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Ceará já atinge maior reserva hídrica em dez anos
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Ceará já atinge maior reserva hídrica em dez anos

O acumulado atual corresponde a quase 45% da capacidade de armazenamento, ou cerca de 8,2 bilhões de metros cúbicos
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CEARÁ está no terceiro mês 
da quadra chuvosa (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES CEARÁ está no terceiro mês da quadra chuvosa

A menos de dois meses para o fim da estação chuvosa, o Ceará acumula a maior reserva hídrica dos últimos dez anos. Segundo dados do Portal Hidrológico, gerenciado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a média do volume de água nos 157 reservatórios monitorados pelo órgão atingiu 44,6% da capacidade na noite desta quinta-feira, 6. É a maior cota armazenada desde o dia 9 de janeiro de 2013, quando o índice era de 44,7%.

Desde o começo do período chuvoso, em 1º de fevereiro, os reservatórios cearenses receberam mais de 2,5 bilhões de metros cúbicos (m³) de água. O aporte seria suficiente para abastecer quase todos os 19 açudes da bacia do Banabuiú, a segunda maior do Estado, cuja capacidade é de 2,6 bilhões (m³). No total, as barragens podem armazenar 18,5 bilhões (m³). Atualmente, o volume acumulado é de 8,2 bilhões (m³). Em janeiro, último mês antes da estação chuvosa, a reserva chegava a 5,7 bilhões (m³).

Com o bom volume de chuvas registrado no primeiro trimestre do ano, dois terços das bacias hidrográficas do Ceará apresentam volumes de água acima de 50%. Dos 12 aglomerados de reservatórios espalhados por todas as regiões do Estado, oito estão nesta condição. Os outros quatro têm reservas que variam de 21,6% a 31,4% da capacidade. A bacia do Baixo Jaguaribe, a menor do Ceará, com volume máximo de 25 milhões (m³), atingiu 100% da cota. Em situação oposta, a bacia dos Sertões de Crateús, com capacidade para armazenar 411 milhões de (m³), registra o menor acumulado, cerca de 28,60%.

Além do recorde no volume hídrico, considerando a última década, o Ceará alcançou o maior número de açudes sangrando em 12 anos. Até esta quinta-feira, pelo menos 59 reservatórios verteram no Estado, conforme dados da Cogerh. Há, ainda, outras nove barragens na iminência de transbordar, com aportes acima de 90%. Na série histórica, a maior quantidade de açudes operando com capacidade máxima foi registrada em 2011, quando 111 reservatórios sangraram. Já em 1983 e 1993, nenhuma barragem chegou a 100% da capacidade.

Os bons indicadores hídricos no Estado são resultado das chuvas registradas desde o começo do ano. No primeiro trimestre de 2023, o Ceará acumulou 527 mm de precipitações, segundo o calendário de chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O índice é 25% acima da normal climatológica do período e 6,8% superior ao mesmo trimestre do ano anterior.

Apesar das chuvas, 40 açudes cearenses estão com níveis abaixo de 30%, patamar classificado pela Cogerh como “estado de alerta”. Destes, sete operam no volume morto, com menos de 5% da capacidade. A situação mais preocupante é a do Açude Sousa, em Canindé, com apenas 0,74% de cota hídrica. O Açude do Cedro (0,74%), em Quixadá, e o Açude Salão (0,31%), em Canindé, também estão com níveis inferiores a 1%.

O POVO procurou a Cogerh e solicitou entrevista com algum especialista do órgão para explicar as causas dos baixos volumes hídricos em parte dos reservatórios, mesmo diante das chuvas registradas ultimamente. Um representante da Companhia respondeu que, devido ao ponto facultativo decretado nesta quinta-feira, 6, pelo Governo do Estado, a entrevista só seria possível na próxima segunda-feira, 10, com a volta do expediente normal.

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