Em outro ponto da favela, o alagamento ocorreu após uma rachadura abrir no muro de uma fábrica abandonada, localizada atrás de metade das casas interditadas. Nesse caso, a água veio tanto da rua, quanto pelas paredes dos fundos. Em uma das moradias, o chão levantou e as paredes ficaram manchadas pela água na altura da inundação.

"Aqui, o que a gente teme é o efeito Brumadinho", diz Rutênio, referindo-se à possibilidade de o muro da fábrica estourar. O instituto está tentando descobrir quem é o proprietário da edificação para averiguar como resolver o dano estrutural. Apesar de a Defesa Civil ter autorizado a permanência das famílias em casas sem risco iminente de queda, o líder social reforça a situação de vulnerabilidade e o medo de as próximas chuvas agravarem o cenário.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, foram 140 ocorrências atendidas em Fortaleza entre sábado, 10, e domingo, 11. Do total, 98 foram salvamentos, dentre os quais sete pessoas foram resgatadas em elevadores, cinco em desabamentos, três em inundações e uma por ter ficado presa na residência. No domingo, também houve um atendimento pré-hospitalar, provavelmente durante caso de desabamento no Poço da Draga. Na ocasião, a vendedora ambulante Rosa Ferreira foi atingida pelo teto da casa em desabamento e sofreu ferimentos leves no joelho e nos braços.

O cientista do clima Alexandre Costa, professor na Universidade Estadual do Ceará (Uece), explica que chuvas intensas em um único dia como estas são mais prováveis por causa da emergência climática. Ainda que não seja possível atribuir esta chuva em específico ao aquecimento global, é fato que a crise climática aumenta a probabilidade de eventos extremos.