Milhares de pessoas lotaram o Centro de Maranguape para o tradicional desfile cívico de 7 de Setembro que ocorreu nesta quinta-feira no município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Evento reforçou a cultura de paz e trouxe cor e diversidade para a rua mais famosa da cidade, a Major Agostinho.
Representantes das escolas da cidade celebraram a independência do Brasil levando a descontração como palavra de ordem.
O desfile teve inicio ainda nas primeiras horas da tarde e ganhou um público ansioso, que antes mesmo da abertura já "marcava" seu espaço com cadeiras ou bancos. No caso da vendedora Socorro Cunha, de 58 anos, foi válido levar até uma almofada para garantir o conforto durante as apresentações.
Entre risos, a comerciante e moradora do município dizia já esperar encontrar uma multidão de pessoas no local, visto a popularidade do evento. Como perder a celebração estava fora de cogitação para ela, que sempre acompanha a cerimônia, o jeito foi levar o acessório e acomodá-lo em uma calçada bem posicionada.
Quem também veio preparada para assistir o desfile com conforto foi Terezinha Fernandes, de 65 anos. Na companhia de familiares, a aposentada trouxe um banco de casa e instalou ele logo no início da via, para não perder detalhe algum das apresentações que iriam acontecer.
Mantendo os olhos atentos ao que acontecia a sua frente, ela batia palmas, fazia comentários com pessoas próximas e se mostrava satisfeita no "camarote" que montou. "Eu gosto bastante (do desfile cívico) (...) A cada escola que se apresenta vai melhorando", aponta a espectadora.
Mesmo quem não mora no município adotou a estratégia de levar o próprio assento para garantir conforto. Pauliana Cavalcante, por exemplo, mora em Fortaleza e trouxe uma cadeira dobrável. "Acho muito legal, muito divertido", diz a estudante, que veio assistir a sobrinha desfilar.
Quem não conseguiu trazer cadeiras ou acessórios parecidos permaneceu em pé, mas a vontade de assistir as apresentações era tanta que isso não pareceu fazer diferença. Diversas pessoas, incluindo crianças, se espremiam atrás de grades ou cordas para ver o desfile. Na disputa por lugar, os comércios instalados no local viraram espécies de camarotes, com vista privilegiada para a rua.
Neste ano, o evento trouxe como tema o estabelecimento da cultura de paz e o combate aos vários tipos de preconceito, como o racial e o de gênero, reforçando a importância da educação para alcançar esses objetivos. "Isso (o desfile) é um resgate da tradição aqui de Maranguape", diz João Kerensky, que atuou na organização do desfile pela Secretária Municipal de Educação da Cidade.
Envolvidas com a temática, as escolas trouxeram frases de líderes educacionais brasileiros, como Paulo Freire, e de pacifistas mundiais, como Nelson Mandela. Além disso, quem se apresentou na cerimônia representou um Brasil diverso, alegre e colorido, trazendo a magia da infância lúdica.
Em meio a dezenas de fardas escolares, por exemplo, era possível ver crianças vestidas de fantasias como princesas, bailarinas ou super-heróis. Uma Emília negra passava acenando para crianças da mesma cor de pele, que assistiam na plateia uma representação delas mesmo, como talvez nunca veriam na televisão.
Endossando o tema, grupos de danças formados por homens e mulheres abusavam do colorido e do movimento, sem estabelecer papeis de gênero. Estudantes com deficiência também fizeram parte do desfile, reforçando o compromisso das escolas com a inclusão.
Em meio a rua, que se transformou em uma grande passarela com vista para a serra, a descontração ficou por conta de Morgana Camila. A influencer, que ficou famosa pela narração que faz dos desfiles nas redes sociais e pelo bordão "Arrasa na Major", ganhou até um camarote para acompanhar o evento.
Dentro do espaço, ela se revezava entre gravar vídeos para o seu perfil e fazer a narração para o público presente. Do lado de fora, pessoas se aglomeravam para ouvir a influenciadora, que brincava de associar populares que faziam parte do desfile com figuras públicas, descontraindo e arrancando risos dos espectadores.
Para além das ruas que formam o circuito do desfile cívico, as praças de Maranguape também estavam lotadas. Tanto de fiéis ansiosos pela missa das 19 horas, quanto por gente interessada em uma cervejinha, um pratinho, um milho ou uma batata-frita. Ou ainda uma boa tigela de canja de galinha, quitute reservado para todos os momentos de festança na terra maranguapense.