Sentados em bancos, cadeiras, calçadas e até em pé, centenas de fiéis lotaram a Catedral Metropolitana, na noite de ontem, 15, para celebrar a posse de dom Gregório Paixão, o novo arcebispo de Fortaleza. A cerimônia reuniu religiosos e fiéis da Capital e também vindos do Interior.
O início da cerimônia se deu com a entrada do novo arcebispo. Na sua frente, como em uma espécie de ritual de passagem, estava dom José Antônio, arcebispo emérito. Ambos foram recebidos por uma multidão de pessoas, que emitiam palmas fervorosas e davam gritos de boas-vindas ao novo eclesiástico.
Em seguida foi dada inicio a uma procissão formada por padres de diversos cantos do Ceará e do Rio de Janeiro, estado onde dom Gregório atuava. Dentre os sacerdotes estava padre Antônio Junior, da arquidiocese de Fortaleza, que destacou alegria do momento e considerou dia como "grandioso" e "único".
Sentimento era parecido ao vivido pelo padre Tiago Gomes, diretor acadêmico da Faculdade Católica de Fortaleza (FCF). "A gente espera que ele consiga dar continuidade aquilo que dom José brilhantemente fez, nos eventos, no plano de pastoral (...) Esse zelo mesmo de cuidar do povo de Deus", disse.
Se a expectativa era grande para os representantes religiosos, parecia ser ainda maior pelo lado dos fiéis. Antes mesmo da cerimônia ter início a igreja já se encontrava lotada no lado interno. Já na parte externa, católicos disputavam espaços nas calçadas, sentando em cadeira, bancos, ou ficando até mesmo em pé.
É o caso de Fernando Teixeira, 41, que participa da Comunidade Véu de Maria, localizada no bairro João XXIII. Ele foi de caravana junto com outros fieis mas não conseguiu espaço para sentar. Se fincou então na entrada da igreja, onde permaneceu segurando um cartaz de boas-vindas ao novo arcebispo.
"Estamos bem empolgados. Como o nosso Estado é muito grande ele (dom Gregório) tem uma missão muito grande. Viemos aqui prestigiar e desejar a ele boa sorte", apontou o fiel.
Fátima Sousa, 67, também não encontrou local para sentar. A professora, que veio de Tabuleiro do Norte, precisou assistir à cerimônia escorada em um dos muros do lado de fora da igreja. "É muito gratificante. Só (estou com) dificuldade para assistir e captar a mensagem", chegou a dizer na ocasião.
Já Maria Liduina, 67, veio do município de Acarape, no Maciço de Baturité, somente para assistir à cerimônia. Ela trouxe um banco para não correr o risco de ficar em pé e o escorou próximo à grade do lado de fora da igreja. Junto com o assento, também levou uma sacola com água, comida e remédio.
"É uma maravilha (estar aqui). Eu tava até doente, com dor, mas eu disse 'eu vou, em nome de Jesus', tô muito feliz", disse. Quem não levou cadeira e não conseguiu espaço do lado de dentro, ficou atrás dos portões. Houve até quem colocasse o rosto entre as grades e subisse em lixeiras para conseguir acompanhar a celebração por meio do enorme telão colocado próximo à porta da igreja.
Além de sacerdotes e fieis, também estiveram presentes na ocasião figuras políticas do Rio de Janeiro e do Ceará, como Lia de Freitas, primeira-dama do Estado, e Elcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza.
Sob a mira de centenas de olhares, dom Gregório discursou agradecendo a presença dos sacerdotes que compareceram na ocasião, à sua família ao papa Francsico, que o resignou ao novo cargo. Ele também pediu união entre representantes de municípios cearenses e falou para os fiéis.
"Eu sou a novidade para vocês e vocês são a novidade para mim. Não tenhamos medo dessa novidade, pois foi Deus quem fez com que nossos caminhos se encontrassem. Portanto, desejo conhece-los a partir do coração, entro em suas vidas como servidor, e entro pela porta da frente. Peço licença, bato a porta para ingressar no coração de vocês, na casa de vocês, na vida de vocês. Para vivermos a alegria da vida partilhada", disse na ocasião.
"De tudo farei para me unir ao governo municipal, estadual, federal, operando com total independência e respeito em busca do bem comum para a população desse abençoado estado do Ceará", completou ainda.