A taxa de analfabetismo caiu no Ceará, de acordo com o Censo Demográfico de 2022. Há 12 anos, 18,78% dos cearenses a partir de 15 anos não sabiam ler ou escrever. Isso correspondia a mais de 1,1 milhão de pessoas. Já em 2022, a taxa era de 14,12%, ou 987.209 pessoas.
A queda na proporção de pessoas não alfabetizadas é uma tendência observada desde o Censo de 1991. No entanto, o Estado continua na mesma posição há 33 anos, com a quinta maior taxa de analfabetismo quando comparado às outras unidades federativas. A taxa é superada em Alagoas (17,66%), Piauí (17,23%), Paraíba (15,96%) e Maranhão (15,05%).
Dos 184 municípios cearenses, 117 têm pelo menos 20% da população com 15 anos ou mais analfabeta. Nesse cenário, em 63,5% das cidades do Ceará, ao menos um quinto dos residentes não sabem ler e escrever. Quixelô, no Centro Sul, é o município com maior taxa de analfabetismo do Estado (29,12%). Ele é seguido por Granja (28,99%), Aiuaba (28,34%), Salitre (28,15%) e Barroquinha (27,79%).
Em Fortaleza, a taxa é de 5,62%. A Capital tem a menor porcentagem de residentes com mais de 15 anos que não sabem ler ou escrever. Eusébio (5,89%), Maracanaú (7,21%), Caucaia (8,42%) e Pacatuba (8,63%) também têm taxas de analfabetismo entre as mais baixas.
Apesar de todas as faixas etárias registrarem redução, o grupo mais jovem de 15 a 19 anos atingiu a menor taxa de analfabetismo (1,9%) e o grupo de 65 anos ou mais permaneceu aquele com a maior taxa de analfabetismo (39,7%).
Para Maria José Barbosa, professora e coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização da Universidade Federal do Ceará (UFC), as políticas educacionais têm sucesso entre os alunos mais jovens, mas esquecem os idosos.
“Essas pessoas ficam cerceadas da política de educação. Não temos nenhuma política direcionada a adultos. Então, os idosos vão ficar analfabetos, vão morrer analfabetos, não existe essa preocupação. É uma forma de segregar essa população e tornar invisível na sociedade. As repercussões são as piores possíveis.”, afirma.
A professora explica que os idosos analfabetos são marginalizados de oportunidades de trabalho, de políticas sociais, têm dificuldade de acessar informações nutricionais e bulas de medicamentos, além de serem excluídos das novas tecnologias. Não saber ler ou escrever causa ainda dependência em outros membros da família para atividades básicas, como ir ao banco.
O Censo Demográfico considerou como pessoa alfabetizada aquela que sabe ler ou escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece, independente de estar ou não na escola ou de já ter concluído períodos letivos.
Maria acredita que boa parte dos idosos alfabetizados ainda estão apenas nesse nível de leitura e escrita. “Quando eu digo que a pessoa apenas consegue ler o bilhete, estou dizendo que essa pessoa desconhece o uso da escrita. Ela sabe ler até onde a compreensão dela abarca, desse ensino que foi tão mecânico ao se limitar ao som das letras e a desenhar palavras. A falta do letramento isola as pessoas”, afirma. (Colaborou Ana Rute Ramires)
Indígenas
A taxa de alfabetização das pessoas indígenas - incluindo as que se consideram indígenas pelo critério de pertencimento -, foi 85% em 2022. De 2010 para 2022, a taxa de analfabetismo dessa população caiu de 23,4% para 15,1%.
Números do Ceará
10 municípios cearenses com maiores taxas de analfabetismo
Quixelô - 29,12%
Granja - 28,99%
Aiuaba - 28,34%
Salitre - 28,15%
Barroquinha - 27,79%
Saboeiro - 27,7%
Acopiara - 27,27%
Novo Oriente - 27,07%
Araripe - 26,83%
Tarrafas - 26,69%
Queda na taxa de analfabetismo no Ceará em três décadas
1991 - 37,4%
2000 - 26,5%
2010 - 18,8%
2022 - 14,1%
Fonte: IBGE-Censo 2022
Brasil tem taxa de 7% de analfabetismo
No Brasil, das 163 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 15 anos, 151,5 milhões sabem ler e escrever ao menos um bilhete simples e 11,4 milhões não têm essa habilidade mínima. Em números proporcionais, o resultado indica taxa de alfabetização em 93%, em 2022 e, consequentemente, a taxa de analfabetismo foi 7% do contingente populacional.
Os dados são do Censo Demográfico 2022 - Alfabetização: Resultados do universo, divulgado ontem (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IBGE, observa-se uma tendência de aumento da taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais ao longo dos censos. Em 1940, menos da metade da população era alfabetizada, 44,%. Após quatro décadas, em 1980, houve aumento de 30,5 pontos percentuais na taxa de alfabetização, passando para 74,5% e, finalmente, depois de mais quatro décadas, o País atingiu um percentual 93% em 2022, representando um aumento de 18,5 pontos percentuais em relação a 1980.
"A comparação dos resultados de 2000 com os de 2010 e os de 2022 indica que a queda na taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias, refletindo, principalmente, a expansão educacional, que universalizou o acesso ao ensino fundamental no início dos anos 1990, e a transição demográfica que substituiu gerações mais antigas e menos educadas por gerações mais novas e mais educadas", informa o instituto.
De acordo com os dados do IBGE, no ano de 2022, o grupo de 15 a 19 anos atingiu a menor taxa de analfabetismo (1,5%) e o grupo de 65 anos ou mais permaneceu com a maior taxa de analfabetismo (20,3%). (Agência Brasil)