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Ceará tem menor taxa de alunos atrasados no Nordeste
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Ceará tem menor taxa de alunos atrasados no Nordeste

Fundamental e Médio | Estado está entre os cinco com menores atrasos do País. Especialista aponta causas e problemáticas da distorção idade-série
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Foto: Luciana Pimenta "Atraso" no ensino fundamental

Cerca de oito a cada 100 alunos matriculados no ensino fundamental no Ceará estão fora da faixa etária esperada para a série. É o que indicam dados do Censo Escolar 2022, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O levantamento considera a distorção idade-série, ou seja, a porcentagem de estudantes que têm idade pelo menos dois anos maior do que a idade esperada para determinada série.

O percentual cearense (7,9%) coloca o estado como o primeiro com menor taxa de alunos atrasados no Nordeste. Na região, Pernambuco vem em seguida, com 15,2%. A distorção do Ceará é também uma das menores do País, ficando atrás apenas de São Paulo (5,1%), Mato Grosso (7%), Minas Gerais (7,4%) e Paraná (7,7%)

A idade de 6 anos é considerada a ideal para ingresso no 1º ano do ensino fundamental. Assim, a expectativa é que conclua o 9º ano até os 14 anos de idade e então inicie o ensino médio. São considerados na distorção idade-série os estudantes que estejam no 6º ano e tenham 13 anos de idade ou mais, por exemplo.

O atraso aumenta ao chegar no ensino médio, indo para 17,1% no Ceará. Ainda assim, o Estado tem a menor distorção do Nordeste e a quarta menor do Brasil para essa etapa escolar.

As taxas cearenses são cerca de cinco pontos percentuais melhores que a média brasileira. No País, 12,3% dos estudantes do ensino fundamental estão atrasados. Entre os matriculados no ensino médio, o percentual médio é de 22,2%.

"Os alunos em distorção idade-série são aqueles que foram reprovados ou que abandonaram a escola por um período", explica Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec, ONG que trabalha pela promoção da equidade e qualidade educacional. "O atraso também está associado às desigualdades educacionais".

Ela aponta que, conforme dados de estudos anteriores, "esse fenômeno atinge principalmente quem vem das camadas mais vulneráveis da população". Indígenas e negros, assim como estudantes com deficiências e moradores de localidades mais afastadas do grandes centros urbanos são os mais representativos na distorção.

"Há maior propensão de abandonarem a escola para ingressar no mercado de trabalho de modo prematuro e precário, sem concluir os estudos", alerta Anna Helena.

Tanto no Ceará quanto nos demais estados brasileiros, o total de alunos em atraso aumenta conforme se avança nas séries do ensino fundamental. "Isso se deve à crença ainda muito difundida nos próprios sistemas educacionais de que a reprovação é um instrumento pedagógico. Ou seja, que ao ser reprovado o aluno vai aprender mais e melhor. Isso não acontece", pontua Anna Helena.

Ela lembra que os resultados escolares das crianças e dos adolescentes com distorção idade-série são inferiores aos daqueles que realizaram sua trajetória sem interrupções. "Se ele não aprendeu, não é repetindo tudo da mesma forma que ele irá aprender. São necessárias metodologias que considerem as necessidades desses alunos". afirma a pesquisadora.

Já durante o ensino médio, conforme a escolaridade avança, a distorção tende a reduzir na maioria das unidades federativas. "É importante ressaltar que isso não quer dizer que os problemas estão sendo resolvidos. O que ocorre é que esses jovens acabam abandonando a escola ou são encaminhados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA)."

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