Na quarta-feira passada, 22 de fevereiro, o Ceará registrou o recorde de raios em 2023. Foram 6.024 descargas elétricas na atmosfera de todo o Estado. Desde janeiro, 85.240 raios caíram sobre o Ceará. O número corresponde a 46,5% do total de descargas elétricas de 2022 e quase supera as descargas registradas em 2021.
Em 2021, o sistema contabilizou um total de 97.795 raios no Ceará. No ano passado, houve aumento de 87% no número de descargas atmosféricas em relação ao ano anterior, totalizando 183.428. Os dados, fechados até a manhã desta quinta-feira, 23, são do Sistema de Monitoramento e Alerta da Enel.
Segundo a distribuidora, o Centro-Sul (13.576 raios), o Cariri (13.083) e o Vale do Jaguaribe (10.552) são as macrorregiões mais atingidas neste ano.
Já os municípios mais atingidos são: Granja (5.543), Icó (3.079), Viçosa do Ceará (2.876), Morada Nova (2.226) e Aiuaba (1.988).
Os fenômenos atmosféricos deste tipo chamam a atenção; afinal, o que eles são? "Raios são fenômenos elétricos que ocorrem na atmosfera. Aqui na nossa região, eles envolvem os processos de eletrificação nas nuvens durante tempestades", explica Evandro Anselmo, físico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Ele acrescenta que raios acontecem também em tempestades de areia e em regiões vulcânicas. O raio tem uma parte mais luminosa e uma parte sonora, os trovões. "A descarga elétrica cria um espaço vazio na atmosfera onde passa a corrente elétrica, e o ar colapsa e faz o barulho", detalha Anselmo. "É uma onda sonora a partir do deslocamento de ar que acontece. Quanto mais fortes as descargas elétricas, maior o barulho."
A eletrificação acontece quando se formam nuvens em regiões acima de 5 ou 6 quilômetros (km) de altura na atmosfera, onde as temperaturas são inferiores a zero grau Celsius. "Começa a glaciação das partículas de água. Essas partículas começam a congelar e a interação, o atrito entre elas gera os deslocamentos de elétrons que vão resultar no raio", diz o físico.
Ele chama a atenção para cuidados necessários durante as tempestades. "Quando cresce o gelo nas nuvens, elas vão eletrificando. Isso gera um campo eletrostático que acaba eletrizando metais que estejam embaixo das nuvens, em um raio de cerca de 10 km", completa. "Até que esse campo se intensifica o suficiente para disparar as descargas elétricas."
Além de chuvas, ventos fortes, queimadas e descargas atmosféricas, o Sistema de Monitoramento e Alerta da Enel auxilia na verificação de possíveis ocorrências na rede da distribuidora. O trabalho é realizado 24 horas por dia a partir de satélite, com dados fornecidos em tempo real pelo Climatempo.
O sistema emite boletins diários sobre as condições meteorológicas de todo o Ceará e antecipa contingências no atendimento de emergência.