Com quatro casos de dengue sorotipo 3 confirmados no Brasil — três em Roraima e um no Paraná — a Prefeitura de Fortaleza alerta os cearenses sobre o retorno da doença ao país após 15 anos da última epidemia registrada.
A dengue conta com quatro sorotipos, ou seja, um indivíduo pode ser infectado pelo vírus e adoecer quatro vezes. De acordo com Nélio Morais, coordenador da Vigilância em Saúde de Fortaleza, a cada infecção, a tendência é que a forma da doença seja mais grave do que a anterior.
"Toda vez que há um processo infeccioso por um sorotipo, você fica imune a esse sorotipo. Se você teve dengue pelo sorotipo 1, por exemplo, você não voltará a ter dengue do sorotipo 1, mas poderá ter por 2, 3 ou 4".
Porém, complementa Nélio Morais, "cada vez que você tem um caso a mais de dengue, a tendência é que, clinicamente, esse caso seja mais grave por reações imunológicas que ocorrem no indivíduo em relação aos anticorpos formados da dengue anterior com a infecção nova", explicou.
O sorotipo 3 não circula, ou circula com pouca força de transmissão, no Brasil há anos. Apesar do Ceará ainda não ter registrado casos recentes, o retorno desse tipo da arbovirose representa uma ameaça à população, que tem uma baixa imunidade para a doença.
"Hoje, nós temos uma população em Fortaleza quase que totalmente suscetível ao sorotipo 3. Essa é a grande ameaça. Quando a chikungunya chegou ao Brasil, e depois aqui no Ceará e em Fortaleza, ninguém tinha adquirido chikungunya anteriormente para ter defesas contra ela. A mesma coisa, praticamente, vai acontecer com o sorotipo 3", afirmou Nélio Morais.
Os sintomas da doença são semelhantes em todos os sorotipos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença pode ser assintomática ou variar de quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. Os principais sintomas são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo.
Nélio explica que há a possibilidade de um sorotipo apresentar sintomas mais agressivos, como no caso do tipo 2, porém, a resposta imunológica é individual e depende de aspectos particulares de cada paciente.
"São vários aspectos que podemos configurar. Em linhas gerais, qualquer sorotipo poderá ter quadros leves e quadros graves de dengue. Depende da correlação de forças de defesa do organismo de cada pessoa ou se por acaso o paciente tiver dengue sendo uma pessoa de terceira idade, com comorbidade como diabetes, hipertensão, dentre outros", destacou.