A Polícia Civil anunciou nesta quarta-feira, 6, a prisão de mais quatro suspeitos de envolvimento na chacina que deixou quatro mortos em 17 de fevereiro passado, em Aracoiaba (Maciço do Baturité). Com as prisões realizadas nessa terça, e quarta-feira, 5 e 6, são agora 10 capturados pela matança, sendo nove maiores de idade e um adolescente.
As prisões mais recentes ocorreram em Baturité (município vizinho a Aracoiaba), Paracuru (Região Metropolitana de Fortaleza) e no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza.
Conforme o delegado Eduardo Menezes, titular da Delegacia Municipal de Aracoiaba, os homens presos em Paracuru e no Vicente Pinzón seriam mandantes do crime, “atuando decisivamente para arregimentar as pessoas que praticaram as ações”.
Um dos presos em Baturité também é apontado como mandante, enquanto o outro tinha como função guardar armas, drogas e valores da organização criminosa, disse o delegado. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados; eles têm 18, 27, 28 e 35 anos, divulgou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).
Ainda conforme Menezes, a chacina começou a ser planejada após uma tentativa de homicídio contra um dos chefes da facção que atua em Baturité. “A partir disso, enfurecidos, querendo vingar-se de qualquer jeito, eles se organizaram para fazer o revide seis dias depois".
A investigação mostrou que apenas um dos mortos era o alvo da ação criminosa, já que ele teria proximidade com integrantes da facção rival — o delegado optou por não dizer quem seria essa pessoa.
Menezes ainda afirmou que não é possível dizer com precisão quantas pessoas executaram a chacina, já que o local onde o crime ocorreu, além de ermo, estava bastante escuro.
No momento da matança, tocava músicas com apologia a grupos criminosos, descreveu o delegado, o que pode ter reforçado o entendimento para os criminosos de que as vítimas tinham alguma relação com os rivais — o que não foi comprovado.
“O crime foi motivado pela disputa pelo tráfico de drogas, não se tem informações que conduzam a outro entendimento”, diz Eduardo Menezes. “Aracoiaba e Baturité têm presença de criminosos rivais e, por isso, a disputa vem há anos. Essa foi mais uma ação (dessa disputa)”.
As prisões ocorreram por força de mandado de prisão temporária, cujo prazo é de 30 dias, podendo ser renovado por mais 30. Esse deve ser o tempo suficiente para concluir as investigações, afirmou o delegado. Os trabalhos continuam para identificar outros suspeitos.
Como O POVO mostrou em 20 de fevereiro, os criminosos que praticaram a chacina são integrantes da facção Guardiões do Estado (GDE), que atua em Baturité. Em Acopiara, age o Comando Vermelho (CV).
Os criminosos chegaram a registrar em vídeo o momento em que realizaram a chacina. Na gravação, que conta com uma edição que faz apologia à GDE, um dos executores aponta uma arma para uma das vítimas.
O registro permitiu a identificação de um dos suspeitos do crime. Na casa de Antônio Carlos Vinicius da Silva Passos, o “Burrego”, a Polícia encontrou o relógio que seria usado pelo homem que aparece nas imagens.
Foram mortos na chacina: Mateus da Silva Bezerra, de 25 anos; Antônio Perecles Monteiro Ricardo, conhecido como “Pequim”, de 48 anos; Kennedy Guedes da Silva, conhecido como “Galego”, de 36 anos; e João Pedro Ricardo da Silva, de 24 anos.