O Ceará atingiu 50,1% da capacidade de seus reservatórios neste domingo, 30. Esse é o maior acúmulo desde novembro de 2012. O volume é resultado das fortes chuvas do primeiro quadrimestre deste ano, que ajudaram a recuperar o volume perdido em anos anteriores. Segundo dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), mais de 70 açudes do Estado já sangraram em 2023.
A Companhia considera a situação atual como “confortável”, mas afirma que, ainda assim, é preciso ter cautela. "O ano de 2023 atingiu diversos números que há muitos anos não se comemoravam. Mas, precisamos ter parcimônia, pois o Ceará é um Estado irregular na distribuição de chuvas, e essa água deve ser armazenada para garantir os anos seguintes", afirma o secretário dos Recursos Hídricos, Robério Monteiro.
Neste último dia de abril, 67 açudes dos 157 monitorados pela Cogerh estão sangrando. Outros 13 estão com volume acima de 90% da capacidade. Em 31 açudes, o volume acumulado é menor do que 30% da capacidade total. Conforme resenha diária de monitoramento publicada na última sexta-feira, 28, sete estão em volume morto (açudes que não dispõem de tomada de água são contabilizados como volume morto abaixo de 5% de sua capacidade) e dois estão secos.
No mês abril, o sistema hídrico registrou aporte de 2,97 bilhões de metros cúbicos (m³). Em março, o aporte foi de 2,17 bilhões de m³.
Apesar do cenário positivo, algumas bacias hidrográficas, como as das regiões do Curu, Banabuiú, Médio Jaguaribe e Sertão de Crateús, a reserva está na casa dos 30%. Na avaliação da Cogerh, nesas bacias o cenário ainda é de "alerta". Situação bem diferente da encontrada nas bacias de Acaraú, Litoral, Coreaú e nas Bacias Metropolitanas, que estão com volume superior a 70%.
A menor bacia, do Baixo Jaguaribe, com 25,05 hectômetros cúbicos (hm³) de capacidade, é a única sangrando. Em seguida, a bacia do Litoral, que tem 206,05 hm³, já alcançou 98,66%.
O diretor de planejamento da Cogerh, João Lúcio Farias, considera o cenário melhor que o de anos anteriores, mas reforça a necessidade de continuar economizando água devido ao clima semiárido presente no Ceará.
O Estado começou o ano de 2023 com 31% da reserva hídrica. "Foi um aporte importante nas 12 bacias, de 5 bilhões [hm³]. Podemos ainda melhorar. Vamos aguardar o mês de maio, que podemos ter ainda alguma melhora", avalia João Lucio Farias.
O Castanhão, maior açude para múltiplos usos da América Latina, localizado no município de Alto Santo, está com 31,34% da capacidade. O reservatório atingiu 30% da capacidade há duas semanas, marca atingida pela primeira vez desde 2014.
Segundo maior reservatório do Ceará, Orós, localizado no município de mesmo nome, está com 64,29% da capacidade. Em seguida, o Banabuiú, no município homônimo, está com 38,66% do volume total.
O bom índice de chuvas no início do ano ajudou a encher reservatórios que não obtinham capacidade máxima há mais de uma década. Entre estes estão os açudes Quixeramobim, São José III, em Ipaporanga, Desterro, em caridade e Vieirão, em Boa Viagem.
Entre fevereiro e abril, o Estado somou 487 milímetros de chuvas, chegando prestes ao esperado para toda a quadra chuvosa, que se estende até o fim de maio. Conforme o os parâmetros da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o acumulado já é considerado "em torno da média" histórica observada para o período.
de 90%
Os açudes Arneiroz II, Diamante, Do Coronel, Gavião, Lima Campos, Mamoeiro, Maranguapinho, Olho d'Água, Penedo, Taquara, Tatajuba e Ubaldinho estão com mais de 90% da capacidade