Logo O POVO+
Dia Nacional do Surdo: comunidade faz passeata em Fortaleza para cobrar inclusão
CIDADES

Dia Nacional do Surdo: comunidade faz passeata em Fortaleza para cobrar inclusão

Programação especial foi promovida durante cinco dias. Iniciativa visa reforçar a presença da comunidade e evidenciar as conquistas de uma luta que ainda continua
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Marcha em alusão ao Dia Nacional dos Surdos, na Praça Luiza Távora, em Fortaleza (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Marcha em alusão ao Dia Nacional dos Surdos, na Praça Luiza Távora, em Fortaleza

Em comemoração ao Dia Nacional do Surdo, celebrado anualmente no 26 de setembro, o Instituto Cearense de Educação de Surdos (Ices), em parceria com outras instituições, realizou ontem passeata em Fortaleza. A concentração de manifestantes se iniciou na Praça Luíza Távora, no bairro Aldeota, e o trajeto teve como destino final a sede do Instituto, na avenida Raul Barbosa. 

A marcha teve como objetivo destacar a presença da comunidade surda na sociedade e, ao mesmo tempo, cobrar políticas de acessibilidade e inclusão. A diretora do Ices, Carla Alves, afirmou que o evento é voltado a pessoas de diversas regiões do Ceará.

“A gente chama toda a comunidade surda do Ceará, porque tem muita gente do Interior também. Está sendo pela primeira vez na Praça Luíza Távora, e é uma alusão a esse dia que é bastante histórico sobre as lutas do movimento surdo, tanto as conquistas como o que a gente ainda tem que dar o gás pela frente para conseguir”, disse.

A iniciativa faz parte do Setembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre acessibilidade e comemoração das conquistas obtidas pela luta da comunidade.

Professor  de Libras no Centro de Referência em Atendimento Especializado do Ceará (Creaece), Pedro Vieira reforça que ainda há barreiras na comunicação para pessoas surdas em diversos lugares, como em hospitais, bancos e delegacias.

“Todos esses locais deveriam ter acessibilidade em libras (língua brasileira de sinais) para melhorar a comunicação entre os ouvintes e as pessoas surdas, porque, hoje, ainda temos muitas limitações no que diz respeito à comunicação”, ressaltou, com apoio do intérprete de libras Fernando Melo.

A dificuldade de acesso das pessoas surdas a serviços públicos também é recorrente, de acordo com o professor de libras do Ices e do Creaece, Alexandre Rocha. 

“É uma questão de políticas públicas. Precisamos que o Estado crie concursos públicos para inserir intérpretes nos órgãos públicos. Ainda não temos intérpretes em todos os lugares para proporcionar acessibilidade e direitos iguais às pessoas surdas”, declarou Alexandre, também com intérprete Fernando Melo.

A ex-presidente e atual membro da diretoria da Associação dos Surdos do Ceará (Asce), Silvia Helena Felix, participa do movimento há 40 anos e, para ela, a valorização da língua brasileira de sinais é fundamental para que a comunidade possa ter visibilidade.

“Surdos, cegos e ouvintes, a diversidade também é muito bem-vinda aqui nesse movimento [...] Os ouvintes precisam participar da comunidade surda, da associação de surdos e ter esse entendimento da língua de sinais, da cultura surda e ajudar a difundir para outros surdos da sociedade brasileira”, pontuou Silvia, com apoio da intérprete Karla Oliveira.

O Ieces, juntamente com outras organizações, como o Creace e a Asce, elaborou uma programação especial que teve início na última quinta-feira, 21, e prosseguiu até esta terça.

Além da passeata, a ação contou com contação de história em libras, aula de zumba, oficinas, palestras e um show de pagode para encerrar a programação.

Outra organização que marcou presença na passeata foi o Instituto Filippo Smaldone, que oferece atendimento educacional a crianças e adolescentes com deficiência auditiva na Capital.

A professora Pâmela Soares, que leciona a disciplina de Português no Instituto, destacou que a ação realizada na praça Luiza Távora coloca o surdo como protagonista e oferece uma possibilidade para que os ouvintes possam conhecer mais sobre a comunidade surda.

A docente também explicou que o Instituto recebe alunos com diferentes graus de surdez e que todos os integrantes da instituição sabem libras, além da língua ser ofertada para os familiares dos alunos e outras pessoas que compõem a escola.

“A nossa escola é bilíngue. Há alunos com diversos graus de surdez, assim como há alguns que ouvem bem. É bem inclusivo, porque os professores sabem Libras, o corpo da escola sabe Libras. Então, é muito inclusiva porque tem muitos intérpretes, e todos os professores são capacitados para lecionar”,

Além do Instituto Filippo Smaldone, alunos e professores da Escola Municipal de Educação Bilíngue Francisco Suderland Bastos Mota e da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Joaquim Nogueira estiveram na marcha. (Colaborou Levi Macêdo/Especial para O POVO)

O que você achou desse conteúdo?