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Em nove meses de 2022, internações de dependentes químicos já superam todo ano passado
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Em nove meses de 2022, internações de dependentes químicos já superam todo ano passado

Hospital de Saúde Mental registra, em média, 65 internações de dependentes químicos por mês. Uso de álcool, cocaína e outras substâncias psicotrópicas pode levar a transtornos mentais e comportamentais
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HOSPITAL de Saúde Mental atende pacientes em situação de urgência (Foto: Diogo Camelo/ Especial para O POVO))
Foto: Diogo Camelo/ Especial para O POVO) HOSPITAL de Saúde Mental atende pacientes em situação de urgência

De janeiro a setembro de 2022, 459 cearenses foram internados no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM) por transtornos por causa do uso de álcool e outras drogas. É uma média de 65 internações mensais, conforme dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A pasta explica que a porta de entrada para o atendimento de dependentes químicos é a Atenção Primária, cuja responsabilidade é dos municípios, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Na rede estadual, o Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM) possui uma unidade de desintoxicação que atende pacientes em situação de urgência.

Em nove meses de 2022, as internações já superam o total registrado durante todo o ano de 2021 – quando foram 451. Caso a média se mantenha em outubro, novembro e dezembro, os números deste ano podem superar as 532 internações de 2020.

Os dados separam as internações deste ano entre voluntárias, involuntárias e compulsórias. Os três tipos são previstos pela legislação brasileira: o voluntário se dá quando há a concordância do paciente; o involuntário, quando há discordância do paciente, mas concordância assinada por um terceiro; e o compulsório, quando determinado pela Justiça.

A maioria dos internamentos (243, o equivalente a 53%) é voluntária. Em seguida, estão os involuntários (188, ou 41%) e os compulsórios (28, ou 6%).

O HSM conta com 20 leitos para internação de dependentes químicos e o tratamento dura, em média, 12 dias. O tratamento inclui uso de medicamentos e psicoterapia a partir de equipe com psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.

O Estado também possui convênios com duas comunidades terapêuticas que acolhem pacientes com dependência química: Grão de Mostarda, no Eusébio, e Fazenda da Esperança São Bento, em Sobral.

Somando as internações, ambas as unidades acolheram 192 dependentes químicos entre janeiro e agosto de 2022.

Caminhos para tratamento em Fortaleza

Transtornos mentais e comportamentais causados pelo uso de álcool e outras drogas podem causar diversas complicações para a saúde e para a vida social dos dependentes químicos. Para quem busca tratamento, clínicas particulares nem sempre são uma opção. Em Fortaleza, existem caminhos na rede de saúde municipal e estadual.

Fortaleza dispõe de sete Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD), que atendem adultos com sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. A Capital conta ainda com dois Caps Infantis, que recebem crianças e adolescentes de até 17 anos, 11 meses e 29 dias em sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas.

Os Caps AD das Regionais I e II possuem oito leitos de observação cada, que acolhem os usuários por até 14 dias.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) explica que “o serviço do Caps AD é porta aberta e a inserção do usuário é voluntária, no qual o usuário pode procurar diretamente, ou ser encaminhado por um dos 116 postos de saúde da Capital”.

Nos Centros é feita uma avaliação inicial por uma equipe multiprofissional e, conforme a necessidade do usuário, é feito o encaminhamento aos serviços de cada unidade, que podem envolver: clínica médica e psiquiátrica, assistência farmacêutica, enfermagem, psicoterapia, terapia ocupacional, massoterapia, fonoaudiologia e nutrição.

Os Caps AD desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupos ou oficinas terapêuticas. O acompanhamento dos usuários possibilita a participação, reinserção e construção de autonomia para o usuário, sem tempo determinado de encerramento.

De janeiro a agosto deste ano, os Caps AD realizaram 65.522 atendimentos, o que inclui consultas, orientações e oficinas. Já nos Caps Infantis foram realizados 46.686 atendimentos.

Fortaleza tem locais de acolhimento para pacientes com dependência química
Fortaleza tem locais de acolhimento para pacientes com dependência química

Fortaleza tem 64 leitos em Unidades de Acolhimento

 

A partir dos Centros de Atenção Psicossocial ( Caps ), os pacientes podem ser encaminhados para uma das cinco Unidades de Acolhimento (UAs) de Fortaleza que ofertam vagas de caráter residencial transitório para crianças, adolescentes e adultos de ambos os sexos. Ao todo, existem 64 leitos nas UAs.

O encaminhamento para estes equipamentos ocorre via Caps AD, de acordo com o perfil e a necessidade do indivíduo, que precisa de acompanhamento terapêutico e proteção temporária.

Nas UAs são ofertados cuidados contínuos de saúde, além do acolhimento com um tempo de permanência de até seis meses. O funcionamento se mantém 24 horas por dia, durante toda a semana. O acolhimento é voluntário, uma vez que internações compulsórias não são feitas nas UAs.

Ao concluir os seis meses, o usuário recebe alta e continua o tratamento no Caps AD do seu bairro, para que possa desenvolver a vida em comunidade.

Dependência química: hospitais em Fortaleza

A Prefeitura também dispõe de uma rede de apoio à internação de urgência e estabilização na Santa Casa de Misericórdia, com 12 leitos para desintoxicação, e na Sociedade de Assistência e Proteção à Infância de Fortaleza (Sopai), com 25 leitos infanto-juvenis.

No bairro Messejana, o Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM) oferece assistência aos dependentes químicos em termos de emergência. O usuário é avaliado por uma equipe multidisciplinar na unidade de desintoxicação, que pode encaminhá-lo para internação ou para acompanhamento no Caps AD ou em comunidades terapêuticas.


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