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Populações quilombola e indígena no Ceará são mais jovens do que população total, diz Censo 2022
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Populações quilombola e indígena no Ceará são mais jovens do que população total, diz Censo 2022

Conforme o levantamento, 49% da população quilombola no Estado correspondia ao grupo etário abaixo de 29 anos de idade. É a primeira vez que quilombolas são retratados nas estatísticas oficiais
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Territórios quilombolas têm predominância de jovens no Brasil e no Ceará (Foto: Alex Rodrigues/Agência Brasil)
Foto: Alex Rodrigues/Agência Brasil Territórios quilombolas têm predominância de jovens no Brasil e no Ceará

As populações quilombola e indígena são mais jovens do que a população total do Ceará. No Estado, 47,2% dos indígenas têm menos de 30 anos de idade e 49,05% da população quilombola se concentra no grupo abaixo de 29 anos de idade. Considerando toda a população do Ceará, 44,0% se concentra nessa faixa. Dados segue tendência nacional.

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As informações fazem parte da divulgação Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população quilombola está sendo retratada pela primeira vez nas estatísticas oficiais.

A população quilombola residente no Ceará é de 23.994 pessoas, correspondendo a 0,27% da população total do Estado. No caso dos indígenas, são 56.372 pessoas, o que equivale a 0,64% dos residentes. 

Quilombolas no Ceará: 49% da população tem até 29 anos

No Estado, a cidade que concentra a maior quantidade de pessoas quilombolas é Caucaia, com 2.615
pessoas quilombolas. Município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) concentra 10,9% da população quilombola cearense. Em seguida, seguem Horizonte, também na RMF, com 2.290 pessoas (9,5%) e a cidade de Salitre, localizado no Sul do Estado, com 1.804 pessoas (7,5%).

Levantamento destaca que o grupo etário com maior peso relativo é o de 15 a 29 anos de idade, com 25,34%, seguido do grupo de zero a 14 anos de idade, com 23,71%, e do grupo de 30 a 44 anos de idade com 21,99%. 

Censo 2022 também revela que a população quilombola apresenta um perfil mais jovem quando reside dentro de Territórios Quilombolas oficialmente delimitados, do que quando está fora deles. 

João Luis Joventino do Nascimento, conhecido como João do Cumbe, quilombola do Cumbe, doutorando em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), os dados "chegam em um momento importante para avançar com as pautas da população quilombola uma vez que a essa população era invisibilizada". 

"Só tem política pública se tiver pesquisa. Pena que está chegando atrasado, mas antes tarde do que nunca", avalia destacando a pauta da regularização e titulação dos territórios quilombolas. Segundo o pesquisador quilombola, "muitos municípios negam a nossa existência e desconhecem a legislação nacional e internacional da autodefinição: quem diz que eu sou, sou eu". 

"Na História do Brasil e do Ceará, para os nossos antepassados poderem sobreviver, em determinado período, eles tiveram que negar sua identidade para não serem mortos. Hoje, estamos em um processo diferente, para existir em nossos territórios, temos que reafirmar essa identidade quilombola", detalha João do Cumbe, que é defensor de direitos humanos, educador popular e ambientalista.

Ceará é o novo estado do Brasil com maior número de pessoas indígenas

Segundo o Censo 2022, o Ceará tem 56.372 pessoas indígenas - correspondendo a 0,64% da
população total levantada pelo Censo Demográfico 2022 -, sendo o quarto estado do Nordeste com
maior número, atrás da Bahia (229.443) e de Pernambuco (106.646) e do Maranhão (57.166). No
Brasil, o estado fica na nona posição com maior número de indígenas.

Entre os municípios cearenses, Caucaia é o que possui mais pessoas indígenas (17.628 - concentrando quase da população indígena do Estado), em seguida estão Itarema (5.117 – 9,1%), Maracanaú (5.111 – 9,1%) e a capital Fortaleza (4.962 – 8,8%).

Dados nacionais do Censo 2022

Em 2022, a idade mediana dos quilombolas era de 31 anos. Os indígenas apresentam uma idade mediana de 25 anos, dez anos abaixo da idade mediana da população residente no Brasil. 

Verifica-se que 56,10% dos indígenas têm menos de 30 anos de idade, enquanto a população residente do Brasil tem 42,07% da população nessa faixa. Por outro lado, 10,65% da população indígena tem 60 anos ou mais, enquanto essa faixa de idade representa 15,81% da população residente do País.

Pouco menos da metade (48,44%) da população quilombola tinha até 29 anos de idade, com o maior percentual no grupo de 15 a 29 anos de idade (24,75%), seguido do grupo de zero a 14 anos de idade (23,69%) e do grupo de 30 a 44 anos de idade (21,92%).

No País, população também mantém perfil mais jovem

As populações quilombolas possuem perfil mais jovem do que o observado na população total do Brasil. Além disso, nos territórios quilombolas, a presença dos homens ocorre em proporção bem mais elevada do que a média geral do País. Informações relacionadas com a idade e o sexo dos quilombolas mapeados no Censo 2022 foram divulgadas ontem IBGE.

É a primeira vez que um Censo Demográfico trouxe dados específicos sobre essas populações.

Os dados etários mostram que 48,44% dos quilombolas têm 29 anos ou menos e 38,53% situam-se na faixa etária entre 30 e 59 anos. Os idosos com 60 anos ou mais representam 13,03%.

Um dos principais dados que revelam o perfil mais jovem das populações quilombolas é a idade mediana. Ela divide ao meio a população: quanto mais baixa, significa que há uma maior proporção do jovens.

No caso da população geral do País, o Censo 2022 mostrou uma mediana de 35 anos. Já entre os quilombolas, ela foi de 31 anos. Quando se considera apenas os residentes em territórios quilombolas delimitados, a mediana cai para 28, o que indica um perfil populacional ainda mais jovem.

Pesquisadores do IBGE citam elementos culturais e condições favoráveis para que essas populações sigam abrigando famílias mais numerosas dentro dos territórios. Um dos fatores seria a vida comunitária, que permitira, por exemplo, um maior apoio no cuidado com os filhos. (Agencia Brasil)

Quilombolas e indígenas

No Ceará, a razão de sexo da população residente é de 93,8. No caso da população quilombola,

a razão de sexo (100,4) é superior, indicando que para cada 100 homens quilombolas foram identificadas 100 mulheres quilombolas.

Os resultados gerais divulgados pelo IBGE no ano passado revelaram a existência de 1.330.186 quilombolas, o que representa 0,66% de todos os residentes no País.

Os dados também mostraram que essas populações estão distribuídas por 1,7 mil municípios. A Região Nordeste concentra 68,1% de todos os quilombolas do País.

De acordo com o Censo 2022, o Brasil possui 94,25 homens para cada 100 mulheres. Mas quando se observa o recorte apenas da população quilombola, há 100,08 homens para cada 100 mulheres. Considerando apenas os residentes em territórios quilombolas delimitados, esse proporção aumenta ainda mais: 105,89 homens para cada
100 mulheres

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