O Parque Estadual das Carnaúbas é uma teia de ecossistemas, como mostrou O POVO em reportagem de agosto do ano passado (Parque das Carnaúbas: mudança pode ser o fim de 24 espécies sob risco de extinção). Na unidade de conservação de proteção integral resiste, por exemplo, uma população de macacos guaribas-da-Caatinga (Alouatta ululata). Um dos dez primatas em perigo de extinção no Brasil, segundo o Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
De acordo com o biólogo Thieres Pinto, da Sertões Consultoria Ambiental, o guariba faz parte de uma lista de 17 mamíferos e sete aves que ainda ocorrem no Parque das Carnaúbas, mas perigam desaparecer do território cearense. A relação dos 17 animais consta na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da Fauna do Ceará - Mamíferos Terrestres, lançada em abril de 2022 pelo próprio Governo do Ceará/Sema.
Há várias razões para o reforço da proteção, segundo o biólogo Thieres Pinto - da Sertões Consultoria Ambiental. Ele explica que a serra da Ubatuba já tem grande extensão dentro do Parque das Carnaúbas, porém há áreas importantes da Serra das Flores que estão sem proteção. Especialmente, a porção sudoeste e as encostas.
As encostas da serra da Ubatuba são o principal refúgio dos guaribas-da-Caatinga (espécie endêmica) no Ceará. A Serra das Flores é também um grande refúgio para a biodiversidade, tão importante quanto a Ubatuba.
Segundo Thieres Pinto, que estuda e fotografa as duas serras desde 2004, há um conjunto de espécies da fauna e flora, paisagens, formação de rios, nascentes, cavernas e todo um patrimônio natural sem proteção adequada. Num parque que é comparado à Chapada da Diamantina.