Para evitar a proliferação de ratos nas imediações do Mercado dos Peixes, no bairro Mucuripe, em Fortaleza, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promoveu uma ação de desratização na orla. Nesta quarta-feira, 29, agentes da vigilância sanitária espalharam raticida no entorno dos boxes e da área de alimentação.
As ações ocorrem há uma semana em toda a Beira Mar e na Praia de Iracema em preparação para a Semana Santa, que ocorre de 2 a 9 de abril. Já é esperada uma maior movimentação de pessoas neste período.
“Neste momento de maior fluxo, a vulnerabilidade é maior, e a comercialização de pescados, peixes e crustáceos vai aumentar consideravelmente”, diz Nélio Moraes, coordenador da Vigilância em Saúde de Fortaleza.
Por isso, o processo de desratização foi feito na orla e em 465 imóveis da região. “Toda a Beira Mar normalmente é uma área de infestação de roedores, se você não controlar ela prolifera e causa danos”, afirma o coordenador.
O permissionário Paulo Rafael de Almeida, 42, conta que o trabalho preventivo da vigilância “amenizou bastante” o problema com ratos no Mercado. A guarderia de pescadores e a limpeza da faixa de área, para ele, também contribuíram para a melhoria. O trabalho de dedetização também é feito dentro dos boxes frequentemente.
“Quinta-feira agora vamos fechar a noite e fazer a dedetização geral do mercado, dentro dos boxes também. Aqui no meu (box) toda segunda-feira a gente tira tudo de dentro para limpar. Se todo mundo fizer isso, ajuda bastante”, comenta o comerciante, que espera uma movimentação um pouco maior durante a Semana Santa.
O controle da população de roedores na Cidade tem influência direta no número de casos de leptospirose, doença que preocupa a rede de saúde. Em 2022, o número de mortes por leptospirose (7) foi maior do que o de óbitos causados pela dengue (5) em Fortaleza, apesar de só terem sido registrados 43 casos da doença contra 18 mil da dengue.
“O que o roedor causa de maior dano é chegar aqui [no Mercado dos Peixes], subir num box desse, urinar ou defecar em cima de um pescado, morder uma pessoa ou então ter um alagamento de água de chuva e ele urinar ali também”, explica.
Nélio também afirma que, apesar de o veneno ser colocado próximo às pedras que ficam em contato com o mar, a água salgada não permite a propagação da bactéria causadora da leptospirose. “A salinidade é letal para a bactéria", diz.
Em outras áreas da Cidade, Nélio esclarece que há um mapeamento de localidades com lixões, condições precárias de saneamento básico e tendência de alagamentos. O trabalho de desratização nesses locais é iniciado antes da quadra chuvosa, que ocorre de fevereiro a maio no Ceará.
“No período de chuva, você age mais como um ‘apagar do incêndio’, porque as enxurradas geralmente levam o produto raticida. Ela não é tão efetiva como quando é antecipada.”
Os sintomas da leptospirose são parecidos com de viroses e podem ser confundidos com outras doenças. Por isso, Nélio orienta a ida a um posto de saúde para exame clínico. “Pode ser um resfriado comum, uma gripe, uma dengue, ou pode ser leptospirose”, diz.
Sintomas de leptospirose
Já em caso de ser mordido por um rato, é preciso também ir imediatamente a um posto de saúde. Devido aos riscos de infecção, a orientação é passar água oxigenada no ferimento e procurar atendimento médico.