A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) prepara a mostra “Rádio em Movimento”, que distribuiu 81 aparelhos modelo capelinha, um dos mais populares da década de 1940, personalizados por três artistas de cada estado brasileiro e do Distrito Federal. A mostra é uma celebração ao centenário do rádio no Brasil,
No Ceará, os artistas Espedito Seleiro, Silvio Rabelo e Hermínio Castelo Branco desenvolveram produções especiais para participarem da exposição do 29º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, que ocorrerá nos dias 16 e 17 de novembro deste ano, em Brasília.
Silvio Rabelo, de 62 anos, conhecido por seus trabalhos em marchetaria, conta que o convite para personalizar a réplica do rádio capelinha veio como uma surpresa. “Eu não imaginava que seria escolhido, pois existem tantos artistas aqui em Fortaleza. Foi muito gratificante”, afirma.
Na produção, Silvio optou por preservar a frente do aparelho radiofônico, para manter as características originais, mas se inspirou em elementos da fé católica para representar a religiosidade na obra, bem como nos aspectos nordestinos.
“Como o nome do rádio é capelinha, pensei nele como uma igreja e fiz São Francisco em um dos lados, até porque muitas pessoas escutam até hoje as missas pelo rádio. Já na outra lateral, fiz os jangadeiros, em homenagem a outro grande artista cearense, Raimundo Cela, e representando o nosso cartão postal, as jangadas ao mar”, conta o artista.
Outro artista que também trouxe como inspiração a devoção ao catolicismo foi Hermínio Castelo Branco, o Mino, que retratou na peça a figura de Padre Cícero, importante figura da fé cearense.
Ele explica que as ideias vieram naturalmente, pois sua relação com o capelinha vem desde os anos dourados do rádio no Brasil, período que corresponde às décadas de 1930 a 1950, quando a radiodifusão teve seu apogeu no País.
“Quando recebi o radinho para pintar, me deu uma nostalgia. No meu tempo, assistíamos às novelas ainda pelo rádio. Era uma experiência muito interessante escutá-lo, pois não tínhamos imagens, então a gente usava da imaginação para criar as figuras e situações. Hoje, nós temos a televisão, mas algo que me chama a atenção e remete à Era de Ouro do rádio são os podcasts, é um sinal de que essa cultura radiofônica nunca irá morrer”, declarou Mino.
Conforme a Abert, os projetos de rádios capelinha de todos os estados do Brasil participaram de uma votação online no site da Associação, que foi encerrada em 25 de setembro. O modelo mais votado de cada estado será exibido no Museu Nacional de Brasília, nos dias 16 e 17 de novembro, durante a Mostra Rádio em Movimento, iniciativa que faz parte do 29º Congresso Brasileiro de Radiodifusão.
As datas da exposição coincidem com o aniversário de 60 anos da Abert, que tem, dentre outros objetivos, a missão de garantir a liberdade de expressão em todas as suas formas, bem como enfatizar os princípios adequados à radiodifusão brasileira, notadamente as suas expressões educativa, cultural, cívica, informativa e recreativa.
Com 64.287 votos apurados em todo o Brasil, a Associação divulgou as 27 das 81 obras selecionadas pelo público que serão expostas na ocasião. O rádio capelinha que representará o Ceará é de autoria do mestre Espedito Seleiro, reconhecido Brasil afora por suas produções em couro.
As demais réplicas especiais customizadas pelos artistas participantes serão leiloadas na exposição.
Com informações do repórter Levi Aguiar