O Brasil manteve-se estável nas pontuações em matemática, leitura e ciências no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). No entanto, menos de 50% dos alunos conseguiram nível mínimo de aprendizado em matemática e ciências. A situação é mais crítica em matemática: 73% dos alunos não sabem o básico.
Em 2022, o país alcançou 379 pontos em matemática, 410 em leitura e 403 em ciências, conforme resultados divulgados nesta terça-feira, 5, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já em 2018, ano anterior avaliado, o desempenho foi 384 pontos em matemática, 413 em leitura e 404 em ciências.
“Os resultados médios de 2022 foram praticamente os mesmos de 2018 em matemática, leitura e ciências. Os resultados do Pisa têm-se mantido notavelmente estáveis durante um longo período: depois de 2009, nas três disciplinas, apenas foram observadas flutuações pequenas e, em sua maioria, não significativas”, diz o relatório.
Aplicado a cada três anos, o Pisa avalia os conhecimentos dos estudantes de 15 anos de idade nas três disciplinas. No total, 690 mil estudantes de 81 países fizeram os testes. No Brasil, 10.798 alunos de 599 escolas passaram pela avaliação.
Com os resultados de 2022, o Brasil continua no grupo abaixo da média dos países da OCDE nas três disciplinas: 472 pontos em matemática, 476 em leitura e 485 em ciências.
No ranking, ficou no 64º lugar entre as notas em matemática, 53º em leitura e 61º em ciências, atrás de outros latino-americanos, como o Chile, Uruguai, México e a Costa Rica.
De acordo com o levantamento, 27% dos alunos brasileiros alcançaram o nível 2 de proficiência em matemática, considerado o patamar mínimo de aprendizado, enquanto que a média dos países da OCDE na disciplina é 69%.
Apenas 1% dos estudantes no país conseguiram os níveis 5 ou 6, considerados os mais altos, quando os alunos resolvem problemas complexos, comparam e avaliam estratégias. A média da OCDE é 9%.
Dos 81 países e economias participantes do Pisa 2022, somente em 16 mais de 10% dos alunos atingiram o nível 5 ou 6.
Quanto à leitura, metade dos estudantes no Brasil obtiveram o nível 2 ou mais. Apesar de melhor desempenho, o percentual ainda fica abaixo da média da OCDE, 74%. Nos patamares 5 e 6, o percentual foi de apenas 2%.
Em ciências, cerca de 45% dos alunos chegaram ao nível 2, contra 76% da média da OCDE. Os estudantes com melhor desempenho somaram apenas 1%.
Em comparação ao Pisa de 2018, o desempenho médio nos países da OCDE caiu dez pontos em leitura e quase 15 pontos em matemática. Em ciências, a média ficou estável.
Conforme o relatório, estima-se que aproximadamente 25% dos jovens de 15 anos nos países membros da OCDE, ou seja 16 milhões, não atingiram o nível 2, ou seja, têm dificuldade em fazer cálculos com algoritmos básicos ou interpretar textos simples.
Em nações como a Alemanha, Islândia, os Países Baixos, a Noruega e Polônia, as notas em matemática caíram 25 pontos ou mais entre 2018 e 2022.
“Embora seja evidente que alguns países e economias têm desempenho muito bom na educação, o quadro geral é mais preocupante. Em mais de duas décadas de testes globais do Pisa, a pontuação média não mudou drasticamente entre avaliações consecutivas. Mas este ciclo viu uma queda sem precedentes no desempenho”, diz o relatório.
De acordo com o levantamento, a pandemia de covid-19 causou impacto na educação dos jovens nesse período — com fechamento de escolas e adoção de aulas online — porém não pode ser apontada como única causa para o desempenho inferior nos países.
O relatório diz não ter identificado “diferença clara” nas notas de 2022 em razão do fechamento de escolas por mais ou menos de três meses na pandemia.
Edição de 2025 terá avaliação por estado, diz ministro da Educação
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) no Brasil passará a ser feito por estados. A informação foi dada na manhã dessa terça-feira, 5, durante coletiva de imprensa para anunciar os resultados do Pisa 2022, na sede do Ministério da Educação (MEC). A avaliação, que está prevista para ser aplicada em 2025, deve abranger 40 mil estudantes de 15 anos.
"No próximo Pisa, queremos avaliar por estado, para que possamos ter um panorama mais pontual. [Nesta edição, 2022] Foi avaliado por região. Todas nossas ações [do MEC] estão focadas na redução da desigualdade e inclusão. Queremos que nosso próximo Pisa a gente possa ter um retrato desses alunos, e não dá para fazer com somente essa amostra de dez mil alunos", declarou Camilo Santana.
O Pisa é o maior exame de estudantes do mundo. Desde os anos 2000, ele é realizado a cada três anos e avalia estudantes na faixa etária de 15 anos, independente da série em que estejam. O Pisa avalia as competências e habilidades dos alunos em três áreas: Leitura, Matemática e Ciência.
Dentre os dados obtidos, estão comparações entre estudantes de escolas públicas e particulares, pobres e ricos, meninos e meninas. Os estudantes também responderam questionários sobre a escola, a relação com a família, bullying e competências digitais. Os resultados servem como indicadores dos sistemas de educação dos países e diretrizes para a criação de políticas públicas.
Na edição de 2022, o foco da avaliação foi na área da matemática. Em comparação ao Pisa de 2018, última edição antes da pandemia, o desempenho médio nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) caiu dez pontos em leitura e quase 15 pontos em matemática. Em ciências, a média ficou estável.
Conforme o ministro Camilo Santana, os resultados mostram a desigualdade do País. "Queremos reduzir essas desigualdades e, para melhorar os índices do País nos próximos anos, há a necessidade de investimentos na educação básica", aponta.
“Precisamos alfabetizar as crianças na idade certa, devemos ter a garantia de escola mais atrativa e de tempo integral, garantir a permanência do jovem na escola, além da melhoria da formação inicial e continuada dos professores nas universidades, que estão indo para escolas de formação básica”, pontuou.
Quando questionado sobre a reserva de investimentos para a aplicação dessas políticas públicas, Camilo Santana ressaltou que “todas já têm recurso orçamentário até 2026”.
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