O mar da Praia do Futuro, em Fortaleza, apresentou manchas amarelas e com tons marrons nessa segunda-feira, 1º de janeiro. A mudança de tonalidade assusta os banhistas que se deparam com o cenário logo após a virada do ano. O cenário, no entanto, é natural e acontece, principalmente, no início do ano, estendendo-se pelo primeiro semestre do ano.
Trata-se de um acúmulo de microalgas, que são arrastadas do fundo mar para a superfície em virtude do movimento das águas do mar. O fenômeno, acontece durante todo o ano, mas é mais notado entre os meses de janeiro a maio. Três fatores promovem a maior percepção do fenômeno nesta época: a presença de poucos ventos, o período chuvoso e as ondas mais fortes.
De acordo com o professor e pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares, as algas são organismos que chegam a atingir 2 milímetros de tamanho. As algas vivem junto à areia, no fundo do mar, e quando as ondas quebram elas são levadas para a superfície.
“Como a Praia do Futuro tem mais energia, as ondas quebram e as algas são encontradas na zona de surfe [local da quebra da onda]. Os poucos ventos, por sua vez, deixam elas [algas] se acumularem”, explica. Já a chuva, aumenta os nutrientes no mar.
Além do Brasil, o fenômeno do acúmulo de microalgas ocorre em outros países, como Austrália e África do Sul. O registro da Praia do Futuro, na capital cearense, é o que acontece mais perto da Linha do Equador, segundo Soares. A característica em comum é que são praias com o clima subtropical e temperado, o que influencia na quantidade de nutrientes, calor e movimento da maré.
Ainda conforme o pesquisador do Labomar, outro fator importante para a ocorrência do fenômeno é o movimento chamado Swell Fenômeno meteorológico capaz de gerar grandes ondas O movimento é relacionado ao surgimento de ondas grandes, que trazem maior movimentação no mar e trazem as algas que estão no fundo para a superfície.
Soares destaca que as microalgas, no entanto, não são tóxicas, mas os banhistas devem estar atentos aos boletins de balneabilidade da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
O POVO procurou a Semace nesta terça-feira, 2, para saber qual a explicação da mudança da tonalidade da água da Praia do Futuro pelo órgão, se o fenômeno apresenta perigo aos banhistas e quais as recomendações da balneabilidade no local.
A pasta, no entanto, não respondeu até o fechamento desta edição.