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Ceará fecha 2023 com 86.912 cirurgias eletivas realizadas, alta de 18%
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Ceará fecha 2023 com 86.912 cirurgias eletivas realizadas, alta de 18%

Audiência pública apresentou balanço de cirurgias eletivas realizadas no Estado. O debate destacou a necessidade de ações para atender às demandas dos municípios
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Imagem de apoio ilustrativo. Audiência pública foi realizada no MPCE e apresentou dados sobre as cirurgias realizadas e o andamento da fila no Ceará (Foto: Divulgação/Secretária da Saude do Estado do Ceará)
Foto: Divulgação/Secretária da Saude do Estado do Ceará Imagem de apoio ilustrativo. Audiência pública foi realizada no MPCE e apresentou dados sobre as cirurgias realizadas e o andamento da fila no Ceará

Foram realizadas 86.912 cirurgias eletivas no Ceará no ano passado. O número representa alta de 18% ante 2022, quando 73.750 procedimentos foram realizados. O número foi apresentado pela coordenadora de Telessaúde e Fila Cirúrgica da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), médica Melissa Medeiros, durante audiência pública ontem na sede do Ministério Público do Estado (MPCE), em Fortaleza.

Atualmente, dos 68.107 procedimentos da fila congelada em janeiro de 2023, 47.047 pessoas foram qualificadas — ou seja, são pacientes que não precisam mais do procedimento ou já realizaram a cirurgia —, tendo sido retirados da fila . Outros 3.482 pacientes estavam em processo de qualificação e 17.578 pessoas esperavam para realizar o procedimento. Além disso, 31.800 novas pessoas entraram na fila no ano passado.

“Hoje, a fila é bem menor que a do ano passado. Ela é uma fila que ainda tem erros, mas que está muito mais próxima do real e do que já foi no passado”, analisa Melissa Medeiros.

Segundo os dados apresentados na audiência, as unidades que realizaram mais procedimentos no Ceará foram o hospital Haroldo Juaçaba, em Fortaleza, com 4.998 cirurgias, seguido da Associação Beneficiente Médica Pajuçara, em Maracanaú, com 4.891, e o hospital estadual Leonardo da Vinci, em Fortaleza, com 4.601.

Outro dado explorado durante a audiência foi a taxa de absentismo de pacientes marcados para a realização de cirurgias eletivas no Ceará, que chegou a 30% em 2023. 

De acordo com a médica Melissa Medeiros, em alguns casos as unidades chegaram a contratar equipes para realizar os procedimentos, porém, ela precisava ser cancelada devido à abstenção do paciente/família.

“Muitos hospitais, inclusive no Interior, contratavam equipes profissionais que iam realizar aquelas cirurgias, e a gente tinha um absenteísmo grande”, destaca.

Segundo a nota técnica divulgada pela Sesa neste ano, a fila de cirurgias segue dois parâmetros: a classificação cronológica — o tempo em que o paciente espera na fila —; e o critério SWLAIS, sistema de classificação que atribui critérios de prioridade a partir da gravidade do estado clínico do paciente e o máximo tempo de espera aceitável.

“Não é uma fila única. É uma malha de filas, composta por cada fila de procedimentos. São classificadas por sua categoria cronológica e categoria de SWALIS e direcionadas de acordo com a geolocalização”, explicou a coordenadora.

Além da apresentação do balanço de procedimentos, incluindo apresentação de comparativos entre os números do período de 2018 a 2023, a audiência pública contou com um debate sobre o cenário de realização de cirurgias no Ceará, abordando a transparência, a efetividade e o andamento da fila.

Participaram integrantes do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE), das Defensorias Públicas do Estado (DPCE) e da União (DPU), do Conselho Estadual de Saúde e da Controladoria Geral da União (CGU).

Um dos pontos enfatizados pelos participantes é que as filas não foram feitas para serem zeradas, porém há a necessidade de ações que reduzam o tempo de espera dos pacientes.

Fernando Menescal, superintendente da CGU no Ceará, considerou que o mais importante é compreender a demanda existente e a capacidade operacional de cada cidade. “Se pensa muito em redução de fila, isso nos traz a sensação de que estamos falando de algo pontual, mas isso não vai acabar. O problema não é reduzir fila, o problema é nós ampliarmos o acesso, de forma de que se consiga atender a uma determinada demanda. Mais relevante do que conhecermos o tamanho de uma fila, é nós conhecermos a demanda que existe pela realização de cirurgia e conhecer a capacidade operacional dos municípios para atender a essa demanda”, disse.

A coordenadora Melissa Medeiros também pontuou que, mesmo com os recursos financeiros recebidos, é necessário levar em conta a capacidade das unidades hospitalares e o número de profissionais. “A gente precisa entender que o problema não é simplesmente financeiro. Não é simplesmente quanto eu aloco financeiramente, se você não tem capacidade instalada ou profissionais adequados.”

Melissa também apontou a importância de captar e capacitar profissionais para a execução de cirurgias nas áreas onde a demanda é maior. “O Governo do Ceará deve estar anunciando, nesta semana, um processo em que a gente consiga captar mais profissionais, principalmente em áreas de cirurgias mais difíceis, que é a traumato-ortopedia. A gente tem uma deficiência, o Interior sofre muito com isso. Se a gente tem uma demanda de determinadas cirurgias, a gente precisa preparar mais profissionais para essa área”, afirmou.

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