O nível de água dos açudes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) após a quadra chuvosa de 2024 é suficiente para garantir o abastecimento por até cinco anos, conforme o presidente da Companhia de Gestão e Recursos Hídricos (Cogerh), Yuri Castro. No entanto, mesmo com o melhor aporte hídrico desde 2012, ainda há regiões do Ceará em alerta.
Yuri explica que os reservatórios da RMF terminaram o período chuvoso, que compreende o período entre fevereiro e maio, com 100% da capacidade preenchida. O sistema metropolitano é composto por cinco reservatórios principais: Pacoti, Riachão, Gavião, Pacajus e Aracoiaba. “Podemos dizer que a região está abastecida por três, quatro, até cinco anos sem nenhum problema”, afirma.
Além disso, o sistema também recebe águas do Castanhão, que também registra o melhor aporte desde 2014. Principal açude do Estado, o Catanhão começou a quadra deste ano com cerca de 24% do seu volume total e, atualmente, está com 36%.
Conforme a Cogerh, de uma forma geral, o Ceará está em uma situação "muito confortável" em relação aos aportes em bacias hidrográficas. As bacias hidrográficas da região litoral, por exemplo, também estão com 100% de armazenamento e podem abastecer os municípios por até três anos.
No Centro-Sul, o aporte pode garantir “tranquilidade” de abastecimento por até dois anos. Já a região dos Sertões de Crateús teve menor incidência de chuvas e os reservatórios chegaram a 25% da capacidade no fim de maio. "É uma bacia que a gente só tem água suficiente para este ano, os municípios não sofrerão neste ano, mas ano que vem já tem a preocupação, caso não tenhamos uma quadra chuvosa boa naquela região”, diz Yuri.
Yuri afirma que quatro cidades precisam receber ações de mitigação da seca de forma prioritária: Quiterianópolis, Milhã, Ibicuitinga e Itatira. Em Quiterianópolis e em Ibicuitinga, é preciso realizar a troca de adutoras feitas de forma emergencial por sistemas definitivos.
Milhã já será contemplada pelas obras do programa Malha D’água ainda em 2024, conforme o presidente. Em Itatira, também é necessária a construção de uma adutora. “Hoje o município é atendido apenas por poços, e poços não garantem abastecimento 100%”, explica.
Ainda não há previsão ou verba garantida para executar o planejamento nos municípios mais críticos.
Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a quadra chuvosa do Ceará, que ocorre entre fevereiro e maio, terminou acima da média em 2024. O estado registrou um total de 764 milímetros de chuva, o que representa um aumento de 25,4% em relação à média histórica de 609,2 milímetros para esse período.
Conforme Eduardo Sávio, presidente Funceme, ainda é possível que chuvas dispersas atinjam o Estado nos próximos meses, mesmo fora da quadra chuvosa. "O aquecimento do Atlântico ainda favorece a ocorrência de precipitação, mas ainda estamos elaborando a previsão exatamente para ter uma ideia do como é que vai ser o próximo trimestre", pontua.
Já para o período chuvoso do próximo ano, o presidente aponta que o Ceará apresenta tendência de receber influência do fenômeno oceânico La Niña. "O La Niña provoca um resfriamento no Atlântico Norte, o que, em geral, favorece nossas chuvas. Isso também será algo para se observar nos próximos anos", conclui.
Com informações da repórter Lara Vieira