De longe, o castelo de pedra tosca se exibe imponente, encravado na generosa mata da Serra de Baturité. Impressiona pelas dimensões e pela beleza de sua arquitetura. Erguida como Escola Apostólica de Baturité, a casa foi, por décadas, referência de formação e um modelo de educação. Hoje um espaço para visitação e hospedagem, o Mosteiro dos Jesuítas celebra seu primeiro centenário. Nesse fim de semana de comemoração, uma cápsula do tempo foi enterrada no local para ser aberta daqui a 100 anos.
Em uma programação de dois dias, o Mosteiro reuniu memórias, celebrou a existência e projetou novas inspirações, animado pelo comando visionário do diretor, padre Eugênio Pacelli. Em frente ao monumento do centenário, lançado com a imagem de Santo Inácio (fundador da Companhia de Jesus) e sob o toque da banda de música de Baturité, uma cápsula foi depositada sob a grama do jardim do Mosteiro. Continha objetos da casa e um documento com a assinatura dos presentes.
Outra cápsula, depositada em dezembro de 1922, está sendo buscada pelos religiosos do Mosteiro e demais pesquisadores. Pelos escritos, sabe-se que há moedas da época, um exemplar do jornal "A Verdade", uma pedra da antiga Igreja dos Jesuítas, em Aquiraz, e uma ata da cerimônia, assinada pelos presentes na inauguração. "Estamos à procura de estudiosos que nos deem informações para que a gente descubra onde ela está. Queremos colocá-la num museu que está em processo de recuperação e atualizar a história", comenta padre Eugênio.
O sacerdote faz questão de aproximar o Mosteiro da população. Está iniciando uma horta comunitária com os moradores da área, além de uma cooperativa com as doceiras que moram ao redor do Mosteiro. Com o Movimento Amare, que coordena, promove a distribuição de cestas básicas a cada dois meses para as famílias cadastradas. O Mosteiro se abre também para a escolinha de esporte - que se integra à arte, que se liga à religião, incentivado uma formação integral.
O espaço é acolhida para quem mora perto, mas também para quem visita e para quem fica por uns dias. Aos fins de semana, tem recebido mais de 400 visitantes, que se encantam pelo piso característico, pelo pé-direito alto da arquitetura e pelo verde abundante.
Na cerimônia do primeiro centenário do Mosteiro, houve apresentação do sexteto de cordas da Tapera das Artes. Hóspedes, visitantes, demais sacerdotes jesuítas, políticos e a população do entorno se uniram para celebrar a construção do prédio e do que ele representa para a região. Construído para marcar o início dos trabalhos dos jesuítas em Baturité, o atual Mosteiro é ponto de encontro.