Dois crimes com suspeitas de feminicídio foram registrados no último sábado, 15, em Fortaleza. O primeiro caso ocorreu ainda pela madrugada, no Centro, e vitimou Bárbara Bessa, de 25 anos. Já o segundo caso foi registrado no bairro Guajeru e teve como vítima Cristiane dos Santos Pereira, de 46 anos. Nenhum suspeito foi preso em ambos os casos até o fechamento desta edição.
Bárbara foi morta com disparos de arma de fogo. O crime ocorreu na rua Senador Alencar, já nas proximidades com o cruzamento com a Avenida do Imperador. O suspeito do crime é um ex-namorado da vítima. Ele teria utilizado um carro na ação. Bárbara foi sepultada nesse domingo, 16. Ela deixou três filhos.
Já Cristiane foi morta dentro da própria casa. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ela foi encontrada com lesões decorrentes de objetos perfurocortantes. O suspeito do crime também era um ex-companheiro da vítima.
Em ambos os casos, a SSPDS informou que equipes das polícias Civil e Militar, assim como da Perícia Forense do Estado (Pefoce) atenderam ao caso e que delegacias do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) abriram inquérito para investigar os crimes.
A SSPDS ainda acrescentou que a população pode contribuir com o trabalho policial repassando informações sobre os casos. As denúncias podem ser feitas para o telefone (85) 3257-4807, do DHPP, que também é número WhatsApp, por onde podem ser enviados áudios, imagens, vídeos e outros arquivos relacionados aos casos. Denúncias também podem ser feitas através do número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, cujo Whatsapp é (85) 3101-0181. “O sigilo e o anonimato são garantidos”, assegura a SSPDS.
Até o último dia 12 abril, mais recente balanço disponibilizado pela SSPDS, 68 mulheres haviam sido mortas neste ano no Estado. Onze desses casos foram identificados pela secretaria como sendo feminicídio. Em 2022, também conforme a SSPDS, 272 mulheres foram mortas no Estado, sendo que 28 desses casos foram assassinados pela pasta como feminicídio.
Em reunião no último dia 27, o Fórum Cearense de Mulheres (FCM) apresentou um dossiê à SSPDS em que apontava haver uma subnotificação de casos de feminicídio. Com base em inquéritos policiais, matérias jornalísticas, entre outros materiais, o FCM identificou que, em 2019 e 2020, ocorreram, pelo menos, 208 feminicídios, enquanto a SSPDS computou no período apenas 58 casos.
Dentre as reivindicações do FCM, estava que todos os casos de assassinatos de mulher fossem tratados, primariamente, como feminicídio. Dias depois, portaria publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) pela SSPDS determinava que a Polícia Civil, inicialmente, tratasse todos os homicídios de mulheres como feminicídios — da mesma forma que crimes contra pessoas LGBTQIA+ deveriam ser tratados primeiramente como crimes de ódio.