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Remédio para diabetes e usado para emagrecer está em falta nas farmácias de Fortaleza
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Remédio para diabetes e usado para emagrecer está em falta nas farmácias de Fortaleza

Medicamento sumiu das prateleiras de alguns estabelecimentos diante da alta progressiva na procura. Apesar de não recomendado pela Anvisa, o remédio também é utilizado de forma off label — fora da bula — por pessoas que tentam perder peso
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OZEMPIC é indicado para tratamento de diabetes tipo 2  (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação OZEMPIC é indicado para tratamento de diabetes tipo 2

Encontrar o medicamento Ozempic nas farmácias de Fortaleza está mais difícil. Usado para o tratamento de diabetes tipo 2, o fármaco sumiu das prateleiras de alguns estabelecimentos diante da alta progressiva na procura. Apesar de não recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o remédio também é utilizado de forma off label — fora da bula — por pessoas que tentam perder peso.

O POVO procurou o remédio em dois momentos (nos dias 2 e 12 de março), nas farmácias de Fortaleza e da Região Metropolitana (RMF) para saber se a oferta do medicamento estava regular ou acima da média. O POVO constatou que a busca pelo medicamento estava alta, não apenas na Capital, mas também, na RMF. 

A primeira pesquisa foi realizada no dia 2 de março e foram consultadas seis farmácias de Fortaleza que comercializam o produto. Em três delas, o Ozempic estava em falta. Nas demais, o medicamento até estava disponível, mas com os estoques já se aproximando do fim.

Em uma farmácia localizada no bairro José Bonifácio, o gerente disse que as últimas unidades do fármaco foram vendidas no fim de fevereiro. “Estamos com o estoque zerado. Já falei com o distribuidor, mas não tem previsão de enviar novos lotes porque disseram que a falta é geral”, afirmou ele.

O funcionário de um outro estabelecimento localizado no bairro Messejana relatou situação semelhante. “Acabou [o Ozempic] faz vários dias. A gente pediu ao fornecedor, mas não tivemos resposta ainda”. Em outra drogaria, no Meireles, o estoque também estava zerado, mas o vendedor informou que uma filial da rede ainda tinha duas unidades do produto disponíveis.

A oferta do medicamento estava normal em duas farmácias pesquisadas, mas sem previsão de renovação dos estoques. São grandes estabelecimentos que fazem parte das maiores redes farmacêuticas do Brasil, localizados nos bairros Aldeota e Praia de Iracema. Em outra drogaria, no Cocó, havia apenas três unidades do remédio à venda.

Já em outra farmácia localizada na Maraponga, só havia o remédio de 0,5 miligramas pelo valor de R$ 733. O de 1 miligrama estava esgotado e custa R$ 963.

Na Região Metropolitana de Fortaleza, o resultado foi bem parecido. Em Maranguape, foi informado que o medicamento estava em falta mas poderia ser encomendado e que a busca pelo medicamento estava muito alta. Em Maracanaú, também encontramos farmácias recebendo apenas encomenda do remédio.

O Ozempic é produzido pela Novo Nordisk. Procurada pelo O POVO, a farmacêutica informou que o reabastecimento de distribuidores, atacadistas e farmácias no País deve ser normalizado até o fim de maio. Em caso de falta do produto, a empresa recomenda que os pacientes diabéticos substituam o remédio por medicamentos da mesma classe (análogos de GPL1), desde que haja orientação médica.

A fabricante não recomenda o uso do produto para perda de peso. "A Novo Nordisk adere a altos padrões éticos, bem como a todas as regulamentações e não promove nem incentiva nenhuma promoção off-label de seus produtos (em desacordo com as informações descritas na bula do medicamento)", afirma trecho de nota enviada pela farmacêutica.

 

Deputado cearense quer restringir venda do Ozempic

O deputado federal cearense Eduardo Bismarck (PDT) apresentou, no começo de março, uma indicação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que os medicamentos com substâncias análogas ao Glucagon 1 humano (GLP-1), incluindo o Ozempic, passem a ser vendidos nas farmácias somente com receita médica. A classe de fármacos também abrange outros produtos conhecidos, como a Semaglutida, Liraglutida e o Dulaglutid.

O parlamentar alega que a medida é necessária para frear a livre comercialização do medicamento por pessoas que querem emagrecer. "Com falta de controle de uso, as pessoas estão cada vez mais se expondo aos riscos da automedicação. Há também um outro grande problema: quem realmente precisa, não está encontrando no mercado".

A liraglutida é o único medicamento aprovado e comercializado no Brasil, desde 2016, para o tratamento da obesidade. O remédio é injetável, assim como o Ozempic, mas este último possui uso aprovado apenas para tratamento de diabéticos, como mencionado no começo da matéria.

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