O número alarmante de casos de dengue no início de 2023 deixou em alerta os órgãos da saúde no País. Nos primeiros cinco meses, foram registrados mais de um milhão de casos, que resultaram em cerca de 500 mortes no Brasil. Uma nova vacina contra a doença começou a ser vendida em clínicas particulares do Ceará e demais estados brasileiros nessa terça-feira, 27, e diferente da vacina já oferecida nas clínicas, para tomar Qdenga não precisa já ter tido dengue.
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Segundo o secretário executivo de Vigilância da Secretaria da Saúde do Ceará e membro do Conselho de Leitores do O POVO, Antônio Lima Neto (o Tanta), o eixo Sul, Sudeste e Centro-Oeste, como Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, tem apresentado grandes epidemias e áreas endêmicas de dengue por serem “regiões onde as pessoas não estão acostumadas com a convivência do vetor”.
Tanta afirma que "os nordestinos já sabem lidar com a presença do mosquito e, por isso, apesar de este ser, talvez, o cenário mais caótico dos últimos anos de dengue no País, o Ceará está abaixo da média".
Dados divulgados até o meio deste semestre de 2023 pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), em parceria com a Sinan Net, apontam que somente 69 (37,5%) dos 184 municípios cearenses tiveram notificação para a doença, e os demais, 133 (72,3%) foram classificados com incidência baixa de casos confirmados.
O destaque de casos suspeitos e confirmados de dengue no Ceará prevalece sendo em Fortaleza, com 2.767 registros — destes, 2.340 (84,6%) confirmados.
O POVO entrou em contato com três clínicas particulares localizadas no município de Fortaleza e Região Metropolitana (RMF) que estão vendendo a nova vacina contra os quatro sorotipos da dengue (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4). É o imunizante Qdenga, do laboratório Takeda — que estava aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde março deste ano.
Vanuza Chagas, médica pediatra e diretora da clínica Previne Vacinas, diz que “neste momento de grandes casos na nossa cidade e no Brasil como um todo, acreditamos numa alta procura e adesão a vacinação, principalmente por conta da Qdenga ser uma vacina que não necessita ter tido dengue anteriormente, e ter se mostrado segura e com excelente resposta imunológica”.
Na clínica, a nova vacina está sendo vendida no valor de R$ 490,00. As duas doses ficam no valor de R$ 920,00 (em até 10 vezes sem juros).
Desde segunda-feira, 26, a clínica de vacinação Dra. Núbia Jacó também está prestando serviços de aplicação e venda das doses. O valor é o mesmo para a dose única (R$ 490,00), podendo ser parcelado em até seis vezes no cartão (sem juros). Há desconto caso o pagamento seja em espécie ou PIX, ficando a R$ 470,00.
Caso a pessoa opte por pagar o esquema completo (duas doses), o valor poderá ser parcelado em até 10 vezes sem juros no cartão. Sobre a possibilidade de desconto na compra das duas doses, a clínica disse que poderia ser verificado no ato do atendimento.
Em todas as nossas unidades localizadas no Ceará da clínica Amo Vacinas o valor da dose é R$ 599,00. O combo das duas doses sairá por R$ 1.099,00, em até 10 vezes sem juros, ou à vista, por R$ 999,90.
O Ministério da Saúde (MS) afirmou, exclusivamente ao O POVO, que tem acompanhado veemente o avanço do setor de pesquisas e novas tecnologias que desenvolvem estudos relacionados ao novo imunizante.
“Diante da aprovação do registro sanitário do imunizante pela Anvisa e da aprovação do teto de preço feito pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o produto deve ser avaliado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que analisa a incorporação de novas tecnologias ao Sistema Único de Saúde (SUS), avaliando aspectos como eficácia, efetividade, segurança e impacto econômico da nova tecnologia com base nas melhores evidências científicas disponíveis”, revelou o órgão, em nota.
Pessoas de quatro a 60 anos que já tenham, ou não, sido infectadas pelo vírus.
Vale ressaltar que a vacina é atenuada, ou seja, não deve ser aplicada em quem, eventualmente, tenha alergia aos componentes citados na bula ou indivíduos em condições de imunodeficiência, como AIDS, ou em processo de quimioterapia, em uso de imunobiológicos, transplantados, mulheres grávidas ou em processo de amamentação.
A vacina apresentou efeitos colaterais em níveis leves. As reações adversas apontadas foram: dor no local da picada, vermelhidão, fraqueza, mal-estar e febre.
Nos testes clínicos, a Qdenga apresentou eficácia global de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose, além de reduzir as hospitalizações em 90%. No fim de 2022, o uso do imunizante já havia sido liberado na União Europeia.
Individualmente, a eficácia calculada contra o sorotipo foi:
A eficácia do sorotipo DENV-3 para indivíduos soronegativos não se mostrou satisfatória. Para o sorotipo DENV-4, o reduzido número de casos identificados durante os estudos não permitiu estabelecer um resultado de eficácia de forma estatisticamente relevante.
Este é o segundo imunizante contra a dengue autorizado no Brasil. Em 2016, havia sido registrada a vacina Dengvaxia, do laboratório Sanofi Pasteur, no entanto, diferente da Qdenga, a Dengvaxia só pode ser aplicada em quem já teve dengue anteriormente e em cidadãos de 6 até 45 anos.