O enfrentamento ao Sars-CoV-2 tornou-se um dos pontos centrais da pesquisa científica nos últimos anos, após o início da pandemia. Ao passo em que a corrida pela vacina avançou, também houve avanços na descoberta de fármacos para tratamento de casos de Covid-19. Alguns antivirais, anti-inflamatórios e anticorpos monoclonais já tiveram eficácia comprovada contra a doença.
A indicação dos medicamentos leva em consideração principalmente a gravidade do caso, o risco de agravamento do quadro e a necessidade ou não de oxigênio suplementar. Para quadros leves, ainda são recomendados anti-inflamatórios não esferoidais, como o Ibuprofeno e o Paracetamol, que são utilizados para tratar apenas os sintomas.
Casos graves e com risco de agravamento, contudo, precisam de uma intervenção maior. Para isso, são utilizados novas drogas desenvolvidas especificamente contra a Covid-19, além de medicamentos reposicionados, ou seja, que já existem e são testados para avaliar sua eficácia contra outra doença.
Letícia Sarturi, mestre em imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutora em biociências e fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá e professora titular na Universidade Paulista (Unip), explica que a principal diferença entre os novos medicamentos desenvolvidos é que alguns são antivirais e outros, anticorpos monoclonais.
"O Rendesevir, o Molnupiravir e o Paxlovid são antivirais, substâncias que vão atuar no vírus para tentar impedir a ação dele. Já os anticorpos monoclonais, no caso do Sotrovimabe e o Evusheld, atuam no próprio vírus. São semelhantes aos anticorpos que a gente produz, mas são feitos em laboratório pela indústria farmacêutica, e atuam bloqueando alguma proteína do vírus", diferencia.
Luciana Costa, virologista e professora do Instituto de Microbiologia e do Laboratório de Genética e Imunologia das Infecções Virais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que vários grupos de pesquisa buscam moléculas que possam inibir o vírus.
"Do momento que você descobre no laboratório uma molécula com atividade contra o vírus até conseguir fazer todos os ensaios que são necessários para mostrar segurança, eficácia e justificar um ensaio clínico, demora um pouco", detalha.
Os antivirais são utilizados para interromper a replicação viral. Leticia Sarturi detalha que o Rendesivir é um antiviral que atua com "amplo espectro", contra vários tipos de microorganismos, como Ebola, Mers e o Sars-CoV-2. Luciana Costa alerta que ele só pode ser administrado no ambiente hospitalar por ser um tratamento intravenoso.
O Paxlovid, que é uma combinação de dois fármacos de uso oral, pode ser utilizado em casa. Ele é um dos novos medicamentos desenvolvidos contra a Covid-19, assim como o Molnupiravir, destinado a pacientes não hospitalizados, mas com alto risco de progressão.
Dentre os anti-inflamatórios, são utilizados corticosteróides já conhecidos, como Dexametasona e Hidrocortisona. A Dexametasona é um medicamento reposicionado utilizada em casos de pacientes hospitalizados com risco de agravamento, explica Sarturi.
Ela cita também o Baricitinibe, já utilizado para tratamento da artrite reumatoide, aprovado pela Anvisa para pacientes com Covid-19.
Os anticorpos monoclonais, por sua vez, interrompem a replicação viral por não permitir o vírus entrar em suas células alvo. A imunologista Letícia Sarturi expica que o Evusheld é uma profilaxia pré-exposição (procedimento preventivo, antes da exposição à uma doença) para pessoas mais vulneráveis, com imunodeficiência ou que não podem se vacinar.
A imunologista explica que outro tipo de anticorpo monoclonal aprovado pela Anvisa para uso emergencial é o Sotrovimabe, indicado para casos de Covid de leve à moderada, mas com risco de progressão para estágio grave de uso restrito à hospitais.