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Chuvas em Fortaleza: ocorrências da Defesa Civil aumentaram 462% em fevereiro
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Chuvas em Fortaleza: ocorrências da Defesa Civil aumentaram 462% em fevereiro

Uma mulher de 67 foi atingida pela queda de um muro e morreu, menos de 10 dias após um homem também vir a óbito em um desabamento durante fortes chuvas em Fortaleza
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Local foi interditado para trabalho das forças de segurança (Foto: VIA WHATS APP OPOVO)
Foto: VIA WHATS APP OPOVO Local foi interditado para trabalho das forças de segurança

Mais uma morte em decorrência de desabamento registrado em Fortaleza durante a ocorrência das chuvas. Menos de 10 dias após um homem ser atingido e morrer por causa do desabamento de duas casas no bairro Cais do Porto, uma mulher de 67 anos foi a óbito ontem, 26, ao ser atingida pela queda de um muro que pertence à um equipamento público municipal. Entre janeiro e fevereiro, mês que dá início à quadra chuvosa no Ceará, os atendimentos feitos pela Defesa Civil aumentaram 462%, com os casos de desabamento passando de oito para 43, enquanto as ocorrências de risco de desabamento foram de 52 para 197.

Apesar do aumento nos números, a Prefeitura de Fortaleza não tem ações preventivas sistêmicas para os riscos estruturais que os imóveis apresentam. O foco é na limpeza dos recursos hídricos, que já somam 311 intervenções, além de drenagem e pavimentação. De acordo com o titular da Secretaria Municipal da Gestão (Seger), Ferrucio Feitosa, nas ocorrências estruturais, a atuação efetiva fica a cargo da Defesa Civil, que identifica os casos e tem o papel de sinalizar para a importância da desocupação, em caso de riscos. "Não podemos obrigar nada, porque são imóveis privados", afirma. 

A morte da Maria Salete Braga, 67, ontem, aconteceu quando o muro do Centro Social Urbano (CSU) do Conjunto Ceará caiu em cima dela. O local é, inclusive, sinalizado para travessia de pedestres. O equipamento foi construído na época da ditadura militar, entre as décadas de 1970 e 1980, e pelo menos desde 2011 está com condições estruturais precárias. Atualmente, de acordo com a Prefeitura de Fortaleza, responsável pelo CSU, uma obra está sendo executada no local, mas sem prazos para conclusão. 

Ferrucio aponta que a ocorrência derivou "de um caso de força maior" e que, com as chuvas, raios e os ventos fortes registrados ontem, algumas árvores caíram em cima do muro, que não suportou o peso. "Trata-se de um caso que foge do controle, infelizmente a senhora estava descendo do ônibus naquele momento". Ele garantiu que a Prefeitura está dando todo apoio à família da vítima. 

Sobre o desabamento no Cais do Porto, o secretário destacou a rapidez com que equipes técnicas chegaram ao local e o apoio oferecido. "Mas era o caso onde a pessoa tinha uma construção com falhas estruturais e não passou pela manutenção preventiva".

Também em fevereiro, uma casa da comunidade Poço da Draga, na Praia de Iracema, desabou, deixando uma mulher ferida e desabrigada, além de provocar a interdição de outras residências.

Até o fim da tarde de ontem, 155 dos 183 municípios cearenses monitorados tiveram chuva, sendo o maior registro em Maranguape, com 195 mm,  seguido de Chorozinho, com 139 mm e São Gonçalo do Amarante, que registrou 118 mm. Em Fortaleza, de acordo com o Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o maior registro foi no posto Caça e Pesca, com 69 mm. Em fevereiro, a Capital registrou chuvas em 21 dias. 

Durante a precipitação de ontem em Fortaleza, houve ainda árvores caídas - em pelo menos cinco pontos - oscilação de energia em diversos bairros e, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, quatro voos foram cancelados e oito foram alterados devido às condições climáticas. 

 

 

 

 

 

 

 

Registros

Janeiro:
3 alagamentos, 8 desabamentos, 8 incêndios e 52 riscos de desabamento

Fevereiro:
99 alagamentos, 43 desabamentos, 5 incêndios,
36 inundações, 197 riscos de desabamento e
12 solapamento

Maiores acumulados

Maranguape

(Posto: Fazenda Columinjuba):

195 mm

Chorozinho

(Posto: Chorozinho):

139.6 mm

São Gonçalo do Amarante

(Posto: Santo Amaro):

118 mm

Eusébio

(Posto: Sede):

111 mm

Horizonte

(Posto: Sede):

108 mm

Maranguape

(Posto: Vicosa 1):

102.4 mm

Caucaia

(Posto: Sede):

102.1 mm

Ocara

(Posto: Serragem):

101 mm

Maranguape

(Posto: Vicosa 2)

94.4 mm

Maranguape

(Posto: Sede):

91 mm

Fonte: Funceme

FORTALEZA, CE, BRASIL, 21-04-2013: Vista de raios e prédios na madrugada, durante chuva na cidade. Raios em Fortaleza, cidade registra a maior chuva do ano, 62mm. (Foto: Fco Fontenele/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 21-04-2013: Vista de raios e prédios na madrugada, durante chuva na cidade. Raios em Fortaleza, cidade registra a maior chuva do ano, 62mm. (Foto: Fco Fontenele/O POVO)

Ceará registra mais de 63 mil raios em 2024

O Ceará registrou até segunda-feira passada, 26, um total de 63.992 raios de acordo com dados divulgados pela Enel Distribuição Ceará. As ocorrências foram registradas pelo Sistema de Monitoramento e Alerta da companhia, que monitora e contabiliza as ocorrências de descargas atmosféricas no Estado. Da meia noite do dia 25, a manhã do dia 26, foram registradas cerca de 3.500 raios, segundo informações repassadas pela empresa de energia.

Até a presente data, os municípios mais atingidos por raios foram Jaguaretama (2.447), Acopiara (2.237), Santa Quitéria (2.212), Granja (2.086) e Mauriti (1.787). Já em relação às macrorregiões do Estado, a Cariri, Vale do Jaguaribe e Centro-Sul lideram os registros de descargas.

O Cariri registrou 13.070 de raios em 2024, o que representa sozinho mais de 20% do total de raios  no Estado. Seguindo a região caririense temos o Vale do Jaguaribe (10.114), Centro-Sul (10.032), Sertão de Crateús (5.651) e Sertão de Sobral (5.078).

O maior registro de descargas em um único dia em 2024, ocorreu no dia 12 de janeiro, onde foram contabilizados um total de 14.159 raios.

Ano passado, a Enel contabilizou um aumento de 70% na quantidade de descargas no Estado, com um total de 306.789 descargas. A dado revela um aumento contínuo em relação aos anos de 2021 e 2022, quando foram registrados 97.795 e 183.428 respectivamente.

Monitoramento

O Sistema de Monitoramento de Alerta, contabiliza chuvas, ventos fortes, queimadas e descargas atmosféricas, possibilitando que técnicos e engenheiros da Enel monitorem em tempo real as possíveis ocorrências, facilitando o deslocamento das equipes e a atuação de maneira mais assertiva na mitigação de desastres.

O monitoramento é feito durante 24 por dia por observações de satélite, no Centro de Controle do Sistema (CCS), emitindo boletins diários sobre as condições meteorológicas no Estado, com o objetivo de mitigar danos causados por eventos climáticos.

Prevenção de acidentes

Conforme informações repassadas pela ENEL, a companhia alerta sobre os cuidados que devem ser seguidos pela população durante os eventos de tempestades.

Cuidados dentro de casa durante tempestade

•Evitar o uso de aparelhos conectados à tomada, como celulares, tablets, ferro elétrico etc.;
•Evitar uso de chuveiro ou torneira elétrica;
•Evitar consertos de instalações elétricas;
•Se possível, permanecer dentro de casa enquanto a tempestade durar.

Cuidados fora de casa durante tempestade

•Evitar contato com objetos metálicos, como cercas de arame, tubos metálicos e principalmente linhas telefônicas ou elétricas;
•Evitar estar em locais como campos abertos, piscinas, lagos, praias, árvores isoladas, postes e locais elevados.

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