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Cartilha orienta sobre prevenção à violência em escolas no Ceará
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Cartilha orienta sobre prevenção à violência em escolas no Ceará

Evento de lançamento contou com a presença da comunidade escolar, representantes de órgãos, coletivos e estudantes
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ESTUDANTES Gabriele Martins e Isabel Loiola participaram do lançamento (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal ESTUDANTES Gabriele Martins e Isabel Loiola participaram do lançamento

Para intensificar a atuação da comunidade escolar no combate à violência contra crianças e adolescentes, foi lançado, ontem, 12, o “Caderno de Orientações Metodológicas”, elaborado em uma parceria do Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). O lançamento do documento foi realizado na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Helenita Mota, no bairro Cais do Porto, em Fortaleza. 

Com a Lei Estadual 13.230, de 2002, que foi alterada pela Lei Estadual nº 17.253, de 29 de Julho de 2020, foi instituída a criação das Comissões de Proteção e Prevenção à Violência (CPPE) contra crianças e adolescentes da rede pública e privada do Ceará. 

Segundo Betânia Gomes, orientadora da Célula de Mediação, Cultura de Paz e Justiça Restaurativa da Seduc, o caderno contribuirá para o funcionamento dessas comissões. “É uma cartilha que traz orientações importantes para o funcionamento das comissões, para a construção do plano de prevenção às violências, para o monitoramento das ações que a escola se propõe a fazer. Essa cartilha vai trazer esse viés orientativo e indiscutivelmente dar subsídios para escola fortalecer a atuação da comissão com toda a comunidade escolar”, aponta.

O deputado estadual Renato Roseno (Psol), relator do Comitê de Prevenção e Combate à Violência, afirma que, a partir dos cadernos, a escola pode criar uma cultura de entendimento da violência que acontece no entorno, na família e dentro da própria escola. “A comissão percebe, previne e notifica quando a violência aconteceu, tem o papel de proteger a criança, a vítima. Isso é muito importante, porque isso também permite que aquele professor tenha um suporte. Se ele, por ventura, teve uma notícia ou percebeu uma situação de violência, há um suporte a ele. Não basta instalar, precisa funcionar”, explica.

O Caderno de Orientações é voltado a apoiar as escolas e fortalecer os trabalhos dos integrantes das comissões de cada escola. Segundo o documento, o texto busca passar orientações metodológicas com o objetivo de tornar a escola um espaço onde o aluno se sinta protegido. 

O presidente do Instituto TdH, Renato Pedrosa, considera que, além da criação das comissões, o importante é colocá-las em prática de forma efetiva. “É muito importante não só criar as comissões, mas também fazer com que ela aconteça, que efetivamente proteja, previna e interrompa um ciclo de violência que muitas vezes acontece nas escolas”, destaca.

As estudantes Gabriele Martins e Isabel Loiola, integrantes do Coletivo Revide, enfatizaram a importância da iniciativa, principalmente por causa da violência vivenciada por parte dos estudantes, e apontaram que a insegurança já chegou a desmotivar alunos.

“Esse novo projeto é muito importante, porque a gente vê que nas escolas a gente não tem muita segurança. Os alunos já sentem que não é um local onde eles se sentem confortáveis de ir”, relatam.

Caderno de orientações: o que diz o documento

O texto aborda, inicialmente, a importância do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDA), apresentando os órgãos e as instituições que atuam nessa integração.

O documento também inclui partes em que aponta a prevenção, abordando o protagonismo juvenil e o diálogo na construção da paz, proteção, com a identificação de sinais de violência, acolhimento e escuta empática, por exemplo, e monitoramento.

Um dos pontos abordados pelo caderno é o enfrentamento ao abuso sexual. O presidente da TdH, Renato Pedrosa, afirma que a discussão dessa temática é importante para que os integrantes da comunidade escolar possam perceber os sinais desse tipo de violência e intervir.

“Muitas vezes, a pauta chega na escola. Os professores e a comunidade escolar saberem o que é um abuso e, principalmente, que sinais desse abuso estão aparecendo para poder intervir e interromper o ciclo da violência [...] Então, é nessa perspectiva que o projeto se insere, mas, é claro, com todo cuidado, com todo respeito, porque é uma temática sensível também”, disse.

Elaboração do Caderno de Orientações

De acordo com o presidente do Instituto TdH, Renato Pedrosa, o caderno foi elaborado por dois anos e levou em conta as experiências vivenciadas nas escolas. “É um caderno que foi feito com base em um trabalho que a gente acompanha nas escolas. É o que tem de mais atualizado nesse campo da prevenção das violências nas escolas. A ideia é que as escolas possam compreender como elaborar o plano de prevenção das violências nas escolas, como incluir os jovens nesse processo e também monitorar”, relatou.

Atualmente, o Instituto acompanha oito escolas estaduais e municipais de forma direta, localizadas no Grande Bom Jardim, como a Escola Municipal Professora Lireda Facó, Escola Municipal Catarina Lima da Silva e Escola Estadual Júlia Alves Pessoa, além da Escola Estadual Maria Thomásia.

O instituto também atua no Grande Mucuripe: Escola Municipal Maria Felício Lopes, Escola Municipal Godofredo de Castro Filho, Escola Estadual Helenita Mota e na Escola Estadual Bárbara de Alencar.

Segundo a assessora técnica do TdH, Evelyne Lima, os trabalhos nas unidades incluem metodologias aplicadas com estudantes, famílias, professores e a gestão e envolvem roda de conversa, círculo de construção de paz, oficinas cine debate.

Para além das unidades escolares que já são acompanhadas pelo Instituto, todas as escolas do estado do Ceará receberão o Caderno de Orientações Metodológicas.

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