A governadora Izolda Cela anunciou que o Governo do Ceará vai ampliar para todas as pessoas a recomendação de uso de máscaras em ambientes fechados, especialmente os escolares, e em locais abertos com aglomeração no Estado. Em transmissão ao vivo nas redes sociais na tarde desta sexta-feira, 10, a chefe do Executivo disse que o item de proteção individual segue obrigatório apenas em transportes públicos e ambientes hospitalares.

A decisão veio após reunião do Comitê Estadual de Enfretamento à Pandemia do Coronavírus e vem como resposta ao aumento de positividade de testes de Covid-19 no Estado. Atualmente, a recomendação de uso de máscara era restrita a idosos e pessoas com comorbidades ligadas ao coronavírus.

Segundo Marcos Gadelha, secretário da Saúde do Estado, há um "aumento significativo" da taxa de positividade. No dia 22 de maio, o índice era de 3,8%. Taxa passou para 4,4% no dia 29 de maio. Uma semana depois, a positividade dobrou, passando para 10,7% no dia 5 de junho.

Mas ele pondera que o aumento do indicador não tem se refletido em crescimento no número de casos graves, internações e óbitos. "Por que? A gente tem uma boa cobertura vacinal. Tanto da dose de reforço, quanto da primeira e da segunda. O Estado tem avançado e a a gente precisa avançar mais ainda", diz. 

A governadora reforçou ainda a necessidade de reforço de vacinação para a população. Atualmente, o Estado está ofertando a quarta dose da vacinação para pessoas acima de 50 anos e que receberam a D3 há pelo menos quatro meses.

Izolda frisa que a cobertura de esquema primário (primeira e segunda doses) é de de 90,4%, considerada "muito boa". "Mas a nossa cobertura com relação à dose de reforço está ainda em 65,1%. É importante mas não é suficiente para termos aquela condição bem mais segura de barreira imunológica", acrescenta.

Estado também deve ampliar as ações de imunização para tentar atingir maior índice de terceira dose. "Vamos intensificar, já a partir da próxima segunda-feira, as ações de vacinação em todo o estado", afirmou a governadora. Mais de 20,5 milhões de doses foram aplicadas no Ceará. 

Na ocasião, ela frisou que a recomendação foi tomada por "prudência". "A pandemia não acabou. Ainda é uma realidade. Precisamos sempre ter prudência", destacou.

O uso de máscaras em ambientes fechados deixou de ser obrigatório no Ceará em abril deste ano, após estabilização dos números de casos e mortes por Covid.

Para o epidemiologista Luciano Pamplona, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), a medida é "pertinente" para o momento atual da Covid-19 no Ceará. "Nada ainda que cause pânico, longe disse", observou, sobre o aumento da positividade.

"Mas esse aumento já trás a necessidade das pessoas lembrarem que a máscara é uma grande medida de proteção individual. E que se for usada por um maior número de pessoas acaba funcionando como uma barreira, como uma medida de saúde coletiva", analisa.

Segundo o biólogo epidemiologista, a medida pode ser tornada obrigatória a depender da resposta da população. "Se, nesse momento, houver uma boa adesão à recomendação, em dúvida nenhuma a gente segura essa onda por um tempo maio", diz.

Na perspectiva do professor, a maior probabilidade é que não haja uma "grande onde de casos graves" principalmente  em virtude da cobertura vacinal atingida pelo Estado. Patamar que, segundo ele, seria suficiente para não passar por um grande pico de transmissão. (Colaborou André Bloc)