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Preso o CAC dono de arma usada em ataque à escola em Sobral
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Preso o CAC dono de arma usada em ataque à escola em Sobral

Contradições em depoimentos e informações falsas levaram a Polícia Civil de Sobral a prender o CAC Antonio Felipe de Sousa. Ele é proprietário da arma utilizada por um estudante para matar um aluno e ferir outros dois na escola Carmosina Ferreira Gomes
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JÚLIO César de Souza tinha 15 anos 
e foi morto na escola em Sobral (Foto: Reprodução / Redes sociais)
Foto: Reprodução / Redes sociais JÚLIO César de Souza tinha 15 anos e foi morto na escola em Sobral

 

O CAC Antônio Felipe de Sousa, 33 anos, foi preso temporariamente pela Polícia Civil de Sobral. Ele, que está cadastrado no Exército Brasileiro como colecionador, atirador desportista e caçador (CAC), é o dono do revólver utilizado para matar o estudante Júlio César de Sousa Alves, de 15 anos, e ferir outros dois alunos no interior da escola de Ensino Médio Professora Carmosina Ferreira Gomes. A morte e os ferimentos ocorreram no começo deste mês, 5/10, depois do ataque de fúria de um adolescente da mesma idade das vítimas.          

Ontem, na casa do prisioneiro, policiais da delegacia Regional de Sobral também fizeram busca e apreensão de computadores, telefones celulares e outros objetos pertencentes a Antônio Felipe.

Sem dar detalhes, a Polícia Civil informou que o CAC estava sendo investigado pelo Núcleo de Homicídios e Apoio à Pessoa (NHPP) de Sobral por comercializar ilegalmente arma de fogo. Os policiais não disseram, no entanto, qual fato novo teria motivado a detenção, ontem, já que o atirador desportista havia prestado depoimento horas depois da tragédia na escola. Ele foi chamado à delegacia e depois liberado. 

O POVO procurou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para tirar dúvidas sobre a prisão temporária do dono da arma. Em nota, a SSPDS informou que "NHPP representou pelo mandado de prisão temporária ao Poder Judiciário, após declarações controversas e inverossímeis concedidas por Antônio Felipe, enquanto o mesmo se encontrava na condição de testemunha no procedimento policial".

Desde o dia dos disparos feitos pelo adolescente, a Polícia Civil e o Ministério Público de Sobral tentam também desvendar qual o percurso feito pela arma de um CAC até chegar às mãos de um estudante do 1º ano do ensino médio de uma escola da rede estadual.         


Há uma hipótese que a arma teria chegado ao estudante atirador, supostamente, por meio de um tio que teria passagem pela polícia. Nas primeiras horas após a tragédia em Sobral, autoridades policiais chegaram a divulgar que o revólver pertenceria ao pai do garoto. Porém, a família desmentiu a informação. 

De acordo com o comunicado da SSPDS, "até o momento, não há evidências que liguem o tio do adolescente suspeito do ato infracional com a arma apreendida. Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não comprometer o trabalho policial". (Com Levi Aguiar) 

 

 

Denúncias

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181, WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181. 

Atirou por causa de bullying e foi para casa

No último dia 5, por volta das 10 horas, um estudante de 15 anos atirou contra três colegas na escola Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral. Depois do ataque, o adolescente foi para casa - um endereço localizado a poucas ruas do colégio.

Na residência, a mãe do garoto estranhou o presença do filho no final da manhã. Por ser de tempo integral, a escola estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes recebe os alunos às 7 da manhã e os libera no fim da tarde.

Questionado sobre a razão do retorno tão cedo da escola, o adolescente teria respondido para a mãe que "tiros" tinham sido disparados no colégio. No entanto, ele não informou que havia sido o autor do ataque nem que teria atirado porque sofria bullying no ambiente escolar.

Os pais só souberam do envolvimento do filho depois que policiais militares e civis chegaram à mercearia da família e apreenderam o garoto.

Ele foi levado para um Centro Socioeducativo, em Sobral, por ser suspeito da autoria de um ato infracional análogo ao crime de homicídio e outras duas tentativas de morte.

Segundo uma vizinha, entrevistada pelo O POVO e que estava trabalhando na mercearia dos pais do garoto um dia depois da tragédia, tanto o pai quanto a mãe do adolescente teriam ficado surpresos com o ato do estudante.

"Ele é um menino bom, ajudava o pai no comércio, era calado e vivia da escola pra casa. Tão calado que nunca disse pra mãe que sofria bullying. Ela me disse que teria tirado ele da escola", contou a amiga da família.

Na escola, segundo relato de uma aluna, o adolescente chamaria a atenção por dormir durante as aulas. Por causa do sono, alguns estudantes o chamavam de "morto". O estudante, segundo a vizinha, costumava "passar a noite jogando" jogos eletrônicos.
"A mãe reclamava". 

 

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