Em série histórica de 25 anos apontada pelo satélite Aqua, usado como referência pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Ceará teve, em 2023, o terceiro pior outubro em detecções de focos de calor. Ficou atrás apenas dos registros de outubro de 2001 (2.051 focos) e 2003 (2.465 focos). A série histórica foi iniciada em julho de 1998.
Os dados são da base da plataforma do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), monitorados diariamente pela Funceme. Foram anotados 1.969 focos no território cearense, sendo o quarto maior número de registros no Nordeste. Na região, estão à frente o Maranhão (4.283 focos), Piauí (3.982) e Bahia (3.279), respectivamente.
As informações constam no Relatório Mensal Focos de Calor, divulgado nesta terça-feira, 14, pelo Funceme. Em outubro, segundo dados das estações automáticas da Funceme e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Ceará teve 16 picos de temperatura igual ou superior a 40°C.
O número é oito vezes maior que os 2 picos registrados em outubro de 2022 - com o mesmo parâmetro igual ou a mais que 40°C. Os valores mais expressivos desses picos de temperatura no mês passado aconteceram em Barro (41,9°C), Jaguaribe (41,5°C) e Crateús (40,8°C).
Algumas cidades tiveram mais de 1°C acima no registro das temperaturas máximas médias, conforme os dados das estações do Inmet, como Campos Sales (+3,16), Crateús (+1,95), Fortaleza (+1,16), Morada Nova (+1,51) e Quixeramobim (+1,08).
Nas situações de anomalia, a máxima média de Crateús em outubro bateu 38,05°C. A de Fortaleza, 32,76°C. Quanto à umidade relativa do ar, os municípios de Barbalha, Campos Sales, Iguatu, Jaguaribe e Morada Nova se destacaram diariamente em outubro com registros abaixo dos 15%.
Novembro segue com temperaturas muito elevadas no Estado. Nesta terça-feira, 14, os maiores registros chegaram 40,9°C em Jaguaribe, 39,9°C em Barro, 39°C em Crateús e 38,8°C em Alto Santo.
O Relatório detalha como a quantidade de focos de calor no Ceará se espalhou ao longo do mês passado e subsidia as ações de contingenciamento das Defesas Civis do Estado e dos municípios e do Corpo de Bombeiros. O tempo quente, seco e ventos mais intensos, também característicos desta época, favorecem a propagação do fogo em vegetação e, em alguns casos, eventos de incêndios florestais.
Já dentro de novembro, no último dia 9, um desses casos monitorados aconteceu no bairro Cajazeiras, em Fortaleza. Um incêndio atingiu área de vegetação nas proximidades da Arena Castelão. Moradores da região relataram que o fogo teria começado com a explosão de um transformador de energia. As chamas teriam se alastrado justamente com a ajuda do vento.
No último dia 27 de outubro, o Ceará chegou a liderar nacionalmente o ranking de focos numa mesma data. O satélite de referência anotou 407 focos de calor no mesmo dia em solo cearense, segundo o documento. O sensor considera uma frente de fogo com a medida a partir de 30 metros de extensão por 1 metro de largura.
A cada ano, o segundo semestre é o período mais associado a queimadas irregulares e incêndios florestais no Estado. Na agricultura mais rudimentar, é quando o sertanejo prepara a terra e, ainda erradamente, opta por limpar os roçados antigos com fogo. Coincide com a época menos chuvosa no mapa cearense.
"Grande parte do Estado não apresentou chuva acima de 1 milímetro (mm), embora haja registros de precipitação entre 1 e 10 mm em algumas áreas do Litoral de Fortaleza, Maciço de Baturité e Cariri", destaca o documento.
Mais informações sobre o relatório podem ser acessadas no site funceme.br/queimadas