh, entre os dias 1º e 31 de março, o volume de água armazenado no Ceará foi de 3,94 bilhões de m³ para 5,35. O acumulado no mês de março foi de 7,5%, elevando a quantidade de água nos reservatórios cearenses para 28,8%.
Na avaliação do secretário Francisco Teixeira, o Sertão Central ainda é a região que mais preocupa. Reservatórios como o Banabuiú, o Pedra Branca e o Fogareiro ainda não receberam um aporte significativo em 2022. Apesar dos problemas de aporte, Teixeira afirma que a situação do Estado está sob controle.