A Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Sítio Curió, mais conhecida como Floresta do Curió, localizado no bairro de mesmo nome, em Fortaleza, foi reconhecida como Posto Avançado (P.A) da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no ultimo dia 22 de novembro. A certificação ocorreu durante o 32ª Encontro Anual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, entre os dias 20 e 25 de novembro.
O título, na prática, faz com que o ambiente se torne um centro de divulgação de ideias, conceitos, programas e projetos desenvolvidos pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CN-RBMA).
“A Floresta do Curió é uma área de relevante interesse ecológico. É uma floresta de 57 hectares com trabalhos muitos bons lá dentro e condicionou-se que poderia ser um Posto Avançado”, destaca Fernando Bezerra, secretário-executivo da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema).
Para se tornar um P.A, o espaço tem que ser uma unidade de conservação: estadual, municipal ou federal. No caso da Floresta do Curió, estadual. Outra obrigatoriedade é que a unidade desenvolva, ao menos, duas de três funções básicas dentro da reserva. “Número um: a proteção da biodiversidade. Número dois: o desenvolvimento sustentável. E, em terceiro, [a produção] de conhecimento científico”, explica Fernando. A Floresta do Curió atende todas as condicionantes. “Nossas atividades são bastante eficientes dentro daquela área que é belíssima, e pouca gente conhece.”
O Ceará, além disso, tem outros três pontos reconhecidos como Postos Avançados, são eles: Parque do Cocó, em Fortaleza, o Parque Botânico, em Caucaia, e o Refúgio da Vida Silvestre Periquito Cara Suja, em Guaramiranga.
O título é concedido pelo Conselho Nacional da RBMA, com validade de quatro anos. O certificado pode ser renovado mediante um rigoroso processo de avaliação.
José Ricardo de Lima, 67, mora no bairro do Curió há 18 anos e costuma frequentar o espaço há mais de uma década. “Faz 15 [anos] que eu caminho aqui dentro da floresta. Aqui é meu ponto fixo, é onde eu adquiri minha saúde.”
“Recentemente, no Dia das Crianças, eu trouxe minha esposa e filha para cá, a gente fez um café da manhã muito legal, a gente adorou”, diz José. “Aqui é um ponto esportivo e familiar, eu diria assim.”
Pedro Lucas, 20, é outro que mora na região do Curió e costuma frequentar a floresta. “Eu sempre venho pra cá fazer alguns exercícios: correr, fazer barra, abdominal, essas coisas”, diz ele.
“Sempre gostei de vir para cá, desde pivete [para] brincar e tal. Aqui a gente sente que o cara se renova. Toda manhã eu acordo, merendo e venho para cá”, adiciona.
Outra pessoa que costuma realizar atividades físicas no local é Israel Araújo, 28. Ele gosta de caminhar pela Floresta por causa da sombra das árvores.
“Eu tenho amigos que, às vezes, vem lá da Aldeota para cá fazer uma caminhada comigo, porque o mais ou menos parecido [com a Floresta] é o Parque do Cocó. Fora lá, não conheço [outro] espaços do tipo”, cita.
A área é mantida pelo Grupo Telles, dono de empresas como Naturágua e Agropaulo. Em nota, o grupo informou que mantém uma agenda de gestão ambiental a partir de um conjunto de ações socioambientais e "investimentos em inovação de produtos e em infraestrutura". O conglomerado empresarial destaca a preservação e gestão da Floresta do Curió como uma das suas principais iniciativas.
"Classificada como a primeira Arie do Ceará, este espaço verde em plena área urbana na capital cearense, situado entre os bairros de Messejana e Curió, ocupa 57 hectares de mata atlântica. Nesse habitat quase intocado e pontuado por riachos e olhos d’água vivem mais de 90 espécies de animais, entre mamíferos, aves e répteis", diz a nota.
"A fim de preservar a natureza para as atuais e futuras gerações, criou-se um consórcio administrado e gerido com recursos privados do Grupo Telles e da Naturágua, que promove a socialização e a interação com a floresta, abrangendo programações realizadas pelo Instituto Natureza Viva e Secretaria de Meio Ambiente do Ceará", informa ainda o comunicado. De acordo com a empresa, entre 2021 e 2022, cerca de 30 mil pessoas visitaram a floresta.
Atualizada às 16h30min