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Ceará é o estado com maior incidência de chikungunya em 2022
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Ceará é o estado com maior incidência de chikungunya em 2022

Fortaleza lidera o número de casos entre os município brasileiros, conforme boletim do Ministério da Saúde
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2: Avenida Engenheiro Heitor de Oliveira Albuquerque. Agua parada no Bairro Jardim das Oliveira. o Bairro Jardim das Oliveiras foi o que mais teve casos de chikungunya em Fortaleza em 2022. (Foto: Aurélio Alves/ O POVO)
Foto: Aurélio Alves/ O POVO 2: Avenida Engenheiro Heitor de Oliveira Albuquerque. Agua parada no Bairro Jardim das Oliveira. o Bairro Jardim das Oliveiras foi o que mais teve casos de chikungunya em Fortaleza em 2022.

Neste ano, há um aumento de casos de chikungunya em todo o Brasil — assim como das demais arboviroses, como dengue e zika. A situação mais preocupante é no Ceará, onde o número de casos chega a 27.323 casos: 295 por cem mil habitantes. Os dados são do mais recente boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. 

Dos cinco municípios com mais casos, quatro são cearenses. Fortaleza lidera a lista, com 5.979 notificações. A Capital é seguida de Juazeiro do Norte (4.296); Salgueiro (2.979), em Pernambuco; Crato (2.848); e Barbalha (2.421). 

Considerando a taxa de incidência, que leva em conta a população local, a capital cearense registra 221,2 casos notificados, índice menor que os demais. 

Até o momento foram confirmados 18 óbitos pela doença no Brasil: Ceará (13), Paraíba (1), Maranhão (1), Pernambuco (1), Alagoas (1) e Mato Grosso do Sul (1). Até a última semana de maio, o país registrou 98 mil casos de chikungunya. Um aumento de mais de 91% na comparação com o ano passado.

Segundo Nélio Morais, coordenador de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, com a pandemia, houve uma desmobilização com relação à prevenção de outras doenças. Além disso, "ainda há uma população suscetível que não adquiriu chikungunya". De acordo com Nélio, apesar de não ser uma epidemia, "teve um avanço muito grande, sinal de alerta já foi tocado". 

Conforme a Secretaria da Saúde de Juazeiro do Norte, até o ontem, foram confirmados 108 casos de dengue e 3.170 casos de Chikungunya no município. A pasta municipal diz que realiza ações de combate ao vetor Aedes Aegypti através do Núcleo de Endemias, como a identificação e eliminação dos focos pelos Agentes de Endemias, identificação de áreas de risco para presença do vetor, pulverização através do Carro Fumacê em todos os bairros, além de mutirões de educação em saúde. 

Para garantir atendimento, o município implantou um ambulatório específico para as arboviroses em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). 

Arboviroses

Conforme a Secretarial Estadual da Saúde do Ceará informou, por meio de nota, o aumento de casos da arbovirose observado este ano, "se dá em virtude da dispersão desse vírus no Estado, contingente de pessoas suscetíveis a este arbovírus e a presença de vetor nos 184 municípios". 

Até a Semana Epidemiológica (SE) 20, foram notificados 68.566 casos suspeitos de arboviroses. A pasta detalha que 55,7% (38.224) foram de dengue e 43,1% (29.577) foram de chikungunya. Dessa forma, há um incremento de 392,2% no número de casos notificados em relação ao mesmo período de 2021 (13.930). Na nota, a secretaria destaca que, até o momento, o número de casos descartados, 32,6% (22.383), em relação aos confirmados, 25,5% (17.533).

A chikungunya concentra os maiores registros de casos confirmados em relação às notificações, com 35,7% (10.569/29.577). A confirmações de dengue correspondem a 18,2%% (6.956/38.224). Já a Zika tem oito casos confirmados. "Houve a confirmação de 15 óbitos, destes, 73,3%(11/15) são de chikungunya e os demais são de dengue", informa a Sesa.

A incidência acumulada dos casos notificados de arboviroses é considerada alta pela secretaria do Estado. São 750,8 casos por 100 mil habitantes. "Destacam-se 40 municípios com incidência acumulada classificada como muito alta", alerta. A lista nominal dos municípios não foi detalhada. 

A Sesa explicou ainda que Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) "passou por instabilidade por quase duas semanas", o que prejudicou a atualização de dados. 

Prevenção 

Questionada sobre as ações de combate à infecção, a pasta respondeu que "fica a cargo do monitoramento dos casos de arboviroses junto aos municípios, com publicações regulares de notas técnicas, informes e boletins epidemiológicos, bem como a liberação de larvicidas e inseticidas".

"Quando um município apresenta registros crescentes de incidência (trezentos casos por cem mil habitantes é a incidência considerada alta), a Pasta emite uma nota alerta recomendando a execução do Plano de Contingência Municipal, documento que cada instância possui para estas situações, além da disponibilização do carro UBV (fumacê) para combate à forma adulta do mosquito Aedes Aegypti", acrescenta, sobre as ações.

Neste ano, o carro UBV já atendeu 22 municípios, alguns deles com dois ou mais ciclos de pulverização: 

  • Cariri: Barbalha, Juazeiro do Norte, Penaforte, Mauriti, Jati, Brejo Santo, Missão Velha, Farias Brito, Jardim, Caririaçu, Assaré, Abaiara, Granjeiro.
  • Sertão Central: Pedra Branca, Boa Viagem e Canindé.
  • Fortaleza: Fortaleza, Aratuba, Mulungu, Pacoti, Pindoretama, Palmácia, Guaramiranga, Itapipoca, Tururu, Maracanaú.
  • Norte: Ipu, Croatá.
  • Litoral Leste: Icapuí.

A pasta afirma que também "são realizadas campanhas educativas e de conscientização nos canais oficiais da Sesa, com a disponibilização dessas mídias aos municípios para que os conteúdos sejam replicados em seus territórios". (Com Agência Brasil)

Bairros

Os bairros com a maior quantidade de casos de chikungunya em Fortaleza são: Prefeito José Walter: 189; e

Jardim das Oliveiras: 149.

Surto começou nas Regionais VI e II

De acordo com o coordenador de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Nélio Morais, o surto de chikungunya de 2022 em Fortaleza começou nos bairros da Regional VI e II, como Jardim das Oliveiras, Cidade dos Funcionários e Sapiranga. No entanto, a partir do fim de março, um novo surto começou a ser registrado na Regional V, em bairros como Prefeito José Walter, Mondubim e Planalto Ayrton Senna.

"Esse surto hoje já tem mais casos do que o da Regional VI. E por isso nós estamos, desde janeiro, fazendo inúmeras intervenções especiais nessas áreas", afirma. Fortaleza tem 4.923 casos e registrou um óbito por chikungunya neste ano, o que acende um alerta para o coordenador. "Isso é um alerta sobretudo para a população da terceira idade." O número de registros já é 80 vezes maior do que o de 2021 no mesmo período.

Segundo Nélio, a impossibilidade de realizar visitas domiciliares durante a pandemia e a desmobilização de ações para combater as arboviroses durante 2020 e 2021 são fatores que influenciam na quantidade de casos registrados na Capital. Nélio não descarta a possibilidade de uma epidemia de chikungunya em Fortaleza, já que o mês de junho é considerado decisivo para intensificar as ações de combate às arboviroses e chegar a uma estabilidade de casos em julho.

Além de ter uma fase aguda complicada, com sintomas como febre, fadiga, náusea, vômito e dores no corpo, a chikungunya pode fazer com que os pacientes fiquem com dores nas articulações por um longo período de tempo após a doença. Nélio orienta que essas pessoas busquem as policlínicas e hospitais de Fortaleza para uma consulta com especialistas, como um reumatologista, e ter acesso a exames. (Alexia Vieira)

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