Corrimãos das pontes de madeira e mobiliários urbanos, principalmente bancos de concreto, nas trilhas do Parque do Cocó, no bairro que dá nome ao parque, em Fortaleza, estão com as estruturas danificadas. As trilhas, localizadas dentro da Unidade de Conservação (UC), são uma das principais atrações do local e permitem o contato direto com bioma cearense. O POVO constatou a situação na quarta-feira passada, 19.
No interior do parque, existem oito pequenas pontes de madeira, que permitem a passagem sob as águas do rio Cocó e por demais trechos das trilhas, e um píer, localizadas entre a avenida Sebastião de Abreu e Engenheiro Santana Júnior.
Todos os equipamentos necessitam de restaurações pontuais ou modificações. As estruturas estão, ainda, com piso apodrecido e buracos, além disso, pelo menos quatro estruturas estão com corrimãos de madeira quebrados com partes pontiagudas expostas.
A situação é registrada duas semanas após o fim do período das chuvas no Estado, que encerrou no dia 31 de maio, com o acumulado acima da média esperada para o período deste ano e o melhor desde 2009.
Ao longo da quadra chuvosa, entre os meses de fevereiro a maio, o local chegou a ficar submerso pelas águas da chuva e sem condições de uso. O equipamento chegou a fechar no início do período chuvoso, em fevereiro.
Na época, a orientação da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema) era para que populares evitassem o local para segurança dos usuários e preservação do local.
Fora esse cenário, neste ano, as trilhas só foram fechadas temporariamente após um incêndio no parque, em janeiro, que atingiu dez hectares da Unidade de Conservação, sendo reaberto, posteriormente, durante o Carnaval.
Atualmente, a pouco menos de um mês para as férias escolares, não há uma previsão concreta do início de uma requalificação do local pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema), responsável pela conservação da unidade. Ao todo, o local possui mais de 2 quilômetros de trilhas interligadas e recebe populares para a prática de esportes e o contato com a natureza.
Diariamente, o aposentado Renavan Vidal, 68, caminha pela extensão da trilha e garante que, atualmente, a prática de exercícios físicos requer um pouco mais de atenção no local pela condição que as trilhas apresentam. “Bastante alagada e, algumas vezes, fica impraticável caminhar por aqui. Por conta das chuvas, as estruturas ficaram muito prejudicadas e chega a ficar arriscado pra gente”, disse.
O aposentado ainda revela que, há duas semanas, sofreu um acidente após escorregar no piso de madeira de uma das pontes. “As madeiras estão quebradas e o tênis suportou e eu escorreguei. É importante a manutenção para restaurar logo pelo menos as estruturas de acesso direto da trilha, o principal. Isso é que mais afeta a presença na trilha”, afirma.
O sentimento de insatisfação com o atual cenário das trilhas do Cocó também é compartilhado pela advogada Renata Parente, 43. Ela destaca, principalmente, o descarte irregular de lixo na unidade. “Eles tentam manter a estrutura conservada, mas essa parte de sustentabilidade fica a desejar. Às vezes, eu chego a recolher algumas garrafas, mas deveria ter uma ação de conscientização para não jogar os materiais”, destaca.
Procurada pelo O POVO, a Sema disse, em nota, nessa quarta-feira, 19, que a parte estrutural das trilhas, como os corrimãos, bancos de concreto e pontes, será recuperada por meio de uma empresa a ser contratada a partir de uma Ordem de Serviço ainda em processo de licitação. No entanto, não foi informado uma previsão para o início das atividades e reparo nas trilhas da Unidade de Conservação.
A pasta, no entanto, afirmou que a administração do local está trabalhando em reformas menores atualmente, visto que, antes, não era possível por conta das chuvas na Capital. “A recuperação do solo das trilhas já está sendo feita com o terreno seco. Não adianta fazer em período de inverno, pois as chuvas levam todo o material empregado”, disse.
Em relação à educação ambiental na unidade, o órgão diz que há ações de conscientização constantes com as comunidades do entorno e que também há ações de limpeza na região de três a quatro vezes por semana. “Há recolhimento e envio para reciclagem. A retirada de resíduos de dentro do rio é feita pelo Tenente Araújo, responsável pelo passeio de barco do rio Cocó”, afirma a pasta.
As trilhas do Parque do Cocó estão com o funcionamento normal apesar do cenário atual das estruturas. Todas as três trilhas: do Rio, Lagoa e a Principal, que possuem 135 metros, 530 metros e 1.350 metros, respectivamente, estão abertas para visitação do público das 5h30min às 17h30min, de terça-feira a domingo. Às segundas-feiras, os trajetos são fechados para o Plano de Manejo do Cocó, conforme orientação da Sema.
Além das trilhas, outra atividade para explicar a fauna e flora cearense na Unidade de Conservação é por meio de passeio de barco pelo rio Cocó. Os passeios ocorrem aos sábados, domingos e feriados, de 8 às 13 horas, e variam de 10 minutos a 2 horas.
Para realizar os passeios mais extensos, é necessário agendar com antecedência através do telefone (85) 98527 8216. Mais informações podem ser acessadas por meio dos perfis na rede social Instagram: @cocomeuxodo e @navegacao_coco. A Sema não informou se o funcionamento das trilhas podem ser afetadas em virtude das estruturas danificadas.