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Sete mulheres são mortas em cinco dias no Interior do Ceará
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Sete mulheres são mortas em cinco dias no Interior do Ceará

Os casos foram registrados em São João do Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Novo Oriente, Morrinhos, Paracuru,
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Uma mulher foi morta no município de Limoeiro do Norte, no Baixo Jaguaribe, a 202, 5 quilômetros de Fortaleza, na quinta-feira passada, 5. Esse é o sétimo registro de morte de pessoa do sexo feminino vítima de violência no Estado. Os outros casos de violência foram registrados em São João do Jaguaribe, Novo Oriente, Morrinhos e Paracuru.

Maria Nilma Lopes da Silva, tinha 55 anos e foi morta dentro da própria residência na frente dos filhos. A mulher possuía antecedente criminal por ameaça, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

No dia 4 de janeiro, uma mulher foi morta na zona rural de São João do Jaguaribe, no Ceará. A vítima, Maria Zilda Rodrigues da Silva foi esfaqueada dentro da própria casa. O companheiro dela foi encaminhado à Delegacia de Russas e autuado por feminicídio.

Ainda no dia 4 de janeiro, uma mulher identificada como Patrícia Costa foi morta a tiros na localidade de Campo dos Velhos, em Sobral. O filho da vítima também foi baleado na ação criminosa

No dia 3 de janeiro, Daniele Pereira de Oliveira, de 24 anos, que estava desaparecida desde o dia 31 de dezembro, foi encontrada enterrada na localidade de Chapada dos Paulinos, no município de Novo Oriente. A família relatou que ela teria ido se encontrar com um ex-namorado e em seguida desapareceu.

No dia 2 de janeiro Itamara Eny de Freitas, de 19 anos, que desapareceu no dia 31 de dezembro, também foi encontrada morta. A jovem residia no município de Morrinhos e foi levada por um homem armado do trabalho dela. Imagens de câmeras de segurança flagraram a ação. Dois suspeitos do crime foram presos. O vizinho de Itamara, uma pessoa que era conhecida da família, está entre eles.

No dia 1º de janeiro duas irmãs de 16 e 24 anos de idade foram encontradas mortas em Paracuru. As vítimas apresentavam lesões de arma de fogo. Os nomes não foram informados.

 Entre janeiro a dezembro de 2022 foram registrados 19.407 vítimas de violência doméstica no Ceará. Esse dado é da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social e reflete o número de denúncias realizadas.

Casa da Mulher Brasileira é referência para as vítimas de violência

A defensora pública supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Jeritza Rocha,  considera o número alto e lamentou que nos primeiros dias de 2023 fossem registrados tantos casos de violência contra mulheres. Ela cita o trabalho da Defensoria Pública do Ceará no trabalho de combate à violência contra a mulher assim como da Casa da Mulher Brasileira. 

Jeritza Rocha lembrou que na Casa da Mulher Brasileira,  funcionam todos os órgãos, como a Defensoria Pública, o Ministério Público do Estado do Ceará e todos os demais órgãos que atuam no enfrentamento da violência doméstica hoje.

"É um ganho fantástico. Antes tinham que ir em órgãos diferentes e tinha que peregrinar e passar pela revitimização, tinha que contar a história toda de novo", comenta.

A coordenadora aponta que a violência doméstica é um crime que atinge as presentes gerações e comenta que existe um prejuízo emocional para as crianças que convivem em meio a esse tipo de situação.

 

Papel da Defensoria no combate à violência contra a mulher

 

A defensora Jeritza Rocha detalha as ações da Defensoria no combate à violência contra a mulher. Uma das ações é a de prevenir e ensinar as mulheres sobre os diversos tipos de violência. “A gente atua de várias formas, na forma de prevenção, que é divulgação de material, rodas de conversas, mostrando quais os direitos, com palestras. A gente vai muito nas comunidades, a gente senta e conversa e explicando o que é violência doméstica, explica que para muito além da agressão física tem a psicológica, patrimonial, verbal e explica quais são os direitos que ela em para que cessar essas agressões antes do feminicídio", relata.

"É explicado para as mulheres o que é a medida protetiva e da importância buscar a Delegacia de Defesa da mulher, a Defensoria pública", relata. Na própria delegacia na Delegacia de Defesa da Mulher, onde ela vai fazer o Boletim de Ocorrência (B.O) é feito o pedido da medida protetiva de urgência para que o agressor se mantenha distante. 

Conforme a defensora, mesmo se o agressor for o proprietário da casa, naquele momento, a lei prevê a proteção integral e imediata da vítima. "É Independente da propriedade, por ele ser o dono da casa ou se a casa é da família dele, mas a lei prevê a proteção integral e imediata daquela mulher, inclusive para ele se afastar do lar", relata.

Outra orientação da defensora é para vizinhos, amigos e demais pessoas, que denunciem  a violência doméstica. "Hoje a gente sabe que em briga de marido e mulher se mete a colher sim. Se ouvirem barulhos estranhos, gritos, ligue para a polícia, pois pode está havendo situação de violência doméstica e você pode salvar a vida de uma mulher" explica.

Jeritza explica que a defensoria também ajuda quando as mulheres, vítimas de violência, querem se separar. Esse acompanhamento acontece nas ações cíveis, criminais, penais. "Ela pode procurar a Defensoria pública e vai ter atendimento humanizado e da equipe psicossocial e fazer as ações. A gente entra com a ação do divórcio, ações de guarda dos filhos, as ações de dano moral, dano patrimonial, investigação de paternidade e ações criminais, quando sofre injuria e reclamação", descreve. 

A coordenadora destaca que há uma equipe psicossocial, que vai encaminhar as vítimas de violência para que elas sejam orientadas. Outras mulheres que passaram por esse tipo de situação e que hoje reconstruíram suas vidas são chamadas dar palestras e mostrar a outras mulheres que elas não precisam viver essa situação.

A defensora comenta ainda a importância da medida protetiva. " A partir do momento que ela tem a medida protetiva deferida o Grupo de Apoio da Vítimas de Violência faz o acompanhamento dessas mulheres", destaca.

A medida protetiva é um instrumento emergencial e de urgência como o próprio nome fala, comenta Jeritza. A coordenadora explica que é preciso falar sobre os relacionamentos abusivo. É necessário perceber comportamento  diferente das amigas, da família, da vizinha, que ela não sai mais, que não usa mais as mesmas roupas. "Ela pode tá sendo controlada e sofrendo um abuso. Você deve sentir a dor da mulher não deixar ela só", explica.

 

 

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