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Ato de cicloativistas homenageia a artista venezuelana morta no Amazonas
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Ato de cicloativistas homenageia a artista venezuelana morta no Amazonas

A artista morta de forma brutal no Amazonas tem vida celebrada em bicicleata organizada pela comunidade do circo
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A homenagem começou na frente do Cineteatro São Luiz (Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo A homenagem começou na frente do Cineteatro São Luiz

Ciclistas, artistas e curiosos participaram nessa sexta-feira, 12, de uma bicicleata em homenagem à artista venezuelana Julieta Hernández, vítima de feminicídio no Amazonas. O ato começou às 16 horas na Praça do Ferreira, em frente ao Cineteatro São Luiz e seguiu até a Praça da Gentilândia.

A manifestação foi organizada pela Rede de Comicidade Feminina, Fórum do Circo Ceará, mulheres artistas e ciclistas. A iniciativa ocorreu em 140 cidades do País, incluindo pelo menos quatro do Ceará - Fortaleza, Maracanaú, Crato e Juazeiro do Norte.

Um dos participantes, Edson Farias, de 27 anos, que trabalha no terceiro setor, afirma que se sente atravessado como ciclista. O que o fez participar da ação foi por conta de Julieta “ser uma inspiração de liberdade, pela coragem que tinha como mulher, em se jogar no mundo e quebrar esse vínculo de estar presa dentro”.

“Ela usava a bike como esse veículo. E também a proximidade com outros cicloativistas, viajantes e mulheres que estão em vulnerabilidade pela violência. Vimos que uma mulher que demonstrava tanta coragem como Julieta foi suscetível a violência, como ela foi brutalmente e simbolicamente morta", complementa Edson.

A personagem Palhaça Jujuba, interpretada por Julieta, é lembrada como alegre. A arte de Julieta ia em locais onde não tinha nem água potável, como é descrito em um panfleto distribuído aos presentes no evento: “Esse protesto é uma luta por justiça, mas também uma celebração pelo direito de cada uma de nós - mulheres, artistas, palhaças, ciclistas - estarmos vivas”.

Após a ação, o grupo se deslocou, alguns de bicicleta e outros a pé, em direção à Praça da Gentilândia, onde ocorreu o sarau “Soy Libre Como El Viento” com 20 artistas, entre poetas e rodas de capoeiras. O deslocamento foi tranquilo, para que todos pudessem participar.

Nem mesmo as ruas interditadas pelo Pré-Carnaval organizado na Praça do Ferreira impediram o deslocamento dos participantes, que seguiram pela avenida Senador Pompeu.

“Acabou que essa movimentação não só de artistas e palhaços mas também de ciclistas e a sociedade civil como um todo se solidarizou e endossou esse caldo”, ressalta uma das organizadoras, a artista Brenda Louise.

Para Vitória Pozzan, de 26 anos, o fato de ela ser uma artista e também ciclista influenciou a sua presença na manifestação. “Me sinto representada, me sinto Julieta também. Sempre me desloco com muita coragem, mas sabendo dos perigos que a Cidade apresenta. Eu tô aqui pelas mulheres, por mim, porque acho que estar em luta ainda hoje por uma coisa que é básica, que é o direito de ir e vir, o direito de existir”, complementa a atriz.

Brenda Louise afirma que o evento ocorreu tanto no cenário nacional quanto internacional. “Os grupos de palhaçaria feminina se sensibilizaram, afinal, Julieta era uma palhaça muito conhecida dentre as outras palhaças. Ela circulava o Brasil inteiro, inclusive tinha ganhado um sapato de palhaça do Expedito Seleiro quando esteve no Cariri”, afirma.

Apesar de nunca ter conhecido Julieta Hernández, Brenda diz que estava ansiosa para conhecê-la, que tem amigas que já trabalharam com ela. “Todo mundo falava muito bem dela e adorava ver os vídeos e acompanhá-la. Mas nunca a vi pessoalmente. Não tive a troca, mas conheci o amor que ela gerou. Que foram essas inúmeras pessoas que estiveram com ela”.

Serviço

O evento, além de contribuir para reforçar o legado de Julieta, ocorreu para ajudar os familiares da vítima.

A família de Julieta recebe apoio financeiro para lidar com o impacto dessa tragédia por meio da conta PayPal (sophialarouge@gmail.com) ou pelo Pix: contato@circodisoladies.com.br

 

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