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Ceará confirma cerca de 100 novos casos de monkeypox em menos de uma semana
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Ceará confirma cerca de 100 novos casos de monkeypox em menos de uma semana

Estado soma 247 casos confirmados de monkeypox, conforme atualização do painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde dessa terça-feira, 20
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Municípios com casos de monkeypox (Foto: Luciana Pimenta)
Foto: Luciana Pimenta Municípios com casos de monkeypox

Nos últimos dias, o Ceará tem registrado aumento significativo de casos confirmados de monkeypox. São 247 pacientes com a doença, conforme o painel de monitoramento do IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Na última sexta-feira, 16, eram 146 casos. Foram cerca de 100 novos casos em uma semana. A pasta informa que "o aumento de casos se refere ao acúmulo de dados desde o dia 15". 

A epidemiologista Lígia Kerr, professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Coletiva (Abrasco), alerta para a importância do isolamento de casos suspeitos, bem como do diagnóstico precoce.

"É importante que as pessoas que tenham qualquer suspeita se isolem e procurem assistência médica. O isolamento é importante. Nesse momento, é preciso tomar mais cuidados", diz. Kerr avalia que o número grande de novos casos "pode representar que os pacientes estivessem circulando, não procuraram o atendimento a tempo ou não tinha sido confirmado ainda".

Ela frisa também que "muitos casos estão tendo aparência distinta do que costumava a aparentar". "Os médicos precisam estar atentos a isso. Normalmente, apareciam lesões pelo corpo todo. Hoje, você pode ter uma lesão na mão, no pé, na região sexual", detalha.  

É possível observar aumento de casos em perfis diferentes do registro inicialmente (homens jovens), como mulheres e crianças. São 34 pacientes do sexo feminino, perfazendo 13,7% do total. Sete casos são em crianças de zero a nove anos. Dois pacientes têm mais de 60 anos. 

A maior parcela de casos é entre 30 e 39 anos, com 93 casos (85 homens e oito mulheres). Esse grupo representa 37,6% dos casos totais. A segunda faixa etária com maior número de casos é dos 20 aos 29 anos, que soma 80 casos (70 homens e 10 mulheres).

A epidemiologista afirma a mudança no perfil de casos era algo bastante esperado. "A gente sabia que o perfil iria mudar porque, embora esteja sendo muito transmitida sexualmente, ela não é tradicionalmente reconhecida assim. É por contato pele a pele, contato físico, abraço. Não é considerada uma infecção sexualmente transmissível", acrescenta.

Veja casos por faixa etária e sexo

Ao todo, já são 1.063 notificações de casos suspeitos de monkeypox no Estado. Desse total, 514 já foram descartados após resultado laboratorial negativo e outros 280 ainda estão sob investigação. Conforme o painel, em quatro notificações os casos foram excluídos pois a "notificação não atende às definições de caso suspeito".

Outras 18 situações foram classificadas como "perda de seguimento". Esses são casos que atendem à definição de caso suspeito e aos seguintes critérios: não tenha registro de vínculo epidemiológico; não realizou coleta de exame laboratorial ou realizou coleta de exame laboratorial, mas a amostra foi inviável ou teve resultado inconclusivo; e não tem oportunidade de nova coleta de amostra laboratorial (30 dias após o início da apresentação de sinais e sintomas).

A maioria dos casos se concentra em Fortaleza, que tem 189 confirmações — 76,5% do total do Ceará. Além da Capital, outros 25 municípios também registram casos. Os maiores números de casos são em Maracanaú (8), Caucaia (5), Eusébio (5) e Itaitinga (4). Dois casos são de pacientes que residem em outros Estados: um do Piauí e um da Bahia. 

ANS inclui exame para diagnóstico na cobertura dos planos de saúde

O teste para diagnóstico da monkeypox foi incluído pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no rol de procedimentos que devem ter cobertura garantida por planos de saúde privados. A medida consta em uma nova resolução normativa aprovada na segunda-feira passada (19).

Conhecida internacionalmente como monkeypox, a varíola dos macacos é endêmica em regiões da África e se tornou uma preocupação sanitária devido a sua disseminação por diversos países desde maio. No Brasil, já são 7.019 casos e duas mortes, segundo dados divulgados nesta terça-feira,20, pelo Ministério da Saúde.

Conforme a resolução normativa, os planos deverão cobrir os testes dos beneficiários que apresentarem indicação médica. O exame é realizado a partir de amostras de fluidos coletados diretamente de lesões que se manifestam na pele, usando um swab [cotonete estéril] seco. As análises permitem detectar a presença do vírus que causa a doença.

Segundo nota divulgada pela ANS, a incorporação do teste faz parte do processo dinâmico de revisão do rol, que já foi modificado 12 vezes em 2022, garantindo a cobertura obrigatória de 11 procedimentos e 20 medicamentos.

No ano passado, foram aprovadas alterações no processo de atualização. Até então, a lista era renovada a cada 2 anos. Com a mudança, as propostas passaram a ser analisadas de forma contínua pela área técnica da ANS, que avalia critérios variados como os benefícios clínicos comprovados, o alinhamento às políticas nacionais de saúde e a relação entre custo e efetividade.

"A inclusão do exame complementar na lista de coberturas obrigatórias foi feita de forma extraordinária, diante do cenário da doença que, atualmente, põe o Brasil entre os seis países com o maior número de casos confirmados em todo o mundo", registra a nota divulgada pela ANS.

Há duas cepas conhecidas da doença. Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, é endêmica na região da Bacia do Congo. A outra, que tem uma taxa de letalidade de 1% a 3%, é endêmica na África Ocidental e é a que tem sido detectada em outros países nesse surto atual. Ela produz geralmente quadros clínicos leves e é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, assim como ocorre por outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada no Brasil em 1980 após campanhas massivas de vacinação. (Da Agência Brasil)

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