Logo O POVO+
Covid: aumento de casos no Ceará pode ter relação com novas subvariantes
CIDADES

Covid: aumento de casos no Ceará pode ter relação com novas subvariantes

Embora haja "aumento consistente" de casos entre fins de fevereiro e março, Ceará está há dois meses sem óbitos por Covid-19
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Os casos de Covid-19 no Ceará mais que dobraram entre fevereiro e março deste ano. Conforme Antônio Silva Lima Neto (Tanta), secretário de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) e membro do Conselho de Leitores do O POVO, o aumento "consistente" pode estar relacionado à introdução de novas variantes. Sequenciamento realizado em 7 de março identificou oito casos da linhagem XXB.1, que descende da Ômicron, e 19 da subvariante que deriva dela, a XXB.1.5. 

Elas representam, dessa forma, aproximadamente 50% das amostras analisadas no último sequenciamento. Isso indica que já há tendência de dominância dessa sublinhagem, de acordo com Tanta.  

O número de casos confirmados passou de 1.590, em fevereiro, para 3.792, em março, conforme dados do IntegraSUS, da Sesa. O que representa um aumento de 138%. Embora seja gradativo e a "magnitude não seja tão grande", o aumento é considerado relevante, na análise de Tanta.

"A partir do início de março, começa a aumentar os casos, de forma linear e gradativa. Em abril, há um aumento maior. De um patamar de 40 casos no final de fevereiro para 140, 150 casos por dia, no final de março", compara o epidemiologista. 

Até o momento, houve 7.877 sequenciamentos genéticos para detecção de variantes do SARS-CoV-2 no Estado, segundo a secretaria. Do total, 60,3% das amostras analisadas (4.746) correspondem à Ômicron, que foi registrada pela primeira vez no território cearense em dezembro de 2021.

Tanta explica que a continuidade desse aumento de casos pode estar associada à sobreposição de uma variante por outra. Ainda não foi observado impacto na hospitalização tampouco nas mortes, diz Tanta. O Ceará não registra óbitos por Covid-19 há dois meses. 

O último óbito em decorrência da infecção foi de um homem com mais de 80 anos. O paciente, morador do município de Russas, era diagnosticado com doença cardiovascular crônica, segundo consta no IntegraSUS. 

Caroline Gurgel, virologista e professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que, "assim como o influenza A, anualmente teremos uma elevação da curva endêmica da Covid-19 causada por uma nova variante".

A pesquisadora ressalta que tanto a vacinação em massa como a exposição prévia ao vírus, e a manutenção de variantes menos virulentas, conferem o cenário que presenciamos atualmente.

"Importante frisar que não se trata de um vírus emergente, estamos com bastante contato com ele agora. Então, nosso corpo se adapta a ele e vice-versa. A tendência será cada vez menos óbitos. Morreram as pessoas que apresentam os clássicos fatores de risco: idade avançada, comorbidades", detalha.

Por isso, a vacinação dos grupos de risco, principalmente idosos, com a bivalente "é fundamental para proteger contra a Ômicron, principal variante em circulação, e as novas variantes que advém dela".

"Não se exclui, é claro, a possibilidade de surgir uma variante de interesse médico, ou seja, uma que curse com gravidade, estimule o sistema inflamatório a responder de forma exagerada. Que precise de internação e cause muito óbito. Por hora, isso está controlado!", pondera. 

O que você achou desse conteúdo?