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Águas da Transposição do Rio São Francisco são liberadas ao Ceará nesta sexta, 16
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Águas da Transposição do Rio São Francisco são liberadas ao Ceará nesta sexta, 16

Água chegou na barragem de Jati e segue com destino ao Castanhão. Segundo o governador Elmano de Freitas, foi liberada vazão máxima
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BARRAGEM de Jati já recebe as águas do rio São Francisco (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves BARRAGEM de Jati já recebe as águas do rio São Francisco

Águas da Transposição do Rio São Francisco foram liberadas para o Ceará nessa sexta-feira, 16, e chegou na barragem de Jati. Em publicação nas redes sociais, o governador Elmano de Freitas (PT) divulgou que havia solicitado ao ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, liberação da quantidade máxima, na vazão de 6,5 m³ por segundo.

Água sairá do município de Jati e segue pelos 53km do trecho emergencial do Cinturão das Águas (CAC) para o açude Castanhão, maior reservatório do Ceará. O esperado é que a água corrente reduza possíveis infiltrações e, consequentemente, o desperdício de água.

A partir do acionamento da comporta, as águas percorrerão um total de 300km até o açude Castanhão passando pelo Riacho Seco, Rio Salgado e Rio Jaguaribe. A previsão é que o desague no Castanhão aconteça em até 20 dias, beneficiando cerca de 4,5 milhões de cearenses.

A medida é uma estratégia diante do prognóstico de seca para este ano divulgado em janeiro pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A previsão também apontou 45% de probabilidade de chuvas abaixo da média entre fevereiro e abril de 2024 e destacou o impacto do fenômeno El Niño no Nordeste.

De acordo com Elmano, a ação também planeja aproveitar as chuvas recentes registradas no estado do Ceará.

"Com o solo úmido e a presença de água corrente no percurso até o Castanhão, são reduzidas as infiltrações e, com isso, o desperdício de água. O objetivo é realizar uma avaliação técnica constante para fazer o controle eficiente da liberação de água da Transposição conforme os níveis de chuva, priorizando o máximo de recarga do Castanhão com o mínimo de desperdício de água no trajeto", escreveu.

Em entrevista à rádio O POVO CBN, nesta sexta, o secretário executivo de Planejamento e Gestão Interna dos Recursos Hídricos, Ramon Rodrigues, explicou que essa água será recebida na barragem de Jati, depois para o Riacho Seco, seguindo para os rios Salgado e Jaguaribe e, em seguida, açude Castanhão.

Segundo o secretário, essa água será voltada para o abastecimento humano e deverá ser levada para o sistema metropolitano. 

“Essa água chegando ao Castanhão, a gente vai trazer imediatamente pro sistema metropolitano. A prioridade maior dela é o abastecimento humano. Então, a gente traz essa água do Castanhão para a Região Metropolitana e, com isso, a gente evita um conflito entre as bacias interioranas e a bacia metropolitana [...] O que nós estamos fazendo com a transferência dessa água do São Francisco é antecipando uma possível seca no próximo ano, uma possível continuidade do período seco”, explicou.

O coordenador do Fórum Cearense de Comitês de Bacias Hidrográficas, Aridiano Belk de Oliveira, afirma que a liberação da vazão máxima foi necessária, considerando o prognóstico de maior probabilidade de chuvas abaixo da média.

"É muito importante porque tanto beneficia a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) como também as cidades do Vale do Jaguaribe e o setor produtivo", afirmou.

Segundo ele, mesmo com a preocupação a respeito da quadra chuvosa, o quadro de abastecimento pode ser considerado "bom". "Não posso dizer confortável. Mas a gente já teve cenários bem piores", comparou. 

Balanço dos primeiros quinze dias de fevereiro

No momento, levando em conta apenas os primeiros quinze dias deste mês, as chuvas de fevereiro no Ceará encontram-se abaixo da normalidade, segundo a Funceme.

A média histórica para o mês é de 121,3 milímetros e os dados preliminares apontam um acumulado de 79,2 mm até o momento.

As macrorregiões também apresentaram desvios negativos, porém, o Cariri e o Litoral de Fortaleza estão, parcialmente, dentro da faixa de normalidade.

De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Açude Germinal, localizado no município de Palmácia, é o único do estado que está vertendo neste momento, passando o volume total de 2,11 milhões de m³. O açude atende às comunidades ao longo do leito do Rio Pacoti.

A Companhia também aponta que não há outros reservatórios monitorados pela Cogerh hoje que apresentem reservas superiores a 90%. 

Colaborou Gabriel Damasceno/Especial para O POVO

El Niño

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico. Esse aumento de temperatura influencia na atmosfera, criando áreas com ventos mais quentes e úmidos.

Fevereiro registra chuvas abaixo da normal

No momento, levando em conta apenas os primeiros quinze dias deste mês, as chuvas de fevereiro no Ceará encontram-se abaixo da normalidade, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

A média histórica para o mês é de 121,3 milímetros e os dados preliminares apontam um acumulado de 79,2 mm até o momento. As macrorregiões também apresentaram desvios negativos, porém, o Cariri e o Litoral de Fortaleza estão, parcialmente, dentro da faixa de normalidade.

De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o açude Germinal, localizado em Pacoti, é o único do Estado que está vertendo neste momento, passando o volume total de 2,11 milhões de m³.

Apenas mais um está com mais de 90% da capacidade: Caldeirões, em Saboeiro. Além disso, o açude Junco, em Granjeiro, está com 89,99% de sua capacidade máxima de 2 milhões de m³. Segundo o órgão, todas as macrorregiões do Ceará seguem com condições favoráveis de chuvas isoladas durante este fim de semana. As precipitações devem ocorrer entre a madrugada e a manhã na faixa litorânea e entre a tarde e a noite nas macrorregiões interioranas.

A causa do cenário de chuvas são as áreas de instabilidade vindas do Oceano Atlântico, do leste da Região Nordeste do Brasil, assim como a interação dos ventos com o relevo, o calor e a umidade. 

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