Fortaleza e outros dois municípios da Região Metropolitana - Maracanaú e São Gonçalo do Amarante - chegaram à marca de 40 dias consecutivos de chuva, de acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). No caso da Capital, é a segunda maior sequência da série histórica, ainda atrás de 2003, quando a Cidade registrou 51 dias consecutivos de precipitação, entre 23 de fevereiro e 14 de abril desse ano.
Ontem, Fortaleza registrou 22,2 milímetros (mm) de chuva e chegou ao 40º dia consecutivo com índices de chuva, ainda que dois registros de março tenham ficado abaixo de 1 mm.
Já São Gonçalo do Amarante e Maracanaú contabilizam 42 e 41 dias de chuva, respectivamente. Conforme a Funceme, o motivo das chuvas constantes nesse municípios é principalmente pela atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é o sistema meteorológico indutor de precipitações nesta época do ano. No restante do Estado, Viçosa do Ceará e Maranguape, ambos registram 37 dias consecutivos de chuva, além de Granja, no Litoral Norte, com 36 registros consecutivos de precipitações, ainda de acordo com a Funceme.
A macrorregião do Litoral de Fortaleza, que inclui 13 municípios, apresenta o melhor resultado de todo o Estado em relação à média histórica para os meses de fevereiro a abril, com índice 9% superior à normalidade apontada pela Funceme. Outras três macrorregiões também se enquadram no intervalo definido pelo órgão estadual como "em torno da média": Cariri, Litoral de Pecem, Maciço de Baturité. O Sertão Central e Inhamuns, conhecido historicamente como uma das regiões mais secas do Estado, apresenta o pior índice, quase 31% abaixo do considerado normal para os três meses.
Em relação a todo o território cearense, os índices de chuva estão 20% abaixo do considerado normal para o intervalo entre fevereiro e abril, embora restem quase 20 dias para o fim do mês. Já no bimestre de fevereiro e março, as chuvas ficaram dentro da média histórica, um pouco acima da normalidade, segundo estabelece a Funceme.
Nos últimos cinco anos, somente 2021 registrou índice de chuva abaixo da média histórica entre fevereiro e abril, enquanto 2020 foi o único que superou o valor definido pelo órgão estadual.
Com as chuvas contínuas em vários municípios do Estado, o Ceará vem recebendo aportes significativos em alguns de seus principais reservatórios. Maior reservatório do Ceará, o Castanhão está com 17,63% da sua capacidade total, registrando o maior volume desde agosto de 2015 e o maior índice de aporte deste ano, de acordo com dados do Portal Hidrológico, plataforma gerenciada pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh).
Na sequência, o açude de Orós, localizado no centro-sul cearense, também tem apresentado índices expressivos, passando de 22% para 42% de sua capacidade entre o início deste ano e ontem.
Contudo, o reservatório de Banabuiú — principal para o abastecimento do Sertão Central — apresentou pequena variação desde o começo do ano, com volume variando menos de 0,1% e estacionando por volta de 8% da capacidade total. No total, dos 155 reservatórios monitorados pela Cogerh, o volume hídrico do Ceará está em 31,9% da capacidade total, com 25 açudes sangrando e 59% com volume inferior a 30%. Desses, nove estão secos e 14 estão com volume morto (abaixo de 5% da capacidade total). As informações foram divulgadas na resenha diária da Companhia desta segunda-feira.
Choveu em 109 municípios cearenses entre às 7 horas de ontem e o mesmo horário do domingo. Nos próximos dois dias, deve haver chuvas em todas as macrorregiões. Hoje, espera-se chuvas isoladas em todo o noroeste e sul do Ceará, podendo estas ocorrerem ao longo do dia. Já para a quarta, 13, as precipitações deverão ser mais abrangentes em todas as macrorregiões. A Funceme aponta que as chuvas esperadas ocorrerão em virtude de áreas de instabilidade oriundas do oceano Atlântico, devido a proximidade da ZCIT, bem como em razão de efeitos locais, como temperatura, relevo e umidade.