O Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, localizado no bairro de Fátima, está completando 50 anos em 2023. A construção da Rodoviária de Fortaleza, realizada nos anos 1970, mudou a forma que passageiros da Capital viajavam para o Interior e para outros estados, concentrando a maioria das viagens em um só lugar.
Antes do funcionamento da rodoviária, os passageiros precisavam ir ao Centro para pegar os ônibus que os levavam para as cidades do Interior. O cearense Estênio Chagas, 76, relembra a diferença na organização. “Os ônibus saiam da Castro e Silva, da Senador Pompeu. Quem queria ir para Sobral tinha que ir para uma rua, quem queria ir para o Sul do Estado tinha que ir para outra. Era tudo no Centro”, relata. Além da descentralização do transporte, os veículos, como Estênio lembra, eram “sem conforto total”.
Nilton Fialho, gerente dos terminais rodoviários de Fortaleza, explica que, no início da década de 1960, muitos ônibus eram “improvisados”. “Muitas pessoas vinham do Interior com produtos para vender em Fortaleza e se utilizavam daqueles caminhões mistos, onde metade era para transporte de mercadoria e metade era para transporte de passageiros”, conta.
“A rodoviária tem um efeito catalisador do transporte, porque ela organiza, ela chama o passageiro, ela facilita, ela diminui a impedância, que é o obstáculo do passageiro para chegar ao seu destino”, afirma José Roberto Sales, assessor da presidência da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce).
Com a localização escolhida para o terminal, Nilton acredita que o equipamento tem uma vantagem. “Ele está próximo do Aeroporto, está próximo da BR-116, do Centro da Cidade. Em dez minutos você vai do terminal para a praia. Esse equipamento tem uma facilidade que outros não têm”, diz.
Após o início da administração pela empresa Socicam, em 1999, duas outras rodoviárias, nos bairros Antônio Bezerra e Messejana, foram construídas em 2000 e 2010, respectivamente.
O gerente afirma que, atualmente, o transporte intermunicipal e interestadual é atendido de forma satisfatória pela Rodoviária de Fortaleza. Em 2022, 1.494.113 embarques foram realizados no terminal. O local conta com 13 empresas de ônibus em operação que fazem 217 partidas diárias e atendem 400 cidades.
O arquiteto Marrocos Aragão, responsável pelo projeto do Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, foi homenageado durante a cerimônia de comemoração dos 50 anos do equipamento, na manhã desta quinta-feira, 23.
A filha de Marrocos, a também arquiteta Alessandra Marrocos, explicou que a obra ainda é considerada referência da arquitetura modernista no Ceará e no Brasil. “Ele nasceu em Ipu, viveu em um sítio que tinha várias mangueiras. O pensamento dele quando criou a rodoviária foi de fazer a árvore em concreto. As árvores foram feitas de parabolóides hiperbólicos [estrutura de concreto armado em formato de cálice]”, diz Alessandra.
“Me senti muito honrada e orgulhosa pelo projeto grandioso dele e pela pessoa que ele é também”, afirma a filha de Marrocos.
Além da filha, a esposa, a neta e outros familiares de Marrocos foram à cerimônia. O arquiteto não compareceu devido ao estado de saúde dele.
Nascido em Sobral, João Thomé de Sabóia e Silva foi um engenheiro, empresário e político cearense. Ele chegou a governar o Estado do Ceará de 1916 a 1920 e também ocupou uma cadeira no senado.