Os fortes ventos, que são característicos do segundo semestre no Ceará, têm contribuído para incidência de falhas na rede de distribuição de energia elétrica, segundo a Enel Distribuição Ceará. Isso por causa de quedas de arvores após rajadas de vento.
Conforme levantamento feito pela Enel Distribuição Ceará, somente entre os meses de janeiro e agosto de 2022, cerca de 203 mil clientes (unidades consumidoras) relataram problemas relacionados aos ventos fortes. Com a temporada de ventos perdurando até outubro, a tendência é que ainda mais situações semelhantes sejam registradas.
Em todo o Ceará, foram contabilizadas 2.910 ocorrências envolvendo esses fenômenos naturais. A estimativa é que mais de 600 mil pessoas tenham ficado sem energia, pois a média é de cerca de três pessoas por unidade consumidora.
De acordo com Marcelo Puertas, responsável de Operação e Manutenção da Enel Ceará, grande parte das ocorrências registradas são causadas pela arborização nas proximidades das instalações elétricas.
“Essas árvores acabam tocando na rede elétrica, e isso gera um curto elétrico. A gente realiza, em média, 500 mil podas por ano. Em algumas árvores, a gente não consegue realizar esse trabalho e acabam tocando na rede”, explica o diretor. Ele ainda detalha que além dos ventos, as chuvas e os raios também geram transtornos no fornecimento de energia.
Segundo a gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto, nesta época do ano, o Ceará fica no meio do caminho entre a alta pressão do Atlântico Sul e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Isso faz com que os ventos alísios de sudeste fiquem mais intensos e constantes.
“Nas áreas do litoral cearense, a velocidade média do vento nesse período pode ultrapassar 30 quilômetros por hora. Mas as rajadas de vento ultrapassam facilmente 50 60 quilômetros por hora", aponta a meteorologista.
Com a força das correntes, a queda de árvores também é uma preocupação. “A gente leva bastante tempo pra fazer esse restabelecimento. Precisa fazer a substituição dos cabos, a substituição dos equipamentos e até a substituição de um poste (em caso de dano maior). Isso é uma atividade complexa, que leva um determinado tempo. Isso gera algum desconforto, uma demora a mais pro cliente”, pontua Marcelo Puertas.
O diretor de Operação e Manutenção explica que a distribuidora vem estudando maneiras de minimizar esse impacto. Ele explica que, em média, 500 mil podas de árvores são realizadas por ano. Além disso, estratégias preventivas de situações climáticas mais agressivas também são realizadas pela empresa.
Segundo o diretor, a companhia de energia possui parceria com um instituto meteorológico. Dessa forma, conseguem prever situações climáticas com 24 horas de antecedência.
Além disso, também dispõe de telecontroles, que conseguem identificar blocos de carga sem energia. Dessa forma, mesmo a distância, “conseguem restabelecer e isolar o defeito automaticamente. Às vezes, o cliente nem nota”, afirma Marcelo Puertas.
O diretor da Enel ainda comenta sobre os riscos de queima de aparelhos eletrônicos devido às quedas e oscilações de energia. “A gente sempre recomenda que, quando o cliente perceber uma chuva com temporais, que desconectem os aparelhos da tomada. Porque é quando há uma incidência maior de raios, e você pode ter uma circulação de tensão ou de corrente na rede, o que pode gerar queimas desses aparelhos”, comenta.
Ele explica, no entanto, que os clientes prejudicados devido a falhas elétricas podem ser indenizados. “Nós temos no nosso site o canal pra esse tipo de situação. Lá tem toda a orientação que o cliente deve seguir para que a gente faça toda uma análise de investigação do que de fato aconteceu", esclarece Marcelo Puertas.
"Chegando à conclusão de que foi o problema da rede elétrica, foi um problema causado pela distribuidora, a gente faz, sim, esse ressarcimento ao cliente”, continua. Segundo o representante da companhia de energia, esse ressarcimento pode ocorrer no prazo de 20 dias.
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