A Polícia Militar do Ceará (PMCE) informou que está realizando diligências e reforçou abordagens na divisa entre Ceará e o Rio Grande do Norte. As ações ocorrem após a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), na quarta-feira passada, 14.
O Comandante Geral da PMCE, coronel Klênio Savyo, informou em entrevista exclusiva ao O POVO, nessa quinta-feira, 15, que enviou o Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (Bepi) para dar apoio de forma direta nas buscas junto às forças estaduais da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte
(PM RN) e agentes federais.
Os presos que fugiram da unidade são Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, que atuam como chefes na organização criminosa Comando Vermelho (CV). Os dois estavam em unidade federal há quatro meses. Eles foram transferidos para a unidade de segurança máxima localizada em Mossoró em 2023, após participação de uma rebelião no presídio de Antônio Amaro Alves, no Acre. Os dois criminosos fugitivos são aliados de Fernandinho Beira Mar, que também está na unidade de Mossoró.
O comandante geral da PMCE informou que há um trabalho integrado com as forças de segurança do Ceará e Rio Grande do Norte com atenção as rodovias federais e estaduais. O coronel ressaltou que o policiamento sediado nas localidades que fazem limite com RN estão atentos à situação da fuga. "Assim como nosso policiamento que é sediado em cidades que fazem limite com as cidades do RN, como Icapuí, que é divisa com Mossoró, estão atentos à situação", aponta.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) divulgou que levantamentos da equipe de inteligência da SSPDS e suas vinculadas também são realizadas com o objetivo de auxiliar nos trabalhos desenvolvidos pelo Rio Grande do Norte.
A unidade de Mossoró é a única entre das cinco unidades de segurança máxima sediadas no Nordeste. No Ceará, há uma unidade estadual apontada pelo secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, como de segurança máxima, por concentrar criminosos que exercem poder de lideranças nas facções criminosas.
Equipe de 100 agentes da Polícia Federal, 100 da Polícia Rodoviária Federal e 100 agentes das forças policiais locais atuam desde quarta-feira passada na busca dos dois presos fugitivos. Também estão sendo utilizados nas buscas três helicópteros (um da Polícia Federal, um da Polícia Rodoviária Federal e um do governo do Rio Grande do Norte) e drones para auxiliar na procura pelos fugitivos.
“Todos os esforços das autoridades federais e locais e com equipamentos importantes como helicópteros e drones estão voltados para a recaptura desses dois fugitivos”, destacou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, nessa quinta-feira (15), durante coletiva .
Segundo o ministro, as autoridades acreditam que os fugitivos estão em um perímetro de 15 quilômetros de distância do presídio, onde fica uma zona rural. “Pelas videocâmaras não identificamos nenhum veículo que os tenha buscado quando transpuseram a grade do presídio. Também não temos notícia de furto ou roubo de veículo na região. Portanto, imaginamos que esses fugitivos devem ainda se encontrar naquela região”, conclui Lewandowski.
Além disso, uma casa rural foi invadida nas proximidades, onde houve furto de roupas e de comida. “Certamente, isso pode estar relacionado a esses dois fugitivos que estão tentando sobreviver nesta área”
O ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski determinou o afastamento da direção da unidade e nomeou o ex-diretor da Penitenciária Federal em Catanduvas (PR), Carlos Luís Vieira Pires como interventor da unidade prisional no RN. O ministro também ordenou a revisão dos protocolos de segurança das cinco unidades de segurança máxima do Brasil. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar as circunstancias da fuga.
A Agência Brasil divulgou que o Rio de Janeiro também monitora a possível chegada dos dois fugitivos. O secretário estadual da Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, informou que há um contato com as polícias de outros estados e que o processo de monitoramento envolve a inteligência da Polícia Civil.
Colabararam repórter Luciano Cesário, da rádio O POVO CBN e a repórter Penélope Menezes
Ministro anuncia medidas para evitar novas fugas
O Governo Federal vai construir muralhas de proteção em todos os presídios federais na tentativa de evitar novas fugas de detentos. A medida foi anunciada ontem pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, como resposta à fuga de dois criminosos do presídio federal de Mossoró. Na madrugada de quarta, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da penitenciária escalando a luminária de suas celas até o teto da cadeia. Depois, chegaram ao pátio, onde ocorre uma obra, e pegaram um alicate com o qual cortaram o alambrado da penitenciária e fugiram.
Atualmente, das cinco cadeias federais, só a penitenciária de Brasília tem uma muralha de proteção. O ministro anunciou que as estruturas serão construídas nos outros quatro presídios federais - Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN) - com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Além das muralhas, Lewandowski anunciou a modernização do sistema de câmeras dos presídios e controle de acesso às unidades com sistema de reconhecimento facial de presos, visitantes e advogados.
Anunciou ainda reforço no efetivo de policiais penais. Serão convocados 80 agentes já aprovados em concurso para incrementar a segurança."Desde as primeiras horas do acontecimento estamos ativos, empregando todos nossos recursos para recapturar os fugitivos, apurar as responsabilidades e prevenir a repetição de um episódio como esse", disse. (AE)
Para Ricardo Lewandowski, os fugitivos encontraram uma série de facilidades
Conforme o ministro da Justiça e Segurança Pública,Ricardo Lewandowski, os fugitivos encontraram uma série de facilidades que tornaram a escapada possível. Parte das câmeras não estava funcionando adequadamente e algumas luzes estavam apagadas no momento da fuga.
Ainda segundo Lewandowski, Mendonça e Nascimento escalaram a luminária, chegaram ao teto e acessaram o local onde é realizada uma obra, onde pegaram ferramentas. Como o local da reforma só estava protegido por um tapume de metal, os detentos encontraram uma brecha, saíram e cortaram o alambrado de proteção com um alicate recolhido na obra.
Segundo Ricardo Lewandowski, o presídio tinha diversas falhas em sua construção, o que também tornou a fuga mais fácil. "O presídio estava passando por reforma interna, havia operários dentro da unidade, ferramentas que não estavam devidamente acondicionadas e trancadas. Possivelmente, estavam espalhadas", descreveu. "Houve uma fuga pela luminária da cela e, em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava protegida e fechada com um simples trabalho comum de alvenaria "
Por sua vez, o secretário nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública, André Garcia, afirmou que a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) foi um "evento inusitado" que não se repetirá.
"Vamos trabalhar para que um fato inusitado como este seja irrepetível", assegurou Garcia ao conceder entrevista coletiva em Mossoró, ontem(15).
Ao lamentar que a primeira fuga de presos, em uma das cinco penitenciárias federais existentes no País tenha "maculado" o sistema penitenciário, André Garcia declarou que não há possibilidade de outras fugas das unidades de segurança máxima se os protocolos de segurança forem seguidos rigorosamente.(Das agências Estado e Brasil)