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Operação mira seis PMs suspeitos de extorsão e tráfico de drogas
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Operação mira seis PMs suspeitos de extorsão e tráfico de drogas

|SEGURANÇA| Oitava fase da operação Gênesis identificou 15 fatos criminosos praticados por PMs. Em dois anos, operação cumpriu 30 mandados de prisão contra agentes de segurança
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OPERAÇÃO Gênesis foi deflagrada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Foto: divulgação/MPCE )
Foto: divulgação/MPCE OPERAÇÃO Gênesis foi deflagrada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas

A oitava fase da operação Gênesis, do Ministério Público Estadual (MPCE), foi deflagrada ontem e teve como alvo seis policiais militares acusados de formar uma organização criminosa destinada a crimes como extorsão, peculato, corrupção passiva e tráfico de drogas. Foram expedidos seis mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão. Até as 16h30min de ontem, quatro alvos haviam sido presos.

Entre os denunciados está o sargento Auricélio da Silva Araripe, apontado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, como chefe da organização criminosa. Ele já havia sido alvo de outras fases da Gênesis, além de ter sido condenado a 12 anos de prisão por extorsão mediante sequestro em 2017. Apesar disso, Auricélio havia obtido na Justiça o direito de responder em liberdade. Até o fechamento desta matéria, o sargento era procurado. Ele foi expulso da PM em 2020, mas recorreu da decisão. O POVO buscou contato com o advogado de Auricélio, mas foi informado que ele não tem autorização para comentar a acusação.

Na denúncia que embasou a operação, há a descrição de 15 fatos criminosos, ocorridos entre março e agosto de 2017. Conforme explica o promotor Adriano Saraiva, do Gaeco, os PMs atuavam em duas frentes. Em uma, eles acobertariam traficantes, informando, entre outros, sobre batidas policiais. Saraiva conta que até mesmo uma mesada era paga pelos criminosos aos PMs. Em uma segunda frente, os PMs ainda extorquiam pessoas com mandado de prisão em aberto ou que detinham algum tipo de ilícito, como drogas e armas. As abordagens eram feitas utilizando-se do aparato policial, a exemplo de viaturas, assim como de informantes, que também foram alvos da operação. Apreendidos, os ilícitos ainda eram revendidos para outros criminosos.

Para o promotor Adriano Saraiva, a operação Gênesis "tem uma importância muito significativa para a sociedade". "As pessoas nessas comunidades ficam reféns desses policiais corruptos e também dos traficantes", afirma. "A retirada desse pessoal de circulação liberta essas pessoas".

Desde setembro de 2020, quando foi deflagrada a primeira fase da Gênesis, 99 mandados de prisão foram expedidos. Desses, 39 mandados tiveram como alvos policiais militares, policiais civis, ex-PMs ou policiais civis aposentados.

 

Crimes que os PMs são acusados

Entre os casos flagrados na operação está o de uma mulher que teria sido surpreendida pelo sargento Auricélio na posse de entorpecentes que seriam enviados a um presídio. "O policial, então, recolheu a droga e exigiu o valor de R$2.000,00 para a liberação de TAÍS", diz a denúncia. A acusação prossegue afirmando que o PM ligou, em seguida, para comparsas afirmando ter 163 gramas de cocaína e pedra e 50 gramas de maconha. Conforme a denúncia, Auricélio chegou a oferecer a droga por R$ 2.500 a um traficante.

Outra acusação de extorsão contra Auricélio envolve também Paulo Rogério. Conforme o MPCE, os PMs detiveram um homem e exigiram dele R$ 4 mil. A vítima não tinha o dinheiro, mas disse que "buscaria", ou seja, roubaria, conforme o MP, duas Hilux. "Como se vê, após a vítima afirmar claramente que sairá naquela mesma noite para roubar, os policiais, ainda assim, optam por deixá-la livre".

Outro episódio envolveu o denunciado Edvaldo. Foi captada uma conversa em que ele aparece dizendo que liberou um homem que trabalhava para um vereador. O PM teria lamentado só ter conseguido R$ 200 do abordado.

A denúncia ainda mostra uma conversa em que Tony Cleber e Vinícius André dizem a Auricélio que perseguiam um suspeito de assalto a um ônibus, quando um colega atirou nas costas do homem. Ao se aproximarem, os PMs constataram que ele não estava armado. Tony diz ter pensado em plantar um simulacro de arma de fogo para justificar, o que Auricélio concorda. "Revelando toda a sua periculosidade, AURICÉLIO chega a exemplificar esse seu ponto de vista relatando a TONY que já ocorreu algo parecido com ele (AURICÉLIO), mas que, no caso, o atingido faleceu e que 'morto não fala'. AURICÉLIO diz que 'ameaçou a família toda do cara que morreu'".

Quem são os denunciados

Policiais Militres

Auricélio da Silva Araripe - 1ª sargento

Tony Cleber Pereira de Souza - 2º sargento

Vinícius André de Sousa - soldado

Edvaldo da Silva Cavalcante - 1º sargento

Paulo Rogério Bezerra do Nascimento - 2º sargento

Antônio Marciano Mota dos Santos - 2º tenente

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