O eclipse anular do Sol ocorrerá na tarde de hoje, 14, e o fenômeno será visível em grande parte do Brasil. Em algumas regiões do Norte e Nordeste, a população poderá assistir ao fenômeno astronômico de forma completa, como na região do Cariri e Centro-Sul do Ceará.
O eclipse solar anular ou anelar ocorre quando há o alinhamento perfeito entre a Terra, a Lua e o Sol. Nesse caso, a Lua cobre a luz do Sol, porém, devido à distância entre o satélite natural e o planeta, esse bloqueio não é total e apenas as bordas do Sol continuam visíveis, formando uma espécie de “anel de luz”.
Nove estados terão regiões onde a anularidade do fenômeno poderá ser registrada: Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins. Em outros locais, como São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro, o observador verá o fenômeno apenas parcialmente.
De acordo com o astrônomo e colunista do OP+, Romário Fernandes, o eclipse em todo o Ceará terá cerca de duas horas, iniciando-se por volta das 15h25min e terminando em torno de 17h30min. Porém, o percentual de visibilidade terá variações dependendo da localidade.
Em Fortaleza e outros municípios do norte do Estado, o eclipse será parcial e a sombra total não será projetada. Com uma cobertura de cerca 85%, o Sol ficará com o formato minguante nessas regiões.
Segundo Romário Fernandes, o lugar ideal para assistir ao eclipse e observar toda a anularidade será no Centro-Sul do Ceará. “A melhor região para ver, sem dúvida, é o Centro-Sul do Estado, que é onde a gente vai ter a visão da anularidade. Santana do Cariri é uma cidade pequena e muitos astrônomos estão apostando lá como o melhor lugar para ver, mas em Iguatu também, Cariri e toda a região Centro-Sul vai permitir essa visibilidade da anularidade”, destacou.
Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, nessa segunda-feira, 9, o diretor do Planetário Rubens de Azevedo, Dermeval Carneiro, informou que equipamentos da Nasa foram montados na região do Cariri cearense para a transmissão do fenômeno a outras partes do mundo.
Romário Fernandes explica que o fenômeno não é tão difícil de ocorrer e cerca de dois a três eclipses solares acontecem anualmente. Porém, a raridade do fenômeno está relacionada ao registro dos eclipses no mesmo local do planeta.
“Os eclipse solares, mesmo os anulares e os totais, não são tão raros assim, no sentido de que acontecem praticamente todos os anos, mas em locais diferentes da Terra. A sensação que temos é de que o eclipse solar é uma coisa muito rara, porque ele demora para acontecer duas vezes consecutivas na mesma região da Terra. O último eclipse solar anular visível do Ceará foi em 1995. A gente está tendo esse agora e lá para 2043 ou 2045, mais ou menos, a gente vai ter um novo eclipse solar total, visível daqui também”, explicou.
Apesar do alto de percentual de visibilidade do eclipse no Ceará, é necessário ter alguns cuidados na hora de assistir ao fenômeno. O astrônomo Romário Fernandes enfatiza que a observação do eclipse solar não deve ser feita a olho nu e diretamente para o Sol, por conta da intensidade da luz e da possibilidade de danificar a retina.
Uma das alternativas recomendadas pelo especialista é o uso de um método de projeção indireta, como uma câmera escura em uma caixa de papelão, por exemplo. O observador pode deixar a caixa destampada ou criar um buraco para assistir ao fenômeno de maneira indireta.
“Você faz um buraquinho na caixa e deixa passar a luz do sol por esse buraco, projetando dentro da caixa no ambiente escuro. Durante o eclipse, você consegue ver se formando nessa bolinha.”
O fenômeno também pode ser visto com o uso de algum item que proteja os olhos. Nesse caso, há duas opções: o uso de filtro de solda com 14 milímetros, utilizado no visor das máscaras dos soldadores, ou os óculos especiais, que podem ser encontrados em lojas especializadas, apesar da busca aumentar nos últimos dias.
Na loja Casa da Solda, localizada no Centro de Fortaleza, a busca pelo filtro de solda aumentou nos últimos dias. Segundo Fátima, funcionária do estabelecimento, uma fila com cerca de 30 pessoas em busca do item foi registrada na manhã desta sexta-feira, 13.
O produto custa em torno de R$ 18, e a funcionária contou que, por causa da alta procura, os fornecedores elevaram os preços.
Utilizar chapas de raio X, vidro escurecido ou tentar olhar para o sol a partir do reflexo na água não são recomendados, pois podem causar danos à visão. Mesmo com o uso de métodos seguros, Romário também pontua que a população deve evitar olhar para o eclipse durante muito tempo.
“Não é recomendável olhar por minutos consecutivos, porque a luz do Sol acaba superando a barreira protetiva, e isso pode danificar a retina. Você olha ali por 20 ou 30 segundos no máximo, descansa a vista e fica um tempo sem olhar por um minuto. Também não é recomendável ficar exposto por horas seguidas ao Sol, a não ser que esteja com protetor solar. E aí, é só aproveitar o espetáculo”, complementa Romário.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Planetário Rubens Azevedo, do Centro Dragão do Mar, distribuirão aproximadamente oito mil óculos especiais para a ocasião. O fornecimento dos itens foi feito em Fortaleza, Sobral e no Cariri.
Nessa quarta-feira, 11, o Planetário abriu as inscrições, que já foram encerradas, para os moradores de Fortaleza interessados em receber o item. O equipamento distribuirá mil óculos, que poderão ser retirados somente após a realização de um treinamento, feito em duas turmas no Auditório do Dragão do Mar, horas antes do início do eclipse.
A população também poderá assistir ao eclipse no Observatório Astronômico Otto de Alencar, localizado no Campus Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), onde também será feita a distribuição dos óculos, a partir das 15 horas.
O MCTI transmitirá o fenômeno ao vivo pelo canal do Youtube do Observatório Nacional. A transmissão terá início às 11h30min e prosseguirá até 18 horas.
Nasa vai transmitir o eclipse solar com imagens do IFCE de Juazeiro do Norte
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) vai capturar as imagens do eclipse solar direto de Juazeiro do Norte, um dos locais mais favoráveis para acompanhar o fenômeno. Material será utilizado pela Nasa, que deve transmitir evento para o mundo.
Cobertura será feita em um esforço conjunto, com equipamentos e equipes do instituto e também da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Na ocasião, pesquisadores vão utilizar um telescópio acoplado à câmera e filtro solar específico, que permita a observação de uma forma segura.
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Imagens serão disponibilizadas para a agência Time and Date. É por meio dela que a Nasa deve pegar o conteúdo para fazer uma transmissão ao vivo do eclipse, disponibilizando capturas mundialmente.
O IFCE também vai enviar as gravações para o Observatório Nacional. Órgão, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), vai reunir as imagens capturadas em todo Brasil e transmitir ao vivo pelo YouTube, o que vai permitir que as pessoas acompanhem o "eclipse de forma remota e sem riscos".
Conforme Wilami Teixeira, coordenador do Núcleo de Astronomia do IFCE-campus Juazeiro, que coordena o grupo que fará a captura das imagens, só será possível "registrar outro eclipse dessa magnitude" no Ceará em 2045. Pesquisadores de todo o País vão realizar o registro do fenômeno.
"A colaboração de pesquisadores de todo Brasil, principalmente das regiões onde haverá a anularidade completa vai permitir gerar imagens e registrar um evento astronômico tão raro. Essa colaboração é importante pois mesmo que em alguma região esteja em condições meteorológicas desfavoráveis no horário do eclipse, o fenômeno poderá ser captado por outros grupos da parceria", pontua ainda.
Onde: Canal do Observatório Nacional no Youtube ( https://www.youtube.com/watch?v=SoS0tV61z9Y )
Quando: Sábado, 14, às 11h30min