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Agosto: número de homicídios no Ceará volta a crescer
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Agosto: número de homicídios no Ceará volta a crescer

Estado vinha de uma sequência de redução de mortes violentas. Agosto também trouxe o maior índice do ano em Fortaleza
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Dados da SSPDS reúnem homicídios doloso, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte
 (Foto: Thais Mesquita, em 08/07/2021)
Foto: Thais Mesquita, em 08/07/2021 Dados da SSPDS reúnem homicídios doloso, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte

Agosto passado foi o mês com maior número de homicídios registrados no Ceará desde julho de 2022. Foram 255 crimes do tipo no ultimo mês. Recorde anterior, há um ano e um mês, foi de 257. Em agosto do ano passado, foram notificados 250 assassinatos no Estado. Dados, divulgados nessa sexta-feira, 15, foram levantados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS/CE). 

De acordo com a pasta, só neste ano a Unidade Federativa registrou, ao todo, 1.884 assassinatos. Além de agosto, figuram no ranking dos meses com o maior número desse índice: janeiro (252) e fevereiro (251). 

Unidade Federativa vinha do quinto mês consecutivo registrando redução ou estabilidade do número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), no comparativo ao ano de 2022. Indicador é computado por intermédio da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (GEESP/SUPESP) e reúne homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. 

Agosto também trouxe um aumento de homicídios em Fortaleza. Foram 65 registrados no mês, o maior índice do ano. Figuram em segundo e terceiro lugar: fevereiro e maio (ambos com 62) e julho (59).

Conforme Ricardo Moura, do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aumento das estatísticas pode ser explicado pela "mudança da dinâmica da criminalidade". De acordo com o pesquisador, haviam duas organizações que polarizavam o mercado das drogas na Unidade Federativa. No entanto, esses grupos foram se fragmentando e buscando por autonomia. 

"Só que essa busca pela autonomia se dá por rasgar a camisa, por não querer seguir mais esse grupo e por cooptar outros grupos. E essa disputa ela já vinha dando pistas de que ela vinha se agravando (...) (Mas) ela não tinha aparecido ainda nas estatísticas", explica o especialista. 

Moura frisa ainda que Fortaleza é o "epicentro" dessas disputas, o que explicaria o aumento de assassinatos na Capital. Para reverter esse quadro, o pesquisador afirma que é preciso dar oportunidades para jovens sair do crime, um trabalho que envolve esforço de prefeituras, secretárias e outros entes.

"Enquanto a gente não trabalhar a questão da prevenção, enquanto a gente não oferecer uma perspectiva diferente para os jovens, o mundo do crime vai ficar ali sendo sempre muito evidente (...) Essa questão (dados levantados) é um sinal que acende o alerta. É algo que a gente precisa ficar atento e é algo que a gente recebe os relatos de tentativas de chacinas, de duplos homicídios, eles se espalham pela Cidade e agora eles conseguem ser percebidos por meio das estatísticas", pontua Moura. 

Ao O POVO, Evandro Leitão, governador em exercício, destacou que os índices de violência no Estado têm "reduzido drasticamente" e citou os programas sociais preventivos com inclusão social de jovens como ferramentas que contribuíram para esse cenário. "Ainda tem muito o que se fazer, ainda tem muito o que caminhar. O trabalho está sendo feito de forma integrada entre as polícias", disse o governador em exercício.

Homicídios no Ceará: veja números em cada mês

2022

Janeiro - 251
Fevereiro - 276
Março - 227
Abril - 244
Maio - 269
Junho - 214
Julho - 257
Agosto - 250
Setembro - 250
Outubro - 249
Novembro - 235
Dezembro - 248

Total - 2.970

2023

Janeiro - 252
Fevereiro - 251
Março - 227
Abril 217
Maio - 229
Junho - 211
Julho - 242
Agosto - 255

Total - 1.884

(Colaborou: Gabriel Gago/Especial para O POVO)

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