Mais de um mês após o desabamento da estátua de Iracema Guardiã, frequentados da orla de Fortaleza estranham a ausência do monumento e perguntam quando a obra retornará ao pedestal. No local, não há placa informativa sobre o destino dado à escultura considerada símbolo da Beira Mar. Sem informações, sobram dúvidas nos visitantes que procuram o espaço para fazer fotos e registrar o passeio pela Capital cearense.
O encarregado de produção Leandro Borges, 44, de Aracaju (SE), foi um dos que estranharam a ausência da estátua. "Não sabia que tinha acontecido isso [queda da estátua]. Para mim, foi uma grande surpresa. Ficou um vazio, como se tivesse faltando algo muito importante aqui", conta. O turista havia visitado a estátua em 2019, em sua primeira visita à Cidade. "Antes só conhecia [a estátua] por fotos. Me chamou muita a atenção pela beleza", acrescenta. Agora, no segundo passeio, ele planejava repetir a contemplação ao monumento, mas teve as expectativas frustradas.
De acordo com o vendedor ambulante Thiago Silva, 37, que comercializa bebidas geladas no entorno do largo onde a estátua estava fixada, a falta do monumento é sentida principalmente por quem vem de fora. "Já vi muitos turistas vindo aqui perguntando: ‘cadê a estátua? o que aconteceu?’. Como não tem nenhum aviso dizendo se vai demorar muito tempo ou não para trazer de volta [a estátua], eles [os turistas] ficam muito confusos, perguntam muito", afirma.
Ainda segundo o comerciante, desde que a estátua deixou o local, a movimentação de pessoas no local teve uma "drástica" redução. "Quando ela estava aí, muita gente vinha tirar fotos, às vezes famílias inteiras, e isso ajudava com as minhas vendas", lamenta Thiago, acrescentando que a estátua era "parada obrigatória" para os turistas interessados em conhecer a orla da Capital cearense.
Mas não é somente os visitantes que se questionam sobre a ausência do monumento. A coordenadora de marketing Vanessa Nascimento, 35, moradora do Meireles, diz não reconhecer mais o espaço que costuma frequentar há oito anos. "Tá feio. A estátua era uma beleza a mais na orla, atraia os turistas. Muita gente de fora vinha aqui só para tirar fotos e agora não tem mais como fazer isso. Uma pena", lamenta.
A estudante Lara Letícia, 17, moradora da Praia de Iracema, compartilha da mesma opinião de Vanessa. "Perdeu a graça. Quem vinha para cá, era para ver a estátua. Justamente por isso se tornou um ponto de encontro importante. Pode observar que o movimento aqui caiu bastante, as pessoas estão deixando de vir porque não tem mais nada de interessante", ressalta a adolescente.
O POVO perguntou à Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) se já há previsão para o retorno da estátua de Iracema Gaudiã ao seu local de origem. Em nota, a pasta informou, sem citar datas, que o monumento está passando por reparos e em breve será reinstalado na base. A monumento tombou do pedestal no dia 3 de maio, após uma forte ventania.
De acordo com a Secultfor, "a escultura está acomodada em espaço adequado" e o processo de restauração é acompanhado pelo filho do artista plástico Zenon Barreto —criador da obra— Frederico Barreto. Paralelo a isso, a Secretaria de Gestão Regional (Seger) realiza reparos no largo onde fica o pedestal do monumento. As intervenções são feitas em corrimões, degraus, bancos e calçadas. Ao O POVO, a pasta alegou que ainda não há previsão para a conclusão do serviço.
Idealizada pelo artista plástico Zenon Barreto (1918-2002), a obra foi inaugurada em 1996, em comemoração aos 25 anos do bairro Praia de Iracema. A escultura é feita em fibra de vidro e tem dimensões de 0,80 cm x 3,70m x 1,85m (obra) e 2,35m x 2,00 x 3,65m (base).
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