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Razão de mortalidade materna em Fortaleza tem redução de 65,6% entre 2021 e 2022
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Razão de mortalidade materna em Fortaleza tem redução de 65,6% entre 2021 e 2022

Número de mortes foi impactado pela Covid-19 principalmente em 2020 e 2021. A Razão de mortalidade materna (RMM) foi reduzida de 78,9 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos para 27,1 na Capital, segundo a Secretaria Municipal da Saúde
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A RMM nos últimos cinco anos (Foto: Luciana Pimenta)
Foto: Luciana Pimenta A RMM nos últimos cinco anos

A Razão de mortalidade materna (RMM) em Fortaleza apresentou queda significativa entre 2021 e 2022: índice caiu de 78,9 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos para 27,1. O que representa diferença de 65,6%. Nos anos de 2020 e 2021, a o índice aumentou de forma alarmante em razão da pandemia de Covid-19. Conforme Lea Dias, assessora técnica da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), isso se deu pelo atraso da priorização da vacinação das gestantes e puérperas.

No Ceará, conforme a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), também houve redução entre 2021 e 2022: de 109,3 para 77,3 — 29,2%. O dado da RMM é obtido pela relação entre o número de óbitos maternos, a quantidade de nascidos vivos durante o ano em determinado local, multiplicado por 100 mil. 

Índice considera mortes por causas ligadas à gestação, parto e puerpério (até 42 dias após o parto). Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030, a proporção deste dado deve ser de 30, conforme a pactuação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Veja a RMM em Fortaleza nos últimos cinco anos: 

  • 2018: 30,8
  • 2019: 43,4
  • 2020: 100
  • 2021: 78,9
  • 2022: 27,1

Veja a RMM no Ceará nos últimos cinco anos:

  • 2018 – 63,9
  • 2019 – 57,3
  • 2020 – 96,8
  • 2021 – 109,3
  • 2022 – 77,3

Lea Dias explica que os óbitos maternos diretos estão relacionados aos casos nos quais a gestante desenvolve alguma doença durante a gravidez que a leva à morte, como hipertensão, hemorragia. Os óbitos por causas obstétricas indiretas ocorrem quando a mulher já tem alguma patologia, como uma doença cardíaca, que foi agravada pela gravidez e causou a morte.

A assessora técnica afirma que o o impacto da Covid-19 nos óbitos de gestantes e puérperas foi grande porque esse grupo não foi priorizado durante o atendimento dos infectados com o vírus tampouco na campanha de vacinação nas diretrizes do Ministério da Saúde. 

O Ministério da Saúde incluiu grávidas e puérperas no Programa Nacional de Vacinação (PNI) em abril de 2021, porém, em maio, aconselhou a suspensão temporária da vacinação de gestantes sem comorbidades. Grupo foi incluindo novamente em julho do mesmo ano. 

Ações para diminuir a mortalidade materna em Fortaleza

A assessora técnica de da Saúde da Mulher da SMS o conceito das "três demoras" que são evitadas quando se trabalha com óbito materno. A primeira está relacionada à paciente. "Se sente algo em casa, demora a decidir procurar o serviço de saúde". A segunda demora é o acesso, procura atendimento, mas é longe da residência ou não tem transporte, por exemplo.

A terceira demora é a da assistência no hospital. A gestante, procura, chega no local mas demora a ser atendida, ter diagnóstico. "Existem algumas medidas que a gente trabalha para minimizar essa demora. No pré-natal, nos grupos de gestantes, alertar a mulher sobre os sinais de risco, como pressão alta, sangramento", explica.

Além disso, preparação inclui orientar a paciente para que saiba quando procurar a maternidade de referência onde vai ter o bebê e qual procurar se tiver intercorrência "para minimizar a peregrinação da gestante".

Ela detalha ainda que a classificação de risco nas emergências obstétricas não atende critério de chegada, mas pelo risco que a paciente apresenta. "Capacitação, institucionalização de protocolos assistenciais para diminuir as demoras", acrescenta.

 

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