Mateus Fernandes dos Santos Souza, conhecido como “Gato a Jato”, foi preso por policiais penais e militares na manhã dessa sexta-feira,8. Tratava-se do último último acusado pela chacina ocorrida em Quixeramobim (Sertão Central) em 2018 ainda em liberdade, após fugir, em novembro de 2022, de uma viatura que o reconduzia ao presídio.
Mateus foi o 119º fugitivo recapturado no Estado desde 2019. Esse número corresponde a 73,91% dos presos que conseguiram fugir dos presídios cearenses desde a criação da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP).
Desde a chegada de Mauro Albuquerque ao Ceará, 161 presos fugiram de presídios, sendo que, neste ano, esse número é de 51— conforme O POVO mostrou em novembro último, é o maior número de fugas desde 2019, embora os números ainda sejam melhores que o registrado à época da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus).
Dentre os presos que conseguiram fugir, sete morreram antes de serem recapturados, de tal forma que ainda existem 35 presos foragidos. “As equipes da SAP permanecem em diligências ininterruptas para recapturar todos”, informou a pasta.
A prisão de Mateus Fernandes dos Santos Souza ocorreu na localidade de Sítio São Luís, Zona Rural da cidade de Choró, no Sertão de Quixeramobim. Com ele, haviam fugido Izaías Maciel da Costa, o “Mucuim” e Francisco Fábio Aragão da Silva, o “Pão”. Estes dois foram recapturados em janeiro.
O trio fugiu no momento em que eram reconduzidos para uma unidade prisional após serem submetidos a julgamento pela chacina — o trio foi condenado a penas que, somadas, ultrapassam os 200 anos.
Em outubro último, os quatro policiais penais envolvidos na ocorrência foram suspensos por 60 dias “por terem procedido de forma desidiosa, facilitando, culposamente, a fuga dos referidos internos”, conforme portaria da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).
A investigação, porém, afastou a possibilidade de corrupção passiva por parte dos agentes. Em depoimento, Izaias afirmou que abriu as algemas com o dente de um garfo de plástico que conseguiu guardar após refeição no Fórum Clóvis Beviláqua.
Em seguida, os presos arrombaram a tela de proteção do xadrez e pularam quando a viatura reduziu a velocidade para entrar no complexo penitenciário.
A Chacina de Quixeramobim, ocorrida em 28 de novembro de 2018, deixou quatro mortos: Francisco Neto Lopes de Sousa, Débora Mayra do Nascimento de Sousa, Antônio Daniela Alves Pereira e Antônia Heyla Ferreira de Oliveira.
O crime, conforme a investigação, ocorreu por vingança e no contexto de disputa entre facções criminosas. O pai de Izaías havia sido morto por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e ele, integrante do Comando Vermelho (CV), passou a matar membros da facção rival, acompanhados dos comparsas.
Conforme uma testemunha ouvida no processo, as mulheres mortas no crime atearam fogo na casa de um familiar de Izaías oito meses antes da chacina.