Nos últimos dez anos, Fortaleza não registrou processos epidêmicos relacionados à dengue. A informação foi anunciada na manhã de ontem, durante a cerimônia de conclusão do curso técnico de Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. De acordo com o último Boletim Epidemiológico de Arbovirose, divulgado no início de agosto, Fortaleza registrou 3.683 casos de dengue e um óbito em 2023.
A dengue é considerada endêmica no município de Fortaleza desde 1986. A classificação se dá quando uma doença tem recorrência em uma mesma região, sem necessariamente haver aumentos significativos no número de casos.
Nesses 38 anos, foram confirmados 364.087 casos e 298 óbitos. A soma dos registros nos anos epidêmicos de 1994, 2008, 2011 e 2012 representa 36,6% do total (133.429 dos 364.087 casos).
Segundo a gestão municipal, o índice é resultado de diversas ações, como a territorialização e a estratificação de áreas de risco epidemiológico em Fortaleza, que permitem o mapeamento e acompanhamento dos territórios em toda a Capital.
“Essa conquista se dá graças à atuação de homens e mulheres, agentes comunitários de saúde e de endemia. Fortaleza é a terceira capital com maior engajamento dos agentes comunitários de saúde. Nós temos um quantitativo de um milhão de residências e estabelecimentos comerciais que são visitados por ano”, pontuou o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT).
Ainda na manhã desta terça-feira, ocorreu a cerimônia de formatura de 2.201 Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias no Ginásio Paulo Sarasate, no bairro Dionísio Torres.
Segundo a Prefeitura de Fortaleza, os formandos já eram funcionários públicos do Município. Contudo, eles atuavam sem uma formação específica na área, apenas com cursos de capacitação.
A Capital conta, ao todo, com 2.298 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e 1.404 Agentes de Combate às Endemias (ACE). Desses, graduaram-se no nível técnico 1.391 ACSs e 810 ACEs.
“A grande importância do curso é aliar a prática, que esses agentes têm muita, com a teoria. Esse somatório, de fato, vai dar uma melhorada acentuada à atenção primária de Fortaleza”, pontua o secretário de Saúde, Galeno Taumaturgo.
Francisco Renato Silva de Sousa, de 36 anos, foi um dos agentes comunitários de saúde que concluiu a formação. “Eu sempre senti falta desse tipo de capacitação. Antes nós éramos muito 'soltos'. Acredito que adquirir esses conhecimentos baseados em conceitos científicos vai ser um grande diferencial na nossa atuação”, pondera o ACS, que atua na região do bairro João XXIII, onde também mora.
O curso técnico em Agente Comunitário de Saúde e técnico em Vigilância em Saúde com Ênfase no Combate às Endemias teve duração de dez meses. A formação dos funcionários é fruto de uma ação nacional, feita em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Consems).
Casos e óbitos de dengue em Fortaleza, nos últimos cinco anos:
2019 - 3.930 casos e 4 óbitos
2020 - 8.013 casos e 5 óbitos
2021 - 14.379 casos e 5 óbitos
2022 - 17.063 casos e 5 óbitos
2023 - 3.683 casos e 1 óbito
Fonte: SMS Fortaleza/COVIS/Célula de Vigilância Epidemiológica /Sinan. Atualizado em 31 de julho de 2023.